Eu entrei dentro de um armário e me tranquei lá, olhando tudo acontecer pela brechinha, segurando o choro. Ou ao menos tentando. Ela jogou um vaso no chão, depois começou a respirar fundo, virou de costas e foi embora. Me deixando sozinha. Eu e meus traumas. Eu e minhas lágrimas. Eu e minha dor. Sim, ela me abandonou.
Assim que saiu pela porta senti minhas lágrimas rolarem. Enquanto soluçava senti finalmente os cacos de vidro em meus cabelos e roupas. Depois de vários minutos consegui sair de lá, ainda em choque.
Me deparei com uma sala vazia. Vazia de pessoas, vazia de amor. Mas, cheia de coisas quebradas, cheia de ódio e de decepção. Saí dali, sem rumo. Lentamente, passos vagarosos, mas por dentro eu estava desesperada.
Foi assim que virei órfã. Foi assim que me deserdaram. Foi assim que saí de lá.
-Eu não sabia...
-É, eu sei.
Me levantei da carteira, observei, com orgulho meu novo trabalho. A história trágica de uma garota órfã. Posso me esforçar e melhorar o desenvolvimento, eu acho.
Sinto alguém tocar meu braço e me viro. Sarah me olha, rindo da minha reação por estar surpresa.
-Eu ainda te mato.
-Não seja chata! O que tá escrevendo?
-Merda, você e sua curiosidade.
-Conta, vai!
-Vamos embora.
Pego minha mochila e coloco nas costas. Sarah sai na frente. Antes de passar pela porta olho para trás. Me deparo com ela, sorrindo para mim. Ela some depois de eu retribuir o sorriso e sinto meu coração mais leve, de repente.
-Karry, vamos!
-Já vou...
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My history, Her history
Short StoryEscritas. Visões, fantasmas, lembranças? Não se sabe. Nunca se saberá...