— Em primeiro lugar: oi!; Em segundo lugar: claro, pode entrar; e em terceiro lugar: Como é?— Por favor, não se faça de desentendida. Não estou a fim de perder tempo. Você...
— Amor, a pizza chegou? — Alguém gritou do alto das escadas e Marion olhou para cima. Ao olhar, ela ficou atônita por um breve momento. — Senhorita Davies?
— Andy? — Marion perguntou com a mesma surpresa que a menina.
Era desnecessário perguntar o que sua secretária estava fazendo ali, já que as roupas, ou a falta delas, dizia por si só. Marion voltou a olhar para Sarah.
— Que merda é essa? — ela estreitou os olhos. — Acredito que temos algumas coisas para conversar, Sarah VonPirrre Floyd. É este o seu nome, certo?
Por um instante, Marion poderia ter jurado que um lampejo de surpresa percorreu os olhos de Sarah. Tão rápido que poderia muito bem ser coisa de sua cabeça, mas ela sabia que vira certo.
— Andy, meu amor — Sarah falou —, pode er... Nos dar licença por alguns minutos? Fique de olho na pizza, que vamos conversar no escritório.
Sarah saiu andando na frente. Antes de segui-la, Marion olhou para o alto das escadas mais uma vez e deu um aceno sútil com a cabeça, em despedida.
— A Andy? Isso também faz parte do seu show? Enganar... Enganar a Andy? — Disparou Marion, ao entrarem no escritório.
— O que você quer aqui? — Rebateu Sarah, tão ríspida que nem parecia aquela mulher calorosa com quem Marion se acostumara.
A assassina cruzou os braços sobre o peito.
— Não vai nem ao menos se dar ao trabalho de negar?
— Você invadiu minha casa igual uma louca, gritou comigo, assustou minha namorada como se fosse dona dela e — ela enfatizou — citou meu nome como se fosse algo acusatório. Estou esperando você falar alguma coisa sensata, antes de eu resolver ligar para a polícia.
Marin engoliu em seco e andou até a mesa de trabalho que havia ali e abriu sua pasta, despejando alguns papéis em cima dela. Começou a organiza-los conforme ia falando, para que Sarah acompanhasse seu raciocínio.
— Este homem é Henrique. Henrique Floyd. Costumava ser empresário reconhecido, tanto aqui, quanto na França. Coincidentemente, todos os seus sócios faliram com excessão, é claro, dele.
— E agora só porquê tenho problemas com pai e o mesmo sobrenome desse Henry...
— Henrique — corrigiu Marion.
— Isso, esse aí. Significa que sou filha dele?
Marion não se incomodou com a interrupção, ou de respondê-la quando continuou.
— Há mais ou menos quinze anos, ele foi preso por... — mais uma vez a mulher engoliu em seco, mas se obrigou a continuar — Por estupro. Então pensei em ver o quão suja estaria a ficha criminal dele.
Sarah se mantinha de pé observando as fotos, ouvindo atentamente a mulher em sua frente. Tanto seu rosto, quanto sua expressão corporal, mantinham-se inexpressivos, apesar de atenta.
— E?
— E que ele é tão vagabundo que não há mais nada além disso. Nada, exceto — Marion distribuiu mais papéis sobre a mesa. Ao olhar e lê-los por alto, Sarah enrijeceu o corpo — por esta publicação em um site desativado. Chamava-se "filhos do medo". Quando li, fiquei em dúvida se era uma reportagem, um relato... Mas cheguei a conclusão que era um desabafo, um depoimento. Seja lá quem escreveu, é muito comovente. Mesmo que a mãe dessa garota não tenha sobrevivido, bom, passar tudo o que ela passou não deve ter sido fácil. Chamar o resgate, entregar o próprio pai...
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Assassina de Luxo [Concluído]
RomanceUma infância destruída pelo melhor amigo de seu pai. Durante muito tempo, Marion sentiu vergonha de si mesma e do seu corpo depois de tudo o que aconteceu. Jurou nunca confiar em ninguém que tentasse se aproximar dela. Mas o tempo passou e ela cresc...