CULPA?

272 38 33
                                    


Hoje era segunda, e por algum motivo eu sentia que algo nada bom iria acontecer. Sabe quando você pressente algo, aquilo que vem junto com um leve frio na barriga e os pelos de seus braços até a nuca se arrepiam. Então é exatamente isso que está acontecendo.

Enquanto entrava na Runway normalmente para mais um dia de trabalho, no elevador eu senti, era como um vento frio invisível que passa por sua nuca e se estende pelo meu corpo.

Descido deixar de lado a sensação, tenho coisas muito importantes para resolver o momento. A edição do próximo mês já precisa começar a ser planejada e a pessoa que eu desejo que participe da equipe infelizmente não se faz muito presente de cabeça no trabalho.

Ela é uma grande e antiga amiga minha, posso até dizer que a minha ''melhor amiga'' como é denominado pelas pessoas. Ela esteve comigo desde meus 17 anos, foi minha nova vizinha naquela época e grande confidente.

A primeira pessoa para quem contei meu desejo de trabalhar com a moda, a pessoa que esteve ao meu lado nos melhores momentos de minha vida. Quando eu consegui passar na faculdade de design ela esteve lá para comemorar comigo.

Do mesmo modo que ela esteva lá, me agarrou e segurou sem perder a força no dia em que parte de mim se encontrou perdida. Ela ficou comigo na morte de meus pais, ela que impediu que eu me matasse, que eu perdesse a esperança de me reerguer novamente.

Nunca fui de me abrir para as pessoas, depois da morte da minha única família eu me fechei, deixei de me importar com sentimentos como o amor. 

Para que eu me apegaria a isso, por que me amarrar a algo que iria me machucar de qualquer forma. Amar é isso, amar é como o sua série/livro preferido, aquela que você sente uma enorme felicidade enquanto dura, enquanto aproveita. Mas quando ela chega ao fim, quando não existe mais aquela sensação de bem, você sente uma dor um vazio.

Claro que isso nem se compara com a dor de perder alguém, mas você de algum jeito pode mais ou menos entender onde quero chegar com isso. 

Foi basicamente isso que me aconteceu, naquela época claro eu ainda era relativamente nova e não sabia ao certo como seguir em frente diante daquela perda imensa, então pensei em desistir. Mais Cristina não deixou, falou e falou que eles não iriam querer isso, que minha vida não era a de meus falecidos pais, que eu tinha que seguir em frente mesmo com a dor e a saudade.

E foi isso que eu fiz, ergui minha cabeça e segui em frente. Hoje sou a mulher mais rica de NY e uma das pessoas mais renomadas e temida do mundo da moda. Cristina também se destacou nesse ramo, se tornou uma ótima estilista.

E agora depois de muito tempo sem se ver, apenas mantendo contato por vídeos chamadas e mensagens de texto, nos encontraremos novamente. Ela será a responsável por produzir as peças que serão utilizadas na nova edição.

Sei de sua competência, e com isso confio no seu trabalho sem problemas. Ela chegaria daqui a pouco no prédio e eu posso estar um pouco empolgada para a ver.

Poucas pessoas conhecem a verdadeira eu, por trás dessa armadura e pose de rainha de gelo, existe uma mulher engraçada, carinhosa e boa companheira. Uma pessoa leve, sem medo de mostrar afeto e compreensão.

................................................................................................................................................................

Entro em minha sala logo após jogar meus pertences na mesa de Emily, me sento logo bebendo um gole de meu precioso café. Andrea estava linda como sempre.

Chamo ela e mando que busque algumas fotos para mim com Nigel. Ela prontamente atende mina ordem deixando seu posto.

Enquanto ela demora, Cristina chega no nosso andar. Ouço sua voz no momento em que conversa om Emily na entrada de minha sala que se encontrava com a porta encostada.

Além das Telas - MirandyOnde histórias criam vida. Descubra agora