Capítulo 14 - Cristopher

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Dois coelhos com uma cajadada só.

Além de decretar a ruína daquela insolente, eu ainda solucionei o sumiço da minha caneta. A minha família é muito tradicional e uma das heranças era uma caneta preta com ponta dourada. Além do valor, ela tinha um significado simbólico, era coisa de família.
Eu sempre a usava em compromissos mais importantes. Eu a guardava na primeira gaveta da minha mesa, no escritório. E quando não a encontrei entrei em desespero.
Como aquela menina teve a audácia de pegá-la?
Só poderia ser ela, foi a única suspeita que entrou na minha sala. Não hesitei e fiz uma ocorrência que simultaneamente resultou em sua prisão. Mas não encontraram a caneta.
Maldita!

Será que ela vendeu?
Ou será que está escondendo?
Me levanto da mesa, deixo o queijo em cima do prato. Pego o meu celular, para ligar para a delegacia mas antes que eu pudesse realizar a chamada, o meu pai estava ligando. E com muita insatisfação eu o atendo.

_Oi filho.

Corta essa, o que ele queria dessa vez?

_Seja objetivo. Eu não tenho tempo para enrolação.

_É sobre a caneta de família.

_Como o senhor sabe disso?

_As notícias correm.

_Eu fiz uma ocorrência e prenderam a minha antiga secretária. Com certeza foi ela, é a única suspeita.

_Mas a acharam? - Pergunta curioso

_Não mas não deve demorar. Eu só espero que ela não tenha vendido. Você sabe como esses negros são, qualquer coisa que veem levam para vender.

_Como assim tinha uma negra trabalhando no escritório? - Sua voz transparecia ira

E eu me xinguei por ter esquecido esse detalhe. Ele não sabia disso ainda.

_Foi somente uma experiência, eu não tinha a intenção de contratá-la.

_Mesmo assim. Você sujeitou os nossos a viver perto de uma negra suja. Você não aprendeu nada do que eu te ensinei? Eles são inferiores. E você não deve em hipótese alguma pensar que somos iguais, porquê não somos. - Enfatiza como fazia quando eu era criança

_Essa menina nunca mais irá nos incomodar.

_Eu acho bom.

_Eu preciso desligar. Eu tenho um compromisso importante.

_Está bem. - Desligo

Entro no meu carro, indo até a delegacia. O delegado é muito solicito e estava convicto que ela era culpada.

_Iremos revirar a casa inteira da moça mas encontraremos sua caneta.

_Ela não tem casa.

_O namorado dela veio mais cedo e disse que moravam juntos.

Namorado?

_Ela não tem namorado.

_Esta manhã um homem esteve na delegacia e disse que eles moram juntos. Eu presumi que eram namorados.

_Como era esse homem?

_Era alto, mais velho que ela, se vestia elegantemente. Ele estava com ela ontem, no hospital.

_Eles não são namorados. O Ricardo ainda não perdeu totalmente o juízo.

_Se não eram ainda, então serão. Ambos pareciam muito apaixonados.

Não, não é possível...

_Eu duvido que ele se submeta a tamanha estupidez.

_Eu devo confessar que ela é bonitinha. E deve ser muito fogosa. Admito que fiquei bastante tentado ontem na viatura, ainda mais com a roupa de hospital que ela usava. - Suas palavras me enojaram de uma forma inexplicável

O outro lado do amorOnde histórias criam vida. Descubra agora