Capítulo 62 - Cristopher

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Os dias corriam tranquilamente, assim como nossas vidas. Passávamos quase todo o tempo juntos, assim que ambos saíam dos respectivos trabalhos. Eu quase sempre ia buscá-la e íamos para a terapia juntos. Era algo que realmente têm mudado a minha vida, eu realmente sinto que é importante na minha vida e que me ajudou a ser alguém melhor. Eu conseguia me expressar e até falar nas reuniões. Eu ouvia as pessoas expressarem as suas dores e até me identificava. E com essas informações temos trabalhado nisso, assim como a menina têm trabalhado as suas inseguranças e ansiedade. E tem surtido efeito, juntamente com a minha ajuda, deixando-a sempre segura e a dando atenção, o que era um prazer para mim.

Às vezes quando saímos, fazíamos um programa de casal à noite e eu me apaixonava mais ainda. A companhia dela é muito agradável, o seu sorriso é contagiante e eu planejava levá-la para ver a família. Já faz quase dois meses que estamos juntos e pelo tempo que sei que ela está na cidade, ela deve estar morrendo de saudades deles. Eu sabia o quanto ela os amava e sentia falta, diferentemente de mim e meu pai. Quando chegar até ele a notícia, eu imagino a luta que será. Mas não será ele quem me fará desistir. Se nem os clientes estão conseguindo isso, imagine ele.
Ouço batidas na porta e a minha secretária entra, após a minha autorização.

_Senhor Magalhães, um cliente acaba de marcar hora. O senhor deseja atendê-lo?

_É claro, mande-o entrar.

Me sento na cadeira animado e esboço um sorriso.
Era algo natural depois que a conheci. Até no meu humor ela havia tocado. E eu gosto disso, mas ela ainda insiste no carrasco e isso até me animava de certa forma, porquê eu sempre a calava com um beijo. Olho a aliança em meu dedo e me recordo de como é bom namorar com ela. Eu realmente me sentia feliz, me sentia vivo e queria a qualquer custo fazê-la também feliz. Pego o meu celular rapidamente e envio uma mensagem de texto.
Bloqueio a tela e aguardo o cliente entrar.

_Boa tarde, senhor Magalhães.

_Boa tarde, senhor Martínez.

_Você pode me chamar somente de Carlos. Eu soube que é o melhor advogado da cidade.

_E qual é o seu caso? - Ignoro a bajulação 

_Eu quero me divorciar da minha atual esposa. Eu descobri uma traição e não quero deixar sequer um centavo para a própria.

_Eu posso tentar resolver o seu caso, inclusive buscar por algumas provas, mas preciso que me conte detalhes.

Era uma história complicada, principalmente porquê a esposa dele possuía quase a metade da sua idade, o que não me surpreendia, ver mulheres mais jovens com homens mais velhos, por puro interesse. Ele era proprietário de uma rede de imóveis e paisagista nas horas vagas. A esposa era a sua antiga empregada. Uma história não tão incomum.

Encerramos o assunto e ele vai embora, convicto da vitória. Eu só teria a certeza no dia da audiência e com as provas. Essa coisa de traição é uma desgraça. Tem que ser muito ardiloso para enganar a pessoa que te ama. Olho novamente para a aliança e sinto-me agradecido. Eu não conseguia me ver com outra, sem ser ela. Portanto traição estava fora de cogitação.

_Você só pode estar louco! - Ricardo entra na minha sala abruptamente

_Você ainda não aprendeu a bater? - Reviro os olhos

Ele estende a chave e me olha abismado.
E eu sorrio com a lembrança.

_Gostou?

_Eu ainda não acredito, mas por quê?

_Você tem uma memória muito curta. - Ele levanta a sobrancelha - Eu disse que te daria o carro dos seus sonhos se algum dia eu me apaixonasse.

_Eu acho que você foi abduzido e te trocaram por um Cristopher bonzinho.

O outro lado do amorOnde histórias criam vida. Descubra agora