The Spring

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Assim que meus olhos encontram os dela é como se tudo volta-se a aquele exato dia, o dia em que a vi pela primeira vez, um dia qualquer em meio a primavera. Justamente, aquele dia em que pensei que nunca mais a veria de novo...

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O ensaio da banda havia recém terminado, por mais que nosso nível de sucesso já era o suficiente para encher um estádio, os ensaios nunca deveriam parar, pois, buscar melhorar e aperfeiçoar no que fazemos são coisas que nunca devem deixar de ser prioridade.

Depois de arrumar tudo, me despeço brevemente dos meus colegas de banda e saio do local. O vento de primavera me atinge assim que coloco meus pés para o lado de fora do prédio, nunca fui de reparar naquelas coisas, mas algo de diferente pairava pelo ar.

Enfio minhas mãos dentro da jaqueta de couro preto que uso e começo a andar até o parque, onde eu deveria o atravessar, rumo ao meu apartamento.

Haviam poucas pessoas no parque, e por mais colorido que tudo parecia por conta das flores e do típico "poder" da primavera, tudo na minha visão parecia ter um tom acinzentado. Era algo que acontecia com frequência, era como se só ao estar tocando guitarra e/ou cantando a minha volta tivesse cor, contudo, quando a música parava, tudo voltava a monotonia depreciativa da vida.

— Cerberus, espera! – Grita uma voz feminina tirando-me dos meus pensamentos.

Quando decido virar a cabeça para tentar compreender o que a mulher estava dizendo, encontro um cachorro correndo em minha direção. Em um relance de olhos, aquele cachorro me lembra do meu falecido amigo, Dragon, entretanto, essa semelhança foi tão breve quanto meu pensamento, por mais que eu ainda sinta falta dele, a dor da perda nunca vai desaparecer.

— E aí, cara. – Digo para o cachorro que levanta uma orelha e abana o rabo.

— Peguei você. – Diz a mulher que engata a guia em seu cachorro que continua me encarando com curiosidade.

Conduzo meus olhos do cachorro para a mulher que estava atrás do mesmo. Algo nela parecia se iluminar, mas talvez fosse só a iluminação do sol que batia encantadora e calorosamente nela. A mulher aparentava ser um pouco mais nova que eu, tinha cabelos longos loiros e olhos azuis esverdeados, sua pele era clara e usava um vestido longo preto com mangas curtas caídas.

— Não sei o que você fez, mas muito obrigada por parar meu cachorro. – Agradece ela com um sorriso enorme no rosto, mostrando suas covinhas.

— Não foi nada. – Respondo dando de ombros, pois realmente não havia feito nada para que o cachorro dela ficasse "calmo".

— Você tem uma voz familiar, já não nos conhecemos antes? – Pergunta a garota arqueando uma sobrancelha em uma expressão de que estava confusa.

— Provavelmente você só a tenha escutado antes. – Respondo secamente, não estava com vontade de lidar com fãs histéricas.

Por mais que eu agradeço aos meus fãs, tem vezes que toda aquela "histeria" me enche o saco. Sou apenas uma pessoa normal que canta, não deveria ser tratado como se fosse um "deus na terra", não que eu acredite que isso exista.

— Bem, foi um prazer te conhecer voz misteriosa. Até mais. – Diz ela passando por mim com seu cachorro ainda me olhando.

Balanço minha cabeça sem entender a atitude daquela garota. Ela só vai aceitar minha resposta? Não vai tentar descobrir nem nada?

A verdade é que eu gostaria de chamá-la de volta, contudo, apenas a deixo tomar seu rumo, enquanto fico parado no meio do parque. Realmente, algo estranho está pelo ar, ou talvez eu finalmente tenha enlouquecido.

The Spring - CastielOnde histórias criam vida. Descubra agora