Capítulo 31 - Helena

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Estava na cabine de controle, ocupando temporariamente o lugar de Kaayra que sabe os deuses onde havia se enfiado. Ela literalmente só pediu para eu cuidar dos controles da trirreme e desapareceu. Estava no meio da noite quando ela resolveu aparecer saindo da água.

Helena: até que enfim resolveu aparecer. Onde você se enfiou?
Kaayra: no fundo do oceano. Tinha um tubarão seguindo a gente fazia um tempo, então fui conversar com ele

Fiquei em silêncio olhando para a cara dela. Ela só podia estar me zoando. Sério que ela desceu pra conversar com um tubarão?

Kaayra: que? Ele queria brincar... Era um filhote...
Helena: você sumiu por mais de meia hora pra brincar com um filhote de tubarão?
Kaayra: ahm... Sim?
Helena: deuses, eu nunca vou entender os filhos de Poseidon

Kaayra: eu não sou filha dele, de qualquer forma
Helena: é sim. Adotada.
Kaayra: da pra ser considerado adoção receber uma doação de sangue divino?
Helena: pra ter a proteção de um acampamento só de pessoas filhas de deuses, sim
Kaayra: justo.

Não sei exatamente por que, mas Kaayra arregalou os olhos e tirou sua camisa. Segundos depois que ela fez isso, suas asas rasgaram suas costas e saíram, ficando livres da prisão que deveria ser o corpo dela. Estavam imundas de sangue e molhando o chão. Kaayra xingava enquanto fazia o próprio sangue sair do convés e entrar no mar, além de estancar o sangramento na base das asas.

Helena: pela quantidade de xingamentos que você tá falando, isso não deveria acontecer
Kaayra: é, não devia. Mesmo se estiverem crescendo, não era pra elas mesmas se forçarem pra fora do meu corpo.
Órion: *me materializo ao lado de Helena* posso dar uma olhada nelas?

Pulei de susto com o demônio padrinho de Kay aparecendo. Eu sabia que ele estava ali, era muito fácil de sentir toda a energia demoníaca dele, mas fui pega de surpresa com ele se materializando justamente ao meu lado.

Kaayra: pode olhar
Helena: por que Hades você se materializou do meu lado?
Órion: *indo até a Kay* se eu aparecesse ao lado da Kaayra eu teria sido degolado
Helena: isso é exagero
Kaayra: talvez sim, talvez não.

Órion chegou onde Kaayra estava e começou a estudar as asas dela, Kaayra fingia que nada a stava acontecendo ali e ficou analisando o ar, como se sentisse algo errado.

Helena: ok, você tá com aquele olhar de "tem algo muito errado por aqui"... Você tá sentindo algo estranho no ar?
Kaayra: na verdade, sim. Mas até o momento não parece ser nada... Preocupante
Helena: você demorou muito pra falar...

Kaayra: tá, talvez seja algo preocupante sim porque pode ser um anjo ou demônio querendo me caçar ou se vingar do meu pai
Helena: Kaayra, eu não gosto dessas suposições. E não falo nem pensando em eu acabar ferida, falo pensando em você. Porque você não pensa em si mesma...
Kaayra: calma, não deve ser nada demais poxa
Órion: na verdade, é exatamente por isso que suas asas saíram

Eu e Kay ficamos num silêncio tão profundo que eu acho que ela conseguia ouvir meu coração batendo da distância relativamente grande em que estávamos.

Órion: suas asas funcionam como uma defesa também. Uma defesa de fuga. Se elas saíram, é porque querem que você fuja... E se querem que você fuja
Kaayra: é porque tem alguém mal por perto....
Órion: exatamente
Helena: mas por que com você as asas dela sempre ficam onde tem que ficar? Você é um demônio...

Órion: O subconsciente dela já me conhece e sabe que eu sou um parente bom para ela e não represento uma ameaça.
Helena: entendi...
Kaayra: *falando comigo mesma* acho que minhas asas cresceram... Parecem mais pesadas...
Helena: você não tava prestando atenção na gente né?
Kaayra: hm? *olho pra Helena* óbvio que eu estava...
Órion: melhor eu ir, se suas asas saíram de seu corpo quer dizer que eu tenho pouco tempo para me esconder... ainda mais que isso pode ser arriscado para nós.

As Sete Pecadoras e o Deus do MarOnde histórias criam vida. Descubra agora