POV : LOUIS
Acordei no hospital depois de ter desmaiado no local do acidente. A primeira coisa que fiz foi mexer as pernas. Eu sempre vi em novelas que depois de um acidente de carro, as pessoas quase sempre ficam, paraplégicas.
Depois disso abri um pequeno sorriso por conseguir mexê-las. Pra minha sorte eu conseguia sentir todas as partes do meu corpo. Foi quando enfim abri os olhos.
Os bip's do monitor eram a única coisa que ecoava pelo quarto, nada mais. Era um total silêncio enquanto eu sentia o sol queimar um pouco o meu rosto. Meus dedos agarravam-se ao lençol, eu respirava lento e pesado, contando de 1 até 10 diversas vezes.
Meu desejo era eliminar todos os pensamentos negativos e deixar a mente limpa. Aquilo que estava acontecendo só podia ser coisa da minha cabeça.
Uma missão inútil, já que senti o choro vir mais rápido do que eu imaginava assim que abri os olhos novamente. Levei as mãos ao rosto, chorando aos prantos. Eu não acreditei no que estava acontecendo.
Me sentei na cama agora com os olhos fechados outra vez. Retirei as mãos de lá e os abri. E tudo se resumia à isto; um vazio escuro e solitário. Sem formas ou gravidade, era a simples e terrível escuridão.
— Eu estou cego ! Eu estou cego ! –gritei desesperado. As coisas que antes eu via, agora não existem mais.
— O que está acontecendo aqui?!! –disse a enfermeira depois de entrar no quarto. — O senhor está bem? –sua voz agora era mansa e doce.
— E-eu estou...cego. –disse a última parte um pouco mais baixo.
— Se aclame por favor senhor. –tocou em meu braço e disse baixo também.
— Estou cego, cego ! –mexia minhas mãos diante de meus olhos tentando vê-las, mas eu não conseguia ver absolutamente nada. — Eu estou cego? Meu Deus eu não vejo nada ! –gritei em meio a um choro agoniado que saía de mim.
— Deite-se senhor. –disse tocando em meu braço delicadamente. — Escuta, eu não sei muito sobre o que aconteceu com o senhor depois da cirurgia...–ela pausou e então continuou. — Mas vai ficar tudo bem, creio que o médico venha mais tarde lhe dizer o que aconteceu. Não se preocupe agora.
— Eu fui operado?! –perguntei desesperado, será que também removeram algum órgão meu?
— Foi por causa da sua perna, tinha partes de carro nela. Mas já está tudo bem. Você consegue mexê-la normalmente. –disse num tom confortante.
— Sim. É, obrigado...
— Maria. –ela completou.
— Ah por isso é tão boa. –dei um risinho e ela também riu baixinho.
— Vejo que já está bem. –balancei a cabeça assentindo que sim. Infelizmente eu não sei lidar com as coisas, então depois de um surto as coisas simplesmente se prendem dentro de mim e eu aceito tudo de ruim que aconteceu...eu sei que não me faz bem, mas eu não sei o que fazer pra parar com isso.
— A minha perna está doendo. –reclamei, porém, mais calmo.
— Vou colocar seus antibióticos no soro.
— Obrigado. E...meus pais estão lá fora?
— Sim. Foram chamados desde o dia do acidente. Agora só seu pai está lá fora. Acho que eles estão revezando de turno.
— Como assim? Eles não chegaram ontem? Como que já estão alternando?
— Não. –ela disse como se fosse óbvio e eu continuei sem entender. — Quer dizer, o senhor está aqui há duas semanas. –engoli a seco. Eu não sabia que já tinha se passado tanto tempo assim.
— Nossa...é, obrigado. –tentei ser simpático, mesmo me sentindo horrível por causa da cegueira e me sentindo totalmente perdido com aquela situação.
Assim que ela saiu eu fechei meus olhos sentindo as pálpebras já pesadas, devido o efeito do remédio. Repousei as mãos sobre a barriga e fiquei reto, tentando achar uma posição boa, mas era quase impossível achar um jeito confortável de dormir com todas aquelas coisas em mim.
Além do soro no meu pulso ainda tinha minha perna que estava enfaixada e aquela roupa de hospital que não é uma das melhores roupas pra se vestir.
×
No dia seguinte ao acordar abri os olhos esperando que o fato de estar cego tivesse sido apenas um pesadelo. Porém, tudo era verdade. Eu estava numa cama de hospital, com a perna enfaixada e estava cego. Tudo isso por um momento de ira que tive pra não chegar atrasado ao trabalho. Tudo por um momento idiota !
Alguns minutos depois de eu acordar a enfermeira Maria entrou fazendo alguns barulhos que eu não soube identificar.
— Bom dia senhor Tomlinson. Como está? Dormiu bem? –disse simpática.
— Bom dia. –disse sem empolgação alguma. — Estou em aceitação ainda...–disse e olhei para baixo, que não mudava nada pra mim, tudo era escuridão. — Mas eu dormi bem sim.
— Que bom senhor ! –disse contente. — E é assim que começa mesmo, vai ser aos poucos que o senhor vai se adaptar. E veja bem, o senhor está aqui, vivo ! E ainda não se sabe sobre sua cegueira...–ela parou de falar.
— Como assim? Ela pode ter cura?
— Desculpe, eu não sei dizer.
— Hum...tudo bem. E minha mãe? –perguntei meio choroso, minha mãe e eu temos uma ligação tão forte como não tenho com ninguém no mundo. E eu precisava muito dela naquele momento.
— Oh, ela já vai entrar. Mas primeiro temos que fazer a sua higiene.
— Verdade, eu preciso de um banho. –soltei uma risada fraca acompanhado de Maria.
Depois de fazer minha higiene com a ajuda da enfermeira, fiquei sentado esperando por minha mãe enquanto Maria ia buscar meu café da manhã.
— Vou pedir que ela entre.
— Ok ! –respondi batucando os dedos na perna boa.
— A senhora tem até às 11h.
— Tudo bem, obrigada. –minha mãe respondeu baixo, e depois ouvi um barulho de fechação de porta. Logo o barulho de seu sapato se fez presente no local ecoando pelo quarto. — Oi meu filho...
— Oh mamãe ! –disse choroso e abri os braços. Em questão de segundos ela já estava me abraçando forte.
— Eu sinto muito meu filho. –senti suas lágrimas molharem meu ombro enquanto ela envolvia seus braços ao redor do meu corpo.
— Tudo bem mamãe. –falei entre lágrimas agora repousando minha cabeça em seu peito.
Eu sentia que jamais poderia viver normal outra vez, sentia que nunca mais veria a luz do sol, ou o rosto de minha mãe, nunca mais eu veria meu próprio reflexo, nunca mais faria minhas coisas sem a ajuda de alguém, nunca mais poderia escrever meus livros ou dar aulas na universidade, nunca mais poderia ler meus livros preferidos, nunca mais seria eu mesmo.
•
•
•
•
•
•
•
E aí estão gostando??? Eu espero que sim🤗 se quiserem deixar alguma sugestão é só deixar nos comentários e não se esqueçam de votar. bjsss Larry 💚💙
VOCÊ ESTÁ LENDO
Um Covarde Para O Amor
FanfictionLouis Tomlinson é um escritor de romance de 27 anos. Extremamente conhecido por ter ganhado vários prêmios, dentre eles, o de melhor escritor de Chicago. Mas quando um acontecimento inesperado chega à sua vida ele é obrigado a voltar para Londres. H...