Edith acordou em um quarto formoso que exibia paredes decoradas em branco, dourado e prata. Estava deitada em uma cama de cabeceira em formato circular, a qual exibindo opalas que brilhavam à luz das velas postas em candelabros de ouro. Vestia uma espécie de túnica que lhe proporcionava uma beleza maior, os cachos corriam soltos por suas costas. Sentia-se confortável e acreditava que talvez fosse este o propósito das vestimentas diferentes. Parecia uma deusa grega antiga.
Manchas roxas, azuis e avermelhadas se realçavam em sua pele branca e quando as tocava, amarelavam e então voltavam à sua cor. Observou a palma da mão, onde uma longa cicatriz exibia-se. O corte do vidro da janela. Seu corpo inteiro doía, ou seja, nada daquilo era um sonho. Estudando o quarto, percebeu uma janela alta e formosa e foi até ela. Podia ver a lua e as estrelas piscando atentas e um parque iluminado à direita. Alguém abriu a grande porta de carvalho, e a jovem virou-se ligeiramente, tendo uma pequena tontura.
Era o anjo louro que a havia defendido do tal Abbadon. Apesar de suas asas não estarem à mostra, Edith reconheceria aqueles lindos olhos safira em qualquer lugar do mundo. Ele a observou cauteloso e então sorriu. Não um sorriso falso, mas um espontâneo e contagioso. O anjo caminhou suavemente pelo cômodo de cor marmorizada.
— Estou feliz que esteja acordada — disse ele. Imagine só, um anjo salvo por uma mortal, apesar de ele ter achado irônico sendo o seu anjo protetor, não pôde deixar de admirar a coragem de Edith.
— O que... — Ela ia perguntar, mas não terminou a frase, esfregando os punhos nos olhos.
— Muita coisa aconteceu — Ele a fitou, compreensivo.
— Aconteceu mesmo? — perguntou ela, Grendow entendeu, seu olhar respondeu um sim e os olhos de Edith se encheram de lágrimas. Ele se aproximou. A dor no coração de Edith contagiava o dele.
— Perdi a única pessoa que eu tinha? — Grendow a abraçou sem responder. Deixou que ela chorasse. Edith desabou em lágrimas.
Apesar de nunca se aproximar de estranhos dessa forma, Edith estava abalada demais para afastá-lo. Por isso, não se mexeu para soltá-lo. Aquilo era forte, seguro. Era isso que ela precisava para não se perder. Ela acreditava no poder daqueles céus.
— Não, não pense assim, nem sua mãe, nem você estarão sozinhas — O anjo segurou seu rosto. Edith respirou fundo. A aura que ele emitia era calma, e ela foi respirando melhor apesar de tudo.
— Como você sabe que é ela? — Edith perguntou, se distanciando do corpo do louro — Como pode dizer que vai ficar bem se ela... se foi? — As duas últimas palavras saíram em um soluço.
— Você viu o que eu sou — disse ele.
— Como assim? — Ela estava ficando nervosa e confusa com tudo aquilo — O que é você? O que realmente aconteceu?
Edith queria mesmo que tudo não tivesse passado de um sonho, aquilo parecia que só tendia a piorar.
— Olha, você dormiu umas boas vinte horas, podemos conversar melhor depois. Está com fome? — perguntou ele, em voz baixa.
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Asas & Dentes | CONCLUÍDO
FantasyE quando você simplesmente não sabe em quem confiar? Quando todos ao seu redor escondem segredos obscuros? Edith acreditava que todos tinham seus segredos, mas alguns eram muito além do comum. Sabe-se que o destino sempre prega peças e em seu caso m...