Flashback
Cabelo arrumado com o laço na cabeça. Roupas casuais, nada exagerado, para não parecer muito caida por ele. Passo um gloss nos lábios e suspiro alto, descendo a clavícula, pondo as mãos na penteadeira.
— Mais uma vez — digo baixinho, agarrando num colar que há um pigente com o formato de clave de sol, Dylan me deu ele no Natal do ano passado.
Aprecio a jóia no espelho. Passou quatro anos, já tenho catorze e ainda sou perdidamente apaixonada por aquele garoto de covinhas estonteantes.
Ouço o meu nome em voz alta, poderia ser mamãe se fosse fina, porém, era meio aveludada, como se estivesse em transição para a grossa.
— Estou indo — respondo gritando. Por que homens são tão apressados? Não podem esperar nenhum minuto a mais?
Pego no violão, que também foi presente de Dylan. Ele torna a minha vida musical fantástica. Não digo pelos mimos, mas também por ser a inspiração de me fazer compor.
Desço as escadas depressa, segurando o instrumento de um modo que não seja possível deixa-lo cair. É minha arminha poderosa.
— Mas que demora! — reclama, se levantando do sofá, e quando para o olhar sobre mim, sinto a timidez atingir meu rosto — Por que esta maquiada? — franze o cenho, sorrio fraco a medida que coloco uma mecha de cabelo detrás da orelha.
— Estava treinando. Logo vamos para o ensino médio, e tenho que me arrumar mais — minto, dando passos a frente.
— Ah... — acena a cabeça — Fala logo o que você quer, tenho compromisso daqui a 40 minutos, esta me fazendo perder tempo.
A adolescência tornou Dylan tão rebelde que as vezes acho não ò conheço. Sinceramente a saudade que tenho dele carinhoso e gentil é avassaladora.
— Me siga — digo, precionando os dedos no violão e me encaminhando de volta as escadas.
Subimos em silêncio ao sótão escuro. Há tanto tempo que não damos uma limpeza nele, que toda vez espirro.
— Tá... o que tem demais no sótão? — tento achar sua expressão, porém, o preto que cobria os olhos não permitia.
— Não é aqui — nego, me direcionando a uma janela tampada com a cortina vermelha, abro ela e dou passagem ao teto, saio pra fora e chamo Dylan.
É lindo daqui de cima, venho todas os crepúsculos, a fim de escrever.
— O que vai fazer? — ele questiona, franzindo o cenho.
— Cala a boca, e apenas me siga! — digo, sentindo a corrente de vento bater contra a face e arremessar os cabelos no ar.
— Esta bem — murmura, se ajuntando a mim. — Emma, vai demorar muito? — pergunta, e ligeiramente balanço a cabeça.
— Calma, Dylan! Você é muito apressado! — o repreendo.
Me sento, num ponto frente ao pôr do sol, tudo é encantador.
— Você é mesmo maluca — ele comenta, se confortando ao lado.
— Quero lhe mostrar a música que compus. Desde que me deu esse violão, eu não paro de tocar — mostro os dentes, sorrindo, mas não demora para fecha-lo.
— Foi minha mãe que escolheu, não tenho nada a ver — dá de ombros.
— Ok... — sussurro, arrumando o instrumento em cima das pernas, e iniciando o canto que durante toda a composição, Dylan foi o principal motivo.
Me sentia livre, não sei explicar, mas a sensação era única. Estou mostrando os meus sentimentos mais uma vez.
Os dedos deslizam cada vez com mais intecidade nas cordas do violão, enquanto o timbre se torna mais alto. Nesse momento, parece que há pássaros batendo as asas dentro da barriga, e quando termino a canção, desvencilho a visão do horizonte, e à foco em Dylan.
— O que vo... — fico boquiaberta quando o mesmo não desgruda do celular.
— Era só isso? — arqueia as sombrancelhas.
— Sim — respondo, ainda sem reação.
Ele nem mesmo fingiu que se importava. É mesmo um idiota! Eu sou mais idiota! Me dediquei a essa merda para nada!
— Estou indo — se levanta e sai na direção que vimos.
O fracasso abrange o corpo novamente, deixo o violão no porão e fecho o caderno de composições para nunca mais abrir. As lágrimas descem, ao olhar a outra janela, vejo o garoto com seus amigos, e principalmente uma garota loira, incrivelmente linda.
A única pessoa que cantei, e me interessava cantar, era Dylan, e o mesmo deve ter odiado! Minhas composições são horríveis e a voz possivelmente uma droga.
♡♡♡
Historiazinha do passado dela. Aos 14 anos. Meu Deus! Tadinhaaaa
Dividi o capítulo em dois, acho que ainda vou postar o 4 hj!
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Não Somos Irmãos
Genç KurguEmma, aos 10 anos de idade, nutre sentimentos pelo filho da melhor amiga de sua mãe. Porém, o mesmo a rejeita na época, por considera-la uma irmã. Eles crescem no meio de muitas brigas e confusões, até que Emma começa a sair e conhecer outros garot...