Curar-se

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James ainda estava em estado de choque quando chegou em casa.

Sendo observado com preocupação por Marlene, ele foi diretamente para o seu quarto, apenas gritando um "oi" para seus pais. Nem Euphemia nem Fleamont estranharam aquilo, pois era usual James não se sentir bem após suas sessões de quimioterapia e ir diretamente para seu quarto descansar. Sua prima, entretanto, vira a aparência desolada que James adotara após a conversa com Emmeline, porém decidiu não pressionar por hora.

Assim, o Potter mais novo apenas seguiu em frente, mal reconhecendo a presença de Sirius em sua cama quando adentrou o quarto. Ele andou reto para o banheiro acoplado, praticamente correndo. Padfoot levantou os olhos de seu celular, franzindo o cenho ao observar o amigo passar. James nem sequer fechara a porta do banheiro antes de se ajoelhar diante do vaso e começar a vomitar.

Sirius levantou-se de prontidão e foi até o melhor amigo, agachando-se ao seu lado e acariciando as costas dele enquanto este vomitava.

Era o mínimo que o Black poderia fazer depois de como tinha sido cuidado no dia anterior.

Quando James pôs tudo para fora, o Potter se levantou, trêmulo, dando descarga no vaso sanitário e indo lavar a boca na pia do banheiro. Sirius acompanhou pacientemente cada passo, imaginando que aquele tremor era uma remanescência de sua condição física fragilizada.

Entretanto, quando James terminou seu processo de higiene e o amigo reparou que este possuía lágrimas consecutivas caindo de seus olhos... Bem. Talvez aquilo não fosse apenas físico, mas sim emocional.

Os olhos do Potter e do Black se encontraram. O primeiro começou a andar, saindo do banheiro e se jogando na cama, ainda tremendo. O segundo foi atrás, de forma preocupada.

O tremor de James ficou mais forte. Junto a ele, ruídos se seguiram. Soluços. James estava soluçando.

E Sirius estava apavorado ao ver aquilo.

Portanto, ele se aproximou do melhor amigo fragilizado de forma cuidadosa, deitando ao seu lado na cama e passando um braço sob ele. James se encolheu no afago do amigo, como uma criança que busca o conforto dos pais após ter tido um pesadelo particularmente ruim.

— O que aconteceu, Prongs? — Sirius questionou, tentando soar suave, embora estivesse autoconsciente de que aquilo não era seu ponto forte. Ele lentamente se desvinciliou do outro. — Algo deu errado na quimio?

— Não... — respondeu James, fracamente. — Não comigo.

Sirius franziu a testa, preocupado.

— Com quem, então?

James parecia estar prestes a voltar a soluçar. Porra, agora Sirius estava muito preocupado.

— Com Emmeline, Pads. Ela está morrendo.

O coração do Black pareceu despencar em seu peito.

— O quê? Como assim? — perguntou ele, em choque.

— Como assim o que, Sirius? Merda, ela tá morrendo, o médico acha que ela tem um ano de vida! Tem algo aqui difícil de entender?! — James se exaltou, levantando a voz à medida que ia falando.

Ele parecia furioso.

E Sirius... Encolheu-se, contraindo os ombros.

Foi automático. Reação de medo a pessoas com raiva, reflexo dos anos com seus pais, talvez. Entretanto, havia aprendido a controlar aquele impulso e se manter firme e sem demonstrar medo naquelas situações familiares. Sempre o rebelde e a rocha de Regulus.

Então, por que naquele momento, em que seu melhor amigo estava furioso não realmente com ele, sendo o grito só um escapismo, ele se encolhia? Não fazia sentido para Sirius.

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⏰ Última atualização: Feb 23, 2022 ⏰

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