Capítulo 6

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Uma quinta-feira típica, eu penso enquanto estou voltando da sala de reuniões para minha mesa. Por que meus chefes são tão insuportáveis, eu não sei, a única coisa que sei é que fico com vontade de me demitir toda vez que eles fazem essas reuniõezinhas para dizer que nosso empenho tem que aumentar pois a firma não está no seu melhor ano.

Nunca está, pelo visto. Sempre essa ladainha. E o que é pior, todos aqui trabalham incansavelmente e sequer ganhamos uns bônus no fim do semestre ou mesmo de fim de ano. Um agrado assim? Nunca. Funcionário é serviçal sem mérito.

— Por que a Shirley é tão arrogante? — Brad, que tem a mesa ao lado da minha, põe a cabeça do lado da divisória para perguntar.

Ele está falando a respeito de uma das chefes mais insuportáveis. Ela consegue piorar a cada dia. Nada contra que ela seja filha do dono da empresa, acontece que ela não trabalha e só sabe dar ordens exacerbadas. Sempre chiando no nosso ouvido, até depois do nosso horário, ligando para nós, como se já não nos bastasse os clientes sedentos por sempre mais.

— Eu não sei — respondo para Brad, soltando um suspiro cansado. — Pensando seriamente em me demitir e me tornar freelancer.

Ele ri, o que quase me deixa ofendida e me faz olhá-lo.

— Eu não acho que é uma boa ideia — fala, parando de rir quando percebe meu olhar fuzilá-lo. — Deixe para lá. O que vai fazer na sexta?

— Dormir o dia inteiro, eu espero. Essa semana exigiu muito de mim — volto a atenção ao meu computador, as imagens da tela quase retorcendo minha mente. — Jesus, minha vista nem se alinha mais.

— Você precisa de um final de semana daqueles, digno de uma rainha — Brad sugere.

— Como é o final de semana digno de uma rainha? — ponho na área de trabalho e pego minha garrafinha ao lado do monitor, bebendo um grande volume de água.

— Dançando, se divertindo, com o melhor amigo...

Eu o olho, voltando a garrafinha para a mesa.

— Você está me chamando para sair? — franzo o cenho.

— Não — ele dá um riso nervoso, desviando o olhar. — Claro que não, Lu. Eu sei que você não aceitaria….

— Eu aceitaria, por que não? — devolvo. — Você é o cara mais próximo ultimamente.

— Oh, entendo — ele ri, e quase posso sentir que está magoado. — É o típico "só tem tu, vai tu mesmo".

Dou risada, fazendo-o murchar.

— Não é isso — explico. É também isso. — Bom, pelo menos a gente ia se divertir. É um convite ou não?

— Se você quiser que seja, então é — ele passeia seus olhos castanhos pelo meu rosto.

— Fechou, então é. Mas vamos mudar o dia da diversão. Na sexta eu só quero dormir e descansar.

— Tudo bem. Tudo o que você quiser e como preferir — ele sorri e volta a trabalhar, enquanto eu fico encarando o meu wallpaper de um castelo que contracena com um pôr do Sol incrível e tem o mais lindo verde sob sua estrutura e derredor.

— O que eu não daria para estar em um lugar assim agora — sussurro no meu cubículo.

— Olhe aquilo — Brad volta a cabeça na divisória, cochichando.

— Olhar o quê?

— Aquilo na sala de reuniões.

— Por que você está cochichando?

Tempestade de Gelo #1 (NA AMAZON)Onde histórias criam vida. Descubra agora