Peter
- Peter. - Matt sussurou meu nome.
Ele se afasta da privada e segura o meu braço. Olha em meus olhos e desmaia.
- Matt! Matt! O que aconteceu?
O balancei e ele voltou a abrir os olhos.
- Vamos! Levante. Vou te levar à enfermaria. - digo levantando-o.
- Tudo bem. - conseguiu sussurrar. - Espere.
Ele se apoiou na pia. Agora eu conseguia ver todos os hematomas em seu corpo, todos os que a Claire suspeitava que existiam, todos parecidos com o dela. Fiquei espantado. Ele pegou a blusa e a colocou.
- Isso fica entre a gente. - disse ele quase vomitando de novo.
- Vamos?
O apoiei em meu ombro e o levei para a enfermaria.
A enfermeira levou um susto conosco.
- Mas o que aconteceu? - disse ela colocando a mão na boca.
- Não da tempo de explicar agora. - digo.
- Ai, esses meninos só se metem em brigas. - disse uma mulher que estava conversando com a enfermeira.
- Venham meninos. - disse a enfermeira a ignorando.
Entramos em uma salinha pequena, com uma janela que dava para vê o jardim. O coloquei na cama e ele ficou lá, deitado.
- O que aconteceu querido? - a enfermeira perguntou para o Matt.
Antes de responder ele me encarou friamente.
- Pode esperar lá fora? - pergunta ela.
Eu o encaro de volta.
- Tudo bem. - digo saindo.
Voltei para o banheiro, no mesmo lugar que encontrei o Matt. O que tinha acontecido com ele? Olhei para o chão, e lá estava a resposta. Um micro chip. E nele, sangue. O peguei e o enrolei em um pequeno pedaço de papel higiênico.
Não ia voltar para a sala, então voltei à enfermaria. Eles ainda estavam lá dentro, e ele provavelmente, não queria que eu estivesse lá.
Mandei uma mensagem para a Claire.
" Oi."
Sorri com a minha própria mensagem. Já estávamos juntos à um tempo, e eu sempre continuo tímido com ela.
"Oi, está tudo bem?"
E ela, sempre preocupada.
"Está sim. Tirando o fato que estou na enfermaria."
"Por que? O que aconteceu?"
Eu já estava respondendo a Claire, quando a enfermeira saiu da salinha.
- Você precisa levá-lo para um hospital. - disse ela nervosa.
- Ele está tão mal?
- Sim, precisa de remédios que não tenho aqui.
- Tudo bem.
- Vou chamá-lo.
Matt saiu da salinha e veio mancando em minha direção.
- Sua sorte que eu não estou muito a fim de estudar hoje.
Tentei ser irônico, mas não era o momento certo. Ele me encarou sério.
- Vamos logo, Peter.
- Tudo bem. Você consegue...?
- Andar? Consigo sim.
Andamos pelo corredor. Matt caiu ao meu lado.
- Peter... Eu não consigo. - disse ele começando a chorar.
- Ei, Matt. - digo segurando seu ombro. - Não podemos ser fortes o tempo todo. O que aconteceu com você?
Ele começou a chorar.
- Não precisa sentir vergonha, Matt. Conte para mim. - digo.
- Eu... Ele...
Ele respirou fundo e me olhou.
- Peter.. Eu não estou... Não estou conseguindo respirar.
- Relaxa, Matt. Já chamei uma ambulância. Eles já estão chegando.
Depois de cinco minutos eles chegaram e colocaram o Matt em uma maca. Parece que tudo aconteceu em câmera lenta. Ele começou a tossir descontroladamente. Ele segurou minha mão. Na hora o sinal tocou, todos saíram de suas salas para ir para a próxima aula, mas em vez disso, todos foram lá para fora, para saber o que estava acontecendo.
- Peter. - disse o Matt tossindo.
- Estou aqui Matt.
- Eu preciso...
- Por favor, não fale mais. Vai te prejudicar. - disse o paramédico.
- Tudo bem, Matt. Vou com você.
A ambulância foi direto para o hospital. E até agora o Matt não largou a minha mão. Ele estava cada vez mais branco.
- Matt? - por um momento pensei se ele iria morrer.
Chegamos no hospital. Os paramédicos o levaram às pressas, acabei ficando para trás. Por um momento, a sala ficou fria. Virei o corredor.
- Você precisa esperar aqui. - disse um paramédico.
Quando ele passou pela porta, por um momento, eu vi um homem todo de preto sorrindo para mim. Será que..? As portas se fecharam. Deixei esse pensamento de lado, fui para a sala de espera. E fiquei lá sentado por quatro horas.
Meu telefone toca.
- Oi, amor. - digo.
- Peter, o que aconteceu? - era a Claire.
- Encontrei o Matt no banheiro masculino, e ele estava passando mal. Precisei chamar uma ambulância.
- Meu deus! Onde você está?
- No hospital, no centro.
- Tudo bem, já estou indo.
- Ok. - desligo sorrindo.
Um paramédico chegou na sala.
- Peter? -pergunta ele.
- Sou eu! - digo levantando.
- Seu amigo quer vê-lo.
- Ok.
Hoje eu estava nervoso. Minhas mãos estavam frias. Tentei aquecê-las. Entrei no quarto em que ele estava, parecia que ele estava dormindo.
- Matt? - pergunto sussurrando.
- Olha quem está aí, meu salvador. - disse ele sorrindo e tossindo ao mesmo tempo.
- O que aconteceu com você?
- Bem, isso é uma longa história. Que pretendo te contar depois, prometo.
- Tudo bem, você precisa descansar.
- Não acha que está um pouco frio aqui? - pergunta ele com um sorriso irônico.
- Sim. - digo o encarando. - A Claire está vindo. Ela provavelmente vai querer vê-lo.
- Não! Ela não pode me ver desse jeito!
- E por que não?
Ele me encarou, mas não respondeu.
- Pode ir, Peter. Estou bem. E obrigado.
- Você tem certeza?
- Sim.
- Qualquer coisa me liga, tudo bem?
- Sim. Obrigado de novo. Manda um beijo para a Claire.
- Ok.
- Ah, e Peter. Cuide dela. - disse ele.
Acenei com a cabeça.
- Sempre vou cuidar dela. - disse por fim.
Sai do quarto, e a Claire já estava lá. Ela estava na recepção.
- Peter! - ela veio correndo na minha direção, me abraçando.
- Vamos para casa. - digo a abraçando mais forte.
- Mas e o Matt?
- Ele está descansando. Amanhã voltamos.
- Tudo bem. - disse ela.
Fomos andando para casa. Não era tão longe assim.
- Peter, o que aconteceu? - pergunta ela.
- Eu realmente não sei.
Ela me encarou, mas não disse mais nada.
Chegamos em casa, a Mia estava assistindo TV, e a minha mãe no quarto dela como de costume.
Tomei um banho e desci, precisava comer alguma coisa. Já era tarde, a Claire estava tomando banho.
- Maninho?
- Sim?
A Mia me encarou, e desistiu de falar o que queria.
- Tem algo lhe incomodando, Mia?
- Algumas coisas, apenas. Estou cansada, podemos conversar amanhã?
- Claro, maninha. Estarei sempre aqui.
Ela levantou da cadeira e foi para o quarto. E por um momento, pensei tê-la escutado sussurrando "nem sempre", mas deixei pra lá. Eu estava muito cansado. Estava revisando todos os acontecimentos de hoje. O que tinha acontecido? Foi tudo muito rápido. Comi apenas uma maçã.
Claire desce as escadas e me abraça por trás.
- Ei. - disse ela. - Como você está?
- Cansado. - digo sorrindo.
Ela sorriu.
- É sério, Peter.
- Mais sério, impossível.
Ficamos nos encarando por um minuto.
- Vamos subir.
Desliguei todas as luzes, e fomos para o meu quarto.
- Peter, sei que está preocupado...
Eu a beijei antes dela terminar a frase.
- Peter. - disse ela sorrindo.
- Estou precisando disso. - digo sorrindo.
A deito na cama e começamos a rir. Eu a beijo pescoço até voltar para a sua boca. Ela me abraça com mais força.
- Peter...
Nos encaramos e volto a beijá-la. O frio já tinha sumido, o quarto estava ficando quente. Tirei a minha blusa. Ela sorriu para mim.
Ficamos nos encarando. Deitei ao seu lado, e ficamos abraçados.
- Vai ficar tudo bem. - disse ela me fazendo cafuné.
Fiquei de lado para encará-la.
- Eu espero. - acariciei seu rosto, e ela fechou os olhos. - Eu te amo.
Digo, beijando ela novamente.
- Eu também te amo. - disse ela sorrindo.
A imagem do Matt não saia da minha cabeça, mas só o que me importava agora era ela. Apenas ela, Claire...
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A Escolhida
FantasyEstava escuro e frio. Olhei no relógio e eram três da manhã. Uma pequena melodia estava tocando baixinho. Levantei da minha cama e abri a porta devagar. Uma luz muito forte lá de baixo chamou a minha atenção . Fiquei curiosa e desci as escadas. Paro...