Um homem nunca fará tamanha proeza de lhe tratar melhor doque uma loja poderia.
— Julio, segura as sacolas. – O amigo revirou seus olhos, fugindo da ética, logo tomando em mãos as grandes sacolas de papel, essas com estampas diversas, Chanel, Gucci, Prada, entre tantas.
— Deveria dar uma segurada nesse cartão, não acha? – Ditou o mais velho de forma sarcástica.
— Sabe oque eu acho? – Fez uma longa pausa dramática, olhando para a vitrine e seus lindos brincos em mostruários. — Que você deveria calar a boca, e que esses brincos ficariam lindos na minha orelha.
— Little Monster consumista. – Brincou, levando seu rosto para perto do de Allan, que recuou no mesmo instante.
— Para com isso, vou começar a achar que quer meu corpinho. – Riu, deslizando suas palmas pela curvatura de sua cintura.
— É uma possibilidade. – respirou pesado, assim quebrando o clima. Foi para dentro da loja, levando consigo um sorriso pervertido em lábios.
Jeon por sua vez continuou estático, olhando para a escada onde conveniente passava um casal de homens. Tão felizes. Allan inveja a capacidade que tais pessoas tem de sentir algo além de orgulho.
Orgulhe-se de si, mantenha seu ego alto, evite decepções. Essa foi a frase que mais escutou de seu pai e repetiu para si mesmo em 19 anos.
Balançou a cabeça freneticamente, fazendo seus cabelos saírem de um arrumado topete a uma franja que cobre até abaixo de seus olhos.
No que estava pensando? Oque amor tem haver com Julio? Por que essa pequena frase o abalou tanto?A final, nunca tivera sentimentos aflorados, sempre preferiu fingir que tais não existiam dentro de seu peito.
— Oque é isso? – A voz doce de Ng fora escutada, deixando seu coração tão acelerado quanto as batidas de um tarol em carnaval.
— Onde estava? – Indagou, vendo assim uma oportunidade de fugir de seus sentimentos e pensamentos confusos.
— Não me viu entrando na loja? – Ergueu a mão, mostrando mais uma sacola.
— Mas eu não te dei meu cartão.
— É, eu sei, é um presente para você.
— Ah, oque é? – Perguntou curioso, indo de encontro ao outro, abrindo com os dedos uma pequena fresta para ver o conteúdo ali dentro.
— Uma aliança. – Sussurrou. Claramente estava brincando.
As mãos de Allan escorregaram para as laterais de seu corpo. Novamente se viu estático, com os mesmos pensamentos e sentimentos confusos. Acariciou o próprio anelar, imaginando tal com uma bela aliança dourada, ou até mesmo prateada cravejada em belos diamantes.
— Oque? Era brincadeira, é o brinco que viu no mostruário. – Entregou para o menor a sacola.
O peito de Jeon estufou puxando ar para dentro de seus pulmões, lembrando que deveria respirar. Com o susto, voltou a realidade, olhando diretamente para o causador de seu recente devaneio.
— Melhor a gente ir para casa, eu tô cansado. – Sorriu amarelo.
Após a concordância, ambos foram para fora do shopping sem dizer uma só palavra, mantendo o desconfortável silêncio.
Chegando em seu apartamento, tacou o próprio corpo no sofá, a fim de dormir e esquecer oque viveu durante as últimas duas horas.
— Allan, Allan, Allan! – Repetiu o próprio nome, alisando seu rosto. — Idiota! Amor é um caminho sem volta, achei que tivesse superado essa fase!
Batidas suaves ecoam por seu apartamento, o fazendo levantar contra gosto do sofá.
Estava exalando melancolia a cada passo que dava, a cada suspiro alto que faziam o papel de gritos.Abrindo a porta deu de cara com a última pessoa que poderia.
— Allan. – Por reflexo fechou-a novamente, não tendo a noção doque fez, apenas focava em quem estava do outro lado.
Seus olhos estavam arregalados e seu coração acelerado, demorou a perceber a besteira que fez.
— Por que fechou na minha cara? – Perguntou Julio ao ver o pequeno envergonhado de sua atitude a sua frente.
— Eu... – Coçou a nuca, olhando para um ponto fixo no chão, a fim de encontrar qualquer desculpa.
— Olha, não precisa falar. Vou ser breve. – O semblante sério de Ng assustou Jeon, o deixando com os nervos a flor da pele.
— Entra... – Deu espaço, porém o outro permaneceu fora.
— Allan você tá o dia todo agindo feito um bobo, e muitas vezes me ignorando. – Suspirou. — Eu fiz algo?
— Julio, não! Não fez nada, eu só tô um pouco lerdo hoje. – Ele não deveria mentir para seu melhor amigo, mas não havia saída.
— Lerdo? Allan você mal olhou na minha cara.
— Que merda. – Praguejou. — Quer acabar com isso? – Juntando toda a coragem, perguntou ao mais velho.
— Quero!
— Me beija. – jogou seu corpo. Julio apenas pousou suas palmas no quadril do coreano.
— Oque? – Surpreso, perguntou, soltando em seguida uma risada alta.
— Por favor, você queria acabar com isso, não era?
— E em que meu beijo vai ajudar?
— você me deixou sem graça o dia todo, me deixou confuso sobre meus sentimentos, acho justo concertar oque você mesmo começou.
— Fui eu quem fiz isso?
— Sim.
— Que bom. – Allan não teve tempo de perguntar oque aquilo significava, pois seus lábios já tocavam o de Ng.
O duro coração de Jeon explodiu em êxtase. Nunca havia experimentado tal sentimento, tal parte da felicidade, estar com alguém que ama.
Após o ósculo, ambos encararam o olhar alheio, normalizando a pesada respiração.
— Iae? – Allan riu.
— Talvez eu queira fazer de novo.
— Allan. – Chamou o menor. — Todas as brincadeiras, eu gosto de você, sabia?
— Eu não sei oque sinto ainda.
— Eu sei que você está confuso, e eu estou disposto a fazer tudo por você.
— Está disposto a me esperar?
— Estou.
— Podemos tentar? Eu prometo me esforçar.
— E eu prometo entender você. – Colou suas testas, dando selinhos rápidos nos lábios rosados de Jeon.
No fim, um homem poderia sim o fazer feliz, bem mais doque luxos excessivos.
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Amor (?)
RomanceAllan sempre acreditou que o amor fosse um caminho sem saída, enganando o próprio coração, fingindo ser forte o suficiente para passar seu orgulho a frente do amor. Mas logo Jeon se viu contra a parede ao escutar de Julio piadas envolvendo um possív...