Capítulo 68 - Cristopher

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Haviam se passado dois dias desde que descobri da doença dela. Naquele dia eu cheguei em casa desolado, ainda sem acreditar que fosse verdade, mas sem dúvidas com raiva dela ter escondido algo tão importante assim de mim. Eu só consegui deitar e chorar na cama até adormecer. Quando acordei me deparei justamente com a mensagem dela quando peguei o celular. Era um simples coração mas aquilo era o suficiente para me deixar balançado. Eu cheguei a pegar o celular para falar alguma coisa, mas desisti. Eu ainda estava chateado, então preferi não falar nada.

E assim temos mantido distância desde esse dia. Eu não disse nada e ela não enviou mais nada. Confesso que essa maldita distância têm me machucado, eu sinto imensa saudades de sua companhia, do seu sorriso e de ver o brilho em seus olhos quando me vê. Mas ainda me sinto despreparado para falar com ela. Ontem procurei saber sobre a doença e como anda o tratamento com a médica. Ela pareceu se tranquilizar ao me ver e sabendo do diagnóstico. Inclusive disse que aconselhou diversas vezes ela a me contar sobre a doença, mas é óbvio que a teimosa não falou nada.
Eu adiantei os tratamentos e procurei o melhor hospital para que ela possa fazer as quimioterapias. Fiz exame de sangue para saber se eu sou compatível e desde então aguardo ansioso pelos resultados. Tudo estava pronto para que ela começasse a se tratar no melhor ambiente, só faltava ela levar toda a papelada e ela aceitar fazer isso.
Ouço leves batidas na porta e autorizo a entrada.
Pensei que fosse a secretária mas me surpreendo ao ver o Ricardo. Ele nunca batia na porta e essa era a primeira vez que fazia isso.

_Com licença. - Levanto a sobrancelha estranhando - Como você está?

_Estou bem. - Digo evasivo

_Até quando você vai continuar assim?

_Até que eu queira. Você não pensou em mim como seu amigo quando me escondeu algo tão grave.

_Foi um pedido dela. O que você queria que eu fizesse? Se quer saber, eu também não concordei em te esconder, apenas respeitei a decisão dela.

_Eu não quero mais saber disso.

_Para de ser cabeça dura, porra! - Diz exaltado

_Você está no meu escritório e na minha sala. Então, é bom falar mais baixo.

_Então deixa de ser idiota. Eu sei que você está péssimo, mas e quanto a ela? Não se importa? Acha que ela está feliz com a sua frieza?

_Ela deveria ter pensado nisso antes de esconder isso de mim.

_Você fala como se nunca tivesse errado.

_Eu não faria isso, principalmente com alguém que eu amo.

_Se você a ama, então esteja ao lado dela nesse momento difícil. Ao invés de maltratá-la com a sua distância.

_É isso que eu farei, mas não por agora.

_Saiba que você está sendo novamente um estúpido.

_Já falou o que queria? - Saio de trás da mesa - Agora saia daqui, se não quiser ganhar outro corte no supercílio.

_Eu só não revidei porquê você estava na sua razão. - Ele caminha até a porta mas hesita segurando a maçaneta - Eu vou levá-la para casa.

_Ela está aqui? - Pergunto surpreso

_Sim. - O meu coração acelera - Eu preferi vir antes para que você não a fizesse sofrer mais.

Ela estava ali, tão perto e tão longe ao mesmo tempo. Bastava apenas dar alguns passos e ao mesmo tempo exigia uma imensa coragem. Ricardo abre a porta e vai embora. De repente eu me sentia sufocado e desorientado. Ela estava me esperando, havia vencido o orgulho para me procurar. Sem mais suportar a distância, eu saio correndo até ela, para evitar que ela vá embora. Quando chego do lado de fora, ela estava entrando no elevador. Então rapidamente eu aperto o botão e ele não desce mais, abrindo a porta e revelando a sua linda face.

O outro lado do amorOnde histórias criam vida. Descubra agora