Capítulo 30 - Cristopher

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Com a reforma no escritório, eu tive que vir mais cedo para casa. E me arrependi no momento em que abri a porta. Ouvi uma música e quando me aproximei da cozinha, ela estava lá. Dançando distraída com um short extremamente sexy enquanto limpava o armário. Fiquei um tempo a observando e ela sequer notou a minha presença. Comecei a me recordar daquele dia no quarto. Depois desse dia eu nunca mais tive uma noite tranquila. A minha memória ainda estava fresca, e vê-la assim fez com que toda a minha consciência fosse embora. Eu tentei me manter o mais distante possível todos esses dias, e ela também, e até funcionou. Mas hoje ia ser difícil. Sinto um incômodo na calça e eu tento me controlar.

Mas não deu muito certo após os acontecimentos seguintes. Desta vez eu não consegui me conter, mas ela foi firme.
Seu rosto quem o diga!
Meu subconsciente ironiza.
Eu me observo no espelho do banheiro e ainda tinha a marca de seus dedos. Ela não irá ceder, por mais que eu insista, ela não ia nunca mais me proporcionar aquele momento.

Depois de pensar há alguns dias atrás, eu cheguei a conclusão de que, se ninguém nunca soubesse eu poderia ficar com ela. Não fazia o meu tipo mas pelo visto é só por ela que o meu pau se agradou.
Duas cabeças para quê se nenhuma está raciocinando direito?
Eu só poderia estar louco!
Louco por ela, talvez!
Ou é só tesão acumulado. É uma experiência nova, com certeza o meu cérebro acha interessante.
Eu nunca fiquei com alguém como ela, então provavelmente é o meu corpo querendo experimentar algo diferente.

E por mais que eu lutasse com todas as minhas forças para não cair em tentação, tudo me levava à ela. Na maioria do tempo eu a desprezo e quando estou perto a desejo. Não consigo sentir repulsa, apenas a vejo como uma mulher extremamente sedutora.
Eu realmente estava disposto a deixar esse preconceito de lado, pelo menos até tê-la em meus braços, mas ela se recusou. Eu até tentei, mas não iria forçá-la. Eu não preciso disso. Por mais que o meu ego e orgulho estivessem feridos, eu não iria desistir.
Tomo um banho e me arrumo para o jantar. Desço as escadas e encontro tudo perfeitamente organizado. Mas ela havia ido embora.

Tranco o apartamento e dirijo até o restaurante. Entrego a chave ao manobrista e entro. A reserva estava feita e para a minha sorte o cliente já estava esperando.

_Boa noite, Senhor Magalhães.

_Boa noite, Senhor Silveira.

Mostro-lhe como funciona os honorários rapidamente. Ele queria contratar um advogado para entrar em sua causa. Ele estava com problemas com o antigo dono do terreno onde mantém a sua loja. Deixo cada tópico esclarecido e ele decide me contratar para a sua causa. Disse ter boas referências de mim, então achou a decisão mais sensata. Era uma causa rápida, não teria problemas e então eu aceito.
Enquanto conversávamos, o jantar era servido e começamos a comer em um clima agradável. Até que ela me veio à memória. Murmuro imediatamente e ele me olha estranhando a minha repentina mudança.

_Aconteceu alguma coisa? - Ele coloca o seu garfo de lado

_É um assunto particular... - Tento ser evasivo, mas ele insiste

_Se não tiver nada relacionado a mulher é fácil de solucionar esse problema. - Volta a comer

_Infelizmente é sobre uma mulher.

_Boa sorte, você irá precisar.

_Eu irei mesmo. Essa menina é uma peste, não dá o braço a torcer. - Ele levanta a sobrancelha curioso

_Se eu puder ajudá-lo... - Me incentiva a falar e poderia ser uma boa idéia

Duas cabeças pensam melhor que uma.

_Ela trabalha na minha casa e desde o dia que eu a seduzi de "brincadeira", ela nunca mais foi a mesma. Não me deu brecha para tentar saciar os meus desejos e agora eu me interessei de verdade por ela.

_Mas vocês já ficaram, ou coisa parecida? - Ele ouvia atentamente e se mostrava muito interessado no assunto

_Não, é claro que não. Até um tempo atrás eu não suportava olhar para ela, mas depois de algum tempo eu só consigo pensar nela, pensar em tê-la rendida novamente, mas ela se nega com veemência.

_É muito complicado, as mulheres são loucas. Ora dizem querer algo, ora mudam de idéia...

_Isso nem é o pior. Ela é de longe uma mulher linda e atraente, mas eu não entendo o porquê de querê-la tanto. Talvez porque ela seja diferente.

_Mas, diferente como?

_Ela trabalha na minha casa e é preta!

_Ah, então é isso. - Ele sorri e manuseia a cabeça

_Você entende como é difícil? Eu não posso simplesmente ficar com ela e não posso deixar que ninguém saiba ou descubra, seria o meu fim.

_Ficar com mulheres assim é complicado. A minha ex mesmo era negra. E particularmente era vergonhoso para mim. Eu martelei de todo jeito e aquela vagabunda nunca se entregou. - Ele parece se recordar de algo mas não dei importância

_Eu só preciso convencê-la a ficar comigo, pelo menos uma única vez.

_Isso é fácil. Ele trabalha para você, então é pobre e para variar também é negra, você tem o trunfo em suas mãos. Basta somente saber usar.

_Seja mais claro, por favor, Pedro.

_Basta você oferecer uma quantia à ela. Eu tenho certeza que ela precisa e mulher nenhuma recusaria uma proposta bem feita.

_Talvez você tenha razão... - A idéia me parecia muito boa

_É claro que eu tenho. Vai por mim, essa mulher vai aceitar sem pestanejar. Todas são assim, ambiciosas e mesquinhas.

_Eu farei isso, amanhã mesmo. - Sorrio intencionalmente - Mas isso fica entre nós, okay?!

_Claro. Eu não iria esparramar sua vida pessoal aos quatro ventos.

Passamos mais algumas horas conversando e fomos para nossas respectivas casas.
Tomo um banho e me deito de cueca. E mais uma vez eu tive uma noite péssima por causa de uma certa menina. Me viro na cama, inquieto, mas não me levanto. A idéia do Pedro rondava a minha mente e eu começo a pensar na melhor proposta.
Acordo depois de um cochilo e começo me arrumar para esperá-la. Eu faria a proposta de manhã para concretizar a noite, assim ela teria um tempo para pensar. É deprimente oferecê-la dinheiro em troca de sexo, principalmente para alguém como eu.
Desço as escadas e ela entra, se assustando com a minha presença. Ela apenas me ignora e começa a caminhar, mas a interrompo antes.

_Bom dia, Aline. - Disse atraindo a sua atenção

Ela cessa os passos e se vira. Estava estranhando o fato de não somente lhe dar bom dia, como também chamá-la pela primeira vez por seu nome. Depois de me encarar confusa, ela solta uma suspirada longa.

_Bom dia, senhor Magalhães.

_Eu preciso conversar com você.

_Eu estou ouvindo, senhor.

_Sente-se, por favor.

Ela se senta e começa a me encarar, aguardando as minhas palavras. Eu me sentia nervoso, não sei porquê. Esfregava as mãos, apreensivo e ela somente me olhava curiosa.

_Eu vou ser objetivo... - Ela assente - Quanto você quer para transar comigo?


O outro lado do amorOnde histórias criam vida. Descubra agora