A médico deixa algumas recomendações e eu seguiria a risca para que a menina melhore logo. Não que seja algo ruim tê-la aqui em casa, pelo contrário para mim estava sendo ótimo. Uma boa oportunidade para tentar me redimir. Os vômitos tinham cessado e agora ela estava deitada. Me levanto para tomar um banho e me preparar para cuidar dela. Debaixo do chuveiro, eu sorria pensando nisso. O destino foi muito traiçoeiro comigo colocando justamente ela no meu caminho.
Há algum tempo atrás eu sentia repulsa, pela sua condição social e cor. E hoje eu me encontro hipnotizado por aqueles olhos claros.
Claro que não é algo que eu me orgulhe, até um tempo atrás eu não pensava o quanto ser intolerante é ruim. Eu fui criado assim, então para mim era algo normal, até sair da minha zona de conforto e enxergar com outros olhos a realidade. São tantas ao meu redor e eu só enxergava a mim mesmo, a quem era como eu. Sem saber que a minha realidade não é a única que existe. Fecho o chuveiro e começo a me secar. Aviso no escritório que ficaria alguns dias ausente.
Ela precisava de mim e eu cuidaria dela. Me visto e caminho até o seu quarto, ela estava acordada e atendia uma chamada._Droga! - Exclama irritada
_O que aconteceu? - Pergunto me aproximando
_Eu estou recebendo ligações há algum tempo, mas assim que eu atendo a pessoa desliga.
_Pode ser algum maníaco, deveria denunciar à polícia.
_Pode ser. - Volta a se deitar se cobrindo - Eu irei na delegacia quando der.
_Está com frio? - Coloco a mão em sua testa - Desculpe-me. Eu vou pegar o termômetro.
Saio imediatamente do quarto sem entender a minha própria atitude. Mas de certa forma eu achei ser desrespeitoso tocá-la sem o seu consentimento, por mais que não tivesse nenhum tipo de malícia no toque. Pego o termômetro, afastando esses pensamentos e volto para o quarto.
_Você está bem? - Sento na cama
_Sim. Por quê?
_Você saiu correndo daqui... - Ela coloca a mão no queixo como se estivesse pensando - Você é muito estranho, sabia?!
_Por quê? - Pego o termômetro e aponto para ela - Posso? - Ela assente e eu coloquei-o em sua boca
_Você é bipolar. Desde sempre demonstrou não gostar de mim e agora me trata assim. - Ela sacode a cabeça - Você me salvou, está cuidando de mim e de vez em quando fala coisas sem sentido.
_Você está com 40°C. - Me levanto preocupado - Isso é ruim...
_Pare de fugir deste assunto.
_Agora não é hora para falar sobre isso. Você está doente e eu sou o seu cuidador no momento. Então fique quieta e me deixe cuidar de você, menina.
Me viro até a cômoda e pego as recomendações.
Eu não tinha nenhum remédio para febre, então o jeito seria fazer uma sopa.
Mas aí está o problema, eu não sei cozinhar.
Ela me olha com a cara amarrada e eu suspiro só vendo uma solução.
Fazer a sopa!_Pelo que o médico disse você precisa de um remédio ou algo para esquentar o seu corpo para diminuir a febre.
_Isso é uma coisa meio lógica, não?! - Ela me olha como se eu tivesse falado algo surreal
_Eu sei. Mas não tem nenhum remédio aqui, então eu tenho que fazer uma sopa. - Ela aguardava o complemento e eu reviro os olhos - E eu não sei fazer uma sopa.
Ela começa a rir e eu fico envergonhado.
Ela deveria estar me achando um inútil._Você não tem vergonha? Tem quase trinta anos e não sabe cozinhar? - Suas gargalhadas cessam
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O outro lado do amor
RomanceNenhuma linha se cruza por acaso, certo? Cristopher Magalhães é o homem que encanta a qualquer mulher, aparentemente destemido e egocêntrico, e ao mesmo tempo frágil e intrigante. Aline Dias está fora de qualquer padrão, é sensível mas também dete...