Capítulo 46: Você gosta dele?

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Respirei fundo várias vezes, quase amaçando os papéis no processo, porque não conseguia pensar em mais nada naquele momento. Meu coração estava tão disparado que chegava a doer dentro do meu peito, enquanto um nó se formava na minha garganta.

Encarei as informações de Ryder, sem conseguir acreditar que minha mãe havia se envolvido com os rebeldes. Que ela e meu pai realmente eram ligados a eles de alguma forma. Amara, que eu e Ethan fizemos tanta questão de prender, não estava realmente mentindo. Tudo aquilo caiu sobre mim como uma avalancha, esmagando meu corpo inteiro com uma verdade insuportável de se carregar.

Escutei o barulho da porta da sala se abrindo. Na mesma hora enfiei os papéis dentro da caixa de novo, ficando com aquele que continha as informações de Ryder. Dobrei o mesmo até ele ficar pequeno e o enfiei no bolso, junto com o rastreador. Precisava contar a Ethan e precisava de provas, porque tinha medo que ele não acreditasse em mim. Tinha medo da reação dele ao saber sobre Cold e eu e, principalmente, a reação dele ao saber sobre Ryder.

Ajeitei as coisas no lugar e sai do escritório, respirando fundo antes de seguir o corredor até a sala. Cold estava fechando a porta quando surgi ali, girando o rosto para me encarar. A sombra de um sorriso surgiu nos lábios dele quando percebeu que eu ainda estava ali, mesmo que meu coração estivesse se estilhaçando desde o momento que percebi que ele sabia de tudo.

—Oi. —Falei, me esforçando a abrir um sorriso. Tenho certeza que saiu mais como uma careta, o que fez Cold erguer as sobrancelhas.

—Bom dia. —Ele caminhou para perto de mim, fazendo meu sangue esquentar com a lembrança de todos os acontecimentos. Havia sido fácil passar a noite com ele, porque eu queria tanto. Eu estava desesperada para ter certeza de que Cold era muito mais do que o filho do presidente, que cumpre ordens sem se importar com nada. Mas no final eu estava mesmo tão errada sobre isso. —Dormiu bem?

Pisquei algumas vezes, vendo que aquilo era uma provocação dele. Minhas bochechas coraram ao ver o sorrisinho nos lábios dele, como se ele estivesse se lembrando de tudo que havíamos feito. Estremeci quando ele ergueu a mão e tocou minha bochecha, com tanto carinho que chegava a confundir meus pensamentos.

—Acho que preciso ir. Ethan já deve estar estranhando meu sumiço. —Falei, mesmo que fosse verdade, era mais uma desculpa pra sair correndo dali, antes que Cold bagunçasse meus pensamentos e me fizesse desejar esquecer as coisas que descobri. Mesmo depois de perceber que ele sabia sobre Ryder e meus pais, meu coração idiota ainda reage a ele.

Cold assentiu com a cabeça, afastando a mão do meu rosto, como se tivesse ficado confuso por alguns segundos. Mas então me guiou até a porta, hesitando antes de abri-la ao se virar para me encarar de novo. Seus olhos buscaram os meus, como se ele procurasse por qualquer coisa dentro de mim.

—O que foi? —Soltei, antes de engolir em seco, sentindo meu coração parar de bater quando Cold ergueu a mão e me puxou pela cintura, até meus lábios estarem no alcance dele e ele me beijar, com tanta força e determinação que era como se a vida dele dependesse daquilo.

O abracei pelos ombros, puxando-o pela nuca para aprofundar ainda mais o beijo, porque não sabia o que ia acontecer depois que eu deixasse aquele apartamento, mas tinha a sensação que esse provavelmente era nosso último beijo. Então aproveitei cada segundo, o beijando como se minha vida também dependesse dos lábios e do gosto dele.

Quando Cold se afastou, mordendo meu lábio antes de me dar um selinho demorado, eu não esperei para ouvir qualquer outra coisa dele. Abri a porta e segui em direção ao corredor, sentindo os olhos dele queimando sobre meu corpo até eu desaparecer.

[...]

Entrei no refeitório, vendo que já estava no horário do almoço. Meus olhos varreram cada mesa e cada soldado que estava ali, até eu encontrar Ethan e Eliot sentados juntos. Eliot estava devorando toda comida na sua frente, mas meu irmão encarava sua bandeja com uma expressão séria e rígida, ouvindo o que quer que Eliot estivesse falando pra ele. Fiquei feliz por vê-los sozinhos, porque eram as únicas pessoas que eu confiava 100% ali para contar o que havia acabado de descobrir.

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