Parte 4

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— Como? — Franzi o cenho para ele, sem entender direito o que tinha dito.

— Comece a correr agora, era uma fada da lua! — Ele me olhou e vi que estava pálido e tremendo.

O brilho surgiu novamente, mas dessa vez bem em nossa frente. Eu virei automaticamente o rosto na direção da luz e me arrependi amargamente. Uma mulher de dois metros de altura brilhava. Ela nos olhava com dúvida, sua pele toda reluzia como se fosse um diamante no Sol, seus olhos estavam vermelhos e sua boca, lívida, aberta. Seus dentes eram grandes e pontudos, como se fossem de um tigre. Com as asas abertas e os pés descalços, ela rosnou em nossa direção, fazendo minhas pernas tremerem.

Começamos a correr e ela a voar em nossa direção. Ouvi outro rosnado e Yuri me jogou para o chão. Ela passou voando e parou na porta da hospedaria.

— Droga! — Yuri xingou. Ele direcionou a luz da lanterna para dentro da casa que estava ao nosso lado, a fada emitiu um grunhido e impulsionou seu corpo para frente. — Venha! — Ele me puxou para dentro da casa, e fechou a porta em seguida.

Ouvimos por uns dez minutos o som das unhas da fada arranhando a porta de madeira da casa que havíamos invadido, mas ela não tentou abrir a porta em nenhum momento. Não tínhamos encontrado as chaves e, no pânico, ficamos o tempo todo segurando a porta com nossos corpos.

— Acho que ela se foi — ele sussurrou, acendendo novamente a lanterna.

— Será que ela pegou os outros? — indaguei sussurrando.

— Não. Uma única fada não conseguiria fazer isso.

— Mas e se ela não for a única?

Ele fechou a cara e passou os olhos pela casa. Tudo estava arrumado, como se a pessoa que ali morasse tivesse saído e já voltasse. Ele se levantou e começou a caminhar, eu continuei sentada de costas para a porta, até que ele voltou com um molho de chaves nas mãos e a trancou.

— Mas e se os donos voltarem? — perguntei, levantando-me.

— Não acho que vão voltar ­— Yuri respondeu, sem virar-se para mim. Seus olhos percorriam a casa.

Meu coração se apertou.

— Venha! Vamos olhar pela casa, ver se encontramos algum vestígio que nos dê uma pista.

Olhamos por todos os cômodos e nada, parecia que a qualquer momento os donos da casa entrariam, mas ninguém apareceu. O Sol surgiu entre as colinas e a cidade continuou vazia.

— Como pode mais de duzentas pessoas desaparecerem assim? — perguntei, olhando pela janela.

Yuri apareceu por trás de mim e sentou ao meu lado. Ficamos observando a rua vazia por mais de meia hora. Estávamos cansados, com sono e com fome. Resolvi procurar algo na cozinha. Encontrei frutas, pães, frios, sucos e leite. Comemos em silêncio. Quando terminamos, Yuri levantou-se e tomou a liderança.

— Temos que achá-los. Vamos!

Levantei-me e o segui, afinal, ele era a única pessoa que eu tinha naquele momento, já que todos tinham sumido. Eu sabia que deveríamos ficar juntos e descobrir o que estava acontecendo.


Fadas da LuaOnde histórias criam vida. Descubra agora