cap.1

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Jimin tinha um par de fones amarelos e grandes, uma janela enorme acima de sua cama, um cachorrinho engraçado e mil e um pensamentos sobre tudo na vida. Aquela era a ideia de felicidade para o pequeno; seu cachorrinho, uma xícara de café com leite e canela e a chuva como companhia para seus dias turbulentos.
Como se já não bastasse a rejeição de seus pais, o bullying na escola não facilitava sua vida. Era tudo muito monótono e cinza na vida de Park. Se pensasse mais sobre teria de ficar deitado o dia todo com o peso lhe corroendo as entranhas. Era solitário.
Por sorte, os pais do loirinho o deixaram, com muita insistência, ter Dudu como seu fiel escudeiro. Era o bichinho que alegrava suas manhãs de sábado, era Park Dudu -como Jimin o chamava – que era responsável pela alegria que nunca pode presenciar ou sentir.
 
Viu Dudu virar-se em sua caminha, se espreguiçando até deitar novamente, abrir os olhinhos sonolentos e fitar seu doninho. Jimin riu suspirado.  –Vem cá Dudu. –Bateu na manta ao seu lado, vendo a bolinha de pelos marrons correr para o local e se aconchegar nos braços do humano. Park sorriu novamente, fazendo um breve cafuné na cabeça do bichano.

–Você é bem preguiçoso sabia? –O cachorro resmungou. –Ah, qual é Dudu... Vamos lá fora dar uma voltinha? –Os pelinhos castanhos negaram com a cabeça, parecendo saber o que o seu dono dizia. –Vamos sim, você tá muito gordinho! –Suas mãos seguraram o cachorrinho pela barriga e o colocou de pé na cama de tonalidade azul. –Já passou a chuva e você precisa fazer cocozinho Dudu... –Se levantou, indo em busca da guia do cão. Dudu se escondeu entre os cobertores de Jimin, rezando para que ele não achasse o que procurava.  –ACHEI! –Dudu resmungou novamente. –Vamos lá!
 
 
 
 
Já descendo as escadas, devidamente vestido, Jimin cumprimentou seus pais que se encontravam na mesa da cozinha com vários papéis, eletrônicos e fios embolados, rostos sérios e carrancudos e nenhuma palavra era dita.
 
-Olá... –Parou ao pé da mesa de mármore claro, tentando chamar atenção dos dois mais velhos. –Boa tarde... –Mais uma vez, silêncio. –Eu vou fumar drogas ilícitas... –Nada. - ...com Taehyung.
 
-Taehyung? –Sua mãe o olhou por cima do óculos.
 
-Ah, assim você me escuta? –Revirou os olhos, ajeitando Dudu em seu colo. –Vou dar uma voltinha com Dudu...
 
Sua mãe voltou ao trabalho, ignorando as falas do filho. Jimin suspirou.
 
-Mãe...
 
-Vá Jimin, vá! –Seus ombros caíram, sentiu sua bola de melancolia aumentar mais um pouquinho no peito.
 
-Pai... –O Park mais velho nem se mexeu. Continuava com seus fones de ouvido e seu aparelho em mãos, dando atenção somente àquilo. Mais um suspirou foi deixado por Jimin. Apertou Dudu contra o seu corpo e saiu.
 
Vestindo suas galochas amarelas e sua capa de chuva da mesma cor, o loirinho rumava à garagem a fim de apanhar sua bicicleta. Pôs Dudu no cesto da frente e colocou o capacete pequeno bem apertado, enquanto subia no veículo e sumia pelas ruas de Busan.
As lágrimas rolavam bochecha abaixo e Jimin se sentia inútil. Era como se nada que fizesse fosse o suficiente para seus pais. Era como se ele próprio não fosse suficiente para seus pais.
 
Não mediu o tempo enquanto pedalava rápido pelo asfalto molhado. Foi só quando se desligou de seus pensamentos que percebeu a calçada vermelha. Parou sua bicicleta próxima ao acostamento, fechando os olhos e inspirou fundo, sentindo o cheiro de mar e bolinhos invadir suas narinas e as férias invadirem seu pensamentos, juntamente com estes, um certo nome e cabeleira verde-água.
 
-Yoongi! –Abriu os olhos com um sorriso imenso no rosto e olhou seu cachorrinho no cesto, que colocava a língua para fora. –Vamos lá Dudu! –Voltou a pedalar, até chegar próximo à cafeteria azul e vermelha. Lá dentro pode ver os fios desgrenhados e esverdeados do tal que fazia seu coraçãozinho querer pular do peito. Ele estava irresistivelmente fofo, como sempre e o loirinho não conseguia tirar seus olhos do mais velho enquanto ele atendia as mesas.
De repente, os olhos cor-de-mel se dirigiram para os seus levemente esverdeados, fazendo Park perder o juízo por segundos que pareceram dias, semanas, anos...
Era um conjunto de sentimentos tão enormes, que o tempo pareceu correr de forma devagar demais para o seu gosto, mas quem disse que ele ligava? Tudo que importava era que aqueles traços doces e delicados estavam olhando diretamente em sua direção, que todos os problemas se reduziram à zero naquele instante...
 
 
 
 
 
 
O único azar de Park foi não ter visto o enorme caminhão vindo em sua direção.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
-MAMÃE! PAPAI! –O loirinho gritava com seus olhos escorrendo e seu peito ardendo como nunca. Correu até a cozinha da enorme casa, sujando um pouco o chão com a água que caía se sua capa de chuva rasgada.
 
-Jimin não grite! –Resmungou o Park mais velho.
 
-M-mas pai... O D-Dudu... –Sentiu seu queixo tremer e as lágrimas aumentarem. Seu único e fiel amiguinho havia ido embora e Jimin nem teve a chance de se despedir.
 
-Que roupas são essas? –Perguntou sua mãe rudemente. –Você é filho dos maiores empresários da Coréia, como sai de casa nesse estado?
 
-O D-Dudu se... Se f-foi... –Fungou, sentindo as meias molharem dentro de sua bota. Estava tudo indo de mal a pior naquele dia.
 
-Vá se trocar! De noite temos um jantar com os Bae. –Falou mais animada. –Irene é uma ótima pretendente para você, vai aumentar a economia da Park’s demais! Sem falar que acho um casal bonito. Dá pra manter as aparências... –A mais velha tagarelava e seu marido só concordava com tudo. Jimin sentia-se frustrado. Todo o esforço que teve para poder ter Dudu, cuida-lo por quase um ano inteiro, para perde-lo em segundos... –Jimin! Está me ouvindo? –Se deparou com o rosto raivoso da mulher e assentiu. –Então vá! Yerim preparará vestimentas adequadas para o encontro. –O loirinho se limitou a assentir e subiu, sendo seguido pela empregada que já colocava tudo em ordem em sua agenda.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Jimin suspirava fundo. Deitado em sua cama, com roupas de mauricinho, um penteado com quase um pote inteiro de gel e sapatos brilhantes, ele só queria seu Dudu para fazer-lhe companhia. O cheirinho do cão ainda pairava no quarto, sua caminha estava bagunçada e seus potes de ração e água cheios. Era uma sensação horrível que tomava conta do pequeno.
Queria amaldiçoar o menino esverdeado e seus olhos de mel por faze-lo perder seu rumo, queria amaldiçoar seus pais por quererem empurrar mais uma garota mimada para cima de si e queria amaldiçoar a si mesmo por não dar “ouvidos” ao seu Duduzinho e ficar em casa só naquele dia.
Agora Dudu havia fugido e nada podia ser feito. Jimin estava abalado.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
-Karen você criou sua filha com classe... Olha o jeito que anda, a delicadeza, a simpatia! –A senhora Park falava de como Irene pisava nos saltos de pérola graciosamente pela enésima vez,  Jimin estava existindo na mesa e os pais falavam sobre negócios; o loirinho sabia diferenciar um sorriso falso de um verdadeiro, e tinha certeza de que a Bae mais nova queria sair correndo dali tanto quanto ele.
 
-A comida do restaurante é deliciosa, não é querida? –Sorriu falsamente a Bae mais velha, fazendo sua filha concordar silenciosamente consigo.
 
-Ah, sim... Adoro frutos do mar... –Sorriu sem dentes e as mães pareceram satisfeitas, mesmo a moreninha querendo claramente vomitar só de sentir o cheiro daquilo.
 
-Ei... –Sussurrou Park para a mais velha assim que a atenção de ambos foi roubada pelo Bae, que falava algo chato sobre economia. –Quer ir lá para fora? –Irene o fuzilou com os olhos castanhos.
 
-Sabe quantos anos sou mais velha que você?
 
-Calma, só estou vendo que você quase vomita em cima de tudo aqui, seria um desastre para os empresários humildes que nos cercam... –Disse sarcasticamente, arrancando um sorriso mínimo da mais velha.
 
-Seria ótimo se eu vomitasse em tudo Park... –Se levantou, fazendo uma breve reverência aos mais velhos. –Com licença, eu e Jimin-ssi vamos conversas a sós, se nos permitem... –Sorriu forçado novamente. Jimin continuou sentando, estático com a formalidade da mais velha.
 
-Tudo bem querida, podem ir. –Falou a Park mais velha olhando para o filho.
 
-Ah, ar puro! –Irene sorriu assim que chegaram na parte de fora do restaurante, onde tinha alguns assentos de concreto bem trabalhados de frente para o mar. –Não aguentava mais aquilo, credo! –Jimin sentou-se sorrindo ao lado da Bae e observou o mar negro sendo iluminado pela lua. O barulho das ondas calmas, o vento fraco e frio, as últimas gaivotas rumo às suas casas cantando suas canções de encerramento... Jimin sentiu falta de Dudu mais uma vez naquele dia. Sentiu os olhos arderem. –Jimin-ssi? –A mais velha percebeu que algumas lágrimas caíam do rosto de Jimin e se preocupou. –O-o que houve?
 
-E-eu... –Riu sem humor. –Você vai achar idiota... –Negou com a cabeça. –Não foi nada.
 
-Park... –Irene tocou seu ombro, fazendo-o olhar para si. –Meu lema é não julgar ninguém, nunca! Por mais idiota que o seu problema possa parecer, conte-o para mim, talvez eu possa te ajudar. –Sorriu sincera, sendo correspondida em breve.
 
-OK... –Suspiro. –Meu cachorrinho fugiu. –Sentiu a mão delicada em seu ombro aperta-lo para conforto. –Pode parecer idiotice ficar mal assim por isso mas... E-eu não tenho ninguém. –Algumas lágrimas fujonas rolavam bochecha abaixo, se esfriando rapidamente com o vento, mas em seu peito não havia sentimento algum. Jimin estava em seu modo automático, entorpecido. –Ele era o único ser que importava para mim... Antes eu tinha o Tae também, mas minha mãe disse que por ele ser bissexual e namorar Kookie, eu não poderia ser amigo dele... Isso mancharia o nome da empresa... –A morena negou, acariciando o ombro alheio. - e, bom, eu fui rude com ele e me afastei... Então Dudu foi tudo que me restou... Até hoje.
 
Bae Irene tentou confortar o loirinho o máximo que pode, o abraçando e ouvindo sem julgar. Park se sentiu em casa. –Poxa vida... Espero que o encontre Jimin-ssi... De verdade. –A mais velha pegou um papelzinho com alguns números escritos e entregou para o menor. –Toma, esse é o meu telefone. –Park observou o papel amarelo com uma letra impecável e pequena ali escrita. –Não se empolgue, mas gostei de você... Se quiser ajuda para encontrar Dudu, pode me ligar...  Ou sei lá, só me chama para conversarmos quando se sentir só. –Sorriu. Park pode ver sinceridade nos olhos profundos e achou que talvez uma amizade pudesse ser formada entre os “pretendentes”.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Os cabelos verdes e bagunçados se encontravam jogando a última sacola de lixo na caçamba, quando ouviu alguns ruídos.
Seu turno na lanchonete estava para acabar, estava tarde e Yoongi sentiu medo. Pegou o cabo de vassoura que estava na porta traseira do estabelecimento e a apontou para onde o barulho vinha. –Hey! Quem está aí? –Silêncio. –Não vai aparecer? –As mãos do de olhos de mel ficaram suadas e trêmulas, tamanho era o seu medo. As latas de lixo do local começavam a se remexer sem cessar, até que uma bolinha marrom pulou de lá abanando seu rabo, com a língua para fora. Yoongi suspirou. –Ah, é só um cachorrinho... Vem cá amiguinho. –Se abaixou, batendo no chão à sua frente, vendo-o se aproximar. –Você tem coleira? –Pegou o pingente do pescoço do animal. –Dudu... Que fofo! –Riu. –Eu acho que te conheço de algum lugar... Seu dono vai à cafeteria? –Dudu inclinou a cabeça, tentando entender o que o esverdeado falava. –Deve ser... Vamos ver o que faço com você depois. Pode ficar na minha casa, lá tem ração! –O marronzinho pulou em seu colo feliz e lambeu seu rosto todo. –Holly vai adorar você!
 
 
 
 
Do outro lado da cidade, Jimin passava a noite toda desenhando cartazes à mão. Suas lágrimas caíam sobre os papéis, molhando-os. Ele estava exausto. Só queria encontrar seu cachorro e viver normalmente.
 
Alguns dias se passaram desde o ocorrido. Jimin já perdia as esperanças de encontrar seu melhor amigo, companheiro e ouvinte de todas as ideias mirabolantes que tinha. Andava pelas ruas colando os papéis com a postura triste e o vazio dominando seu peito magoado. Ele já perdia as contas de quantos cachorrinhos marrons havia visto, tendo a pontinha de esperança acesa em si novamente, para se apagar assim que percebia que nenhum deles era seu Dudu.
Mas esse dia mudou quando seu celular tocou pela primeira vez. Jimin deu um sobressalto e atendeu na primeira chamada um pouco empolgado demais.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O esverdeado passeava com os dois cãozinhos na orla da praia. O vento ainda era forte e o sol brilhava. Era um dia fresco.
Via os peludos se enroscarem nas coleiras e sorria satisfeito. Dudu era um ótimo companheiro para Holly, mas sentia-se culpado, afinal o seu dono poderia estar triste pela sua perda.
E o destino parecia agir quando, em meio a esses pensamentos, um cartaz verde claro praticamente espancou seu rosto. Yoongi se prontificou em tira-lo dali e se preparou para amassar e jogar fora, quando viu a foto de Dudu ali.
 
-Isso é... –Leu o que havia lá e olhou em volta assustado. Olhou o cartaz novamente observando o número de telefone ali. Pegou seu celular rapidamente e discou o número sem cerimônias, sendo atendido rapidamente.
-ALÔ? –Gritaram do outro lado da chamada.
-Oi... Hum... Foi você que pendurou os cartazes de um cachorri...
 
-SIM, SIM, FUI EU! –Yoongi sorriu sem dentes com a empolgação do outro menino na chamada, olhando para Dudu e imaginando a falta que fazia. –Moço.. Desculpa minha euforia, mas esse cachorrinho é tudo que eu tenho... Bom, não que eu seja um sem-teto. Eu tenho casa, comida, roupas e pais, mas Dudu é tudo que importa pra mim. Ele é absolutamente TUDO na minha vida e se eu perde-lo vai ser o fim do mundo, tá me entendendo? –Disse num só fôlego, arrancando uma risadinha do esverdeado.
 
-Calma, calma. Respira fundo... –Falou, ouvindo o baixinho do outro lado fazer o que dizia. –Ok, Dudu está bem. Ele ficou lá em casa por uns quatro dias e...
 
-AH MEU DEUS! ONDE VOCÊ MORA? –Falou Jimin, já com lágrimas nos olhos, soluçando um pouquinho.
 
-Moro no litoral da cidade, bem na avenida... –Yoongi passou seu endereço direitinho para o mais novo e se dirigia para lá, ouvindo agradecimentos e o pedido de uma foto do seu cachorrinho para o mais velho.
 
-Muito, muito obrigado... Qual seu nome? –Falou fungando, meio rouco devido ao choro.
 
-Yoongi. O seu? –Jimin travou. Poderia em Busan existir somente um  Yoongi? No litoral? Jimin não quis criar expectativas falsas. Já tinha em seu coração a incerteza do cachorrinho ser Dudu, como das outras vezes, então não deu muita bola para isso (ainda que seu coração idiota o fazia acreditar que sim, era seu amor platônico ali do outro lado).
 
 
-Park Jimin. –Yoongi arregalou os olhos felinos, cuidando a rua para atravessar com os bichinhos.
 
-Park Jimin?
 
-S-sim...?
 
-Filho de Park Chaeyoung  e Park Jaebeom? –Jimin engoliu em seco, já trêmulo.
 
-Sim.
 
-Uau! Você é tipo... O menino mais rico do mundo! –O Park riu.
 
-Só de dinheiro... –Min ainda estava embasbacado por estar falando com uma das pessoas mais importantes da Coréia (apesar de nunca ter o visto de verdade).
 
-E-então senhor Park, eu posso...
 
-Ah, não me chame de senhor! Tenho 15 anos!
 
-Eu sou mais velho que você? Waah! Tenho 17... –E assim engataram numa conversa animadora até Jimin chegar no lugar marcado para encontrar finalmente seu bichinho.
 
Ele entrou na lanchonete conhecida por si (famosa em seu interior por abrigar um trabalhador que despertava em si sentimentos muito estranhos), e se sentou em uma das mesas, nervoso.
Olhou pela janela por um instante, vendo o mar agitado pelo vento engolir o resto da areia que sobrava na praia. A maré estava alta. Fixou tanto seus pensamentos em mares e marés que se assustou quando uma mão tocou seu ombro.
 
-Park Jimin? –Virou-se rapidamente, vendo os olhos de mel próximos aos seus castanhos.
 
-O-oi... –Disse num fio de voz.
 
-Sou Min Yoongi. –Estendeu sua mão para aperta-la. Jimin a olhou por alguns segundos, antes de diminuir a distância entre elas e sentir o macio da sua palma liberar a descarga elétrica intensa pelo seu corpo todo. Ele não acreditava em quase nada, mas talvez o destino estivesse dando as caras para sua felicidade, porque isso, para o mais novo, não era nem de longe uma coincidência. Logo o menino que admirava de longe, a primeira pessoa que sabia que nutria sentimentos, foi a que achou Dudu. Fazia sentido demais para Jimin. –É muito bom te conhecer. –Sorriu gengival. Jimin achou que desmaiaria com tamanha perfeição em uma só face.
 
-P-prazer... –Falou envergonhado.  O mais velho riu soprado, fazendo seus ombros chacoalharem.
 
-Vem, eles estão lá fora. –Seu pulso foi agarrado de maneira delicada, em seguida sendo puxado para os fundos do local. Jimin demorou a raciocinar que Yoongi havia falado no plural.
 
-Eles? –Inclinou a cabeça para o lado, franzindo o cenho.
 
-Ah, esqueci de dizer. –Se virou para o mais novo, parando de caminhar para explica-lo. –Eu tenho um cachorrinho também. –Sorriu sem dentes. A cada ação feita pelo esverdeado uma batida do pobre coração de Jimin falhava.  –Min Holly.
 
-Que f-fofo... –Sorriu envergonhado.
 
O castanho foi puxado até os fundos da casa, vendo seu cãozinho ali brincando com outro de coloração marrom mais escura.
-Dudu? –Chamou num sussurro, vendo o pequeno mexer suas orelhas e o olhar com o rabo agitado. –Vem, sou eu... –Falou embargado, se ajoelhando. Dudu correu para seu colo, o lambendo e fazendo sons de choro, enquanto Jimin de fato chorava sem parar. Era uma sensação de alívio saber que o único ser que importava em sua vida estava a salvo, estava bem. Ele cheirou o pelo encaracolado, acariciou a barriguinha cheia e quente, beijou a cabeça redondinha de orelhas baixas. A saudade era intensa.
 
-Você ama ele mesmo... –Yoongi se pronunciou depois de algum tempo. Jimin se assustou um pouco devido à bolha em que se encontrava, somente matando o que lhe matava aos poucos.
 
-Sim... –Sorriu com a ponta do nariz vermelha. Yoongi achou aquilo adorável. –Ele é tudo...
 
-Eu sei bem como é... –Disse olhando para Holly, que observava a cena com a cabeça inclinada.
 
-Quanto você quer por ter cuidado dele? –Disse Jimin, ainda afetado por seus sentimentos.
 
-Quanto?
 
-Sim... Minha família tem bastante dinheiro, como sabe.. –Começou falando entediado. –Então cobre o quanto quiser. –Fungou. O esverdeado o analisou sério, enquanto pensava no quanto poderia estar afetado.
 
-Eu não quero nada Jimin... –Se abaixou junto ao mais novo, olhando no fundo dos seus olhos.
 
-N-não? –Jimin se afastou minimamente em reflexo. –Mas você...
 
-Olha, quer entrar? –O olhos-de-mel suavizou sua expressão, tocando o ombro alheio. –Nós tomamos um chá e conversamos. Meu pai pode levar vocês para casa na caminhonete dele. –Levantou as sobrancelhas, deslizando sua mão calmamente pelo braço, fazendo o pequeno sentir o local formigar e queimar em seguida. Estava inebriado novamente, mas era muito mais que isso, pois agora aqueles olhos se direcionavam a si, somente a si, e sua voz fazia cócegas em seus ouvidos, assim como seus dígitos quentes pousavam sobre o tecido de sua roupa. –O que me diz? –O mais novo se limitou somente a assentir e levantar-se.
 

Lost Doggo - YoonminOnde histórias criam vida. Descubra agora