Fiquei parada no meio do corredor, encarando o lugar que Cold estava segundos antes, me perguntando se havia alguma forma de voltar no tempo e mudar tudo que havia acontecido segundos atrás.
—Hannah? —Olhei para o lado, encontrando Laís parada no meio do corredor também, me encarando com uma expressão perdida. Não precisei de mais do que meio segundo para perceber que ela sabia que aquele rastreador estava comigo e não com Tyler.
—Você vai me entregar? —Questionei, limpando as lágrimas dos meus olhos e ela negou com a cabeça rapidamente. Não sabia se deveria ficar grata ou não por isso, já que imaginava que Laís soubesse sobre o rastreador e meus pais.
—Eu sinto muito pelo Tyler. —Afirmou, piscando várias vezes, parecendo hesitante entre se aproximar de mim ou não.
—Cold pode fazer alguma coisa por ele? —Indaguei, vendo-a umedecer os lábios com a língua e então balançar a cabeça negativamente, desviando os olhos de mim para o chão. —Então ele vai ser executado de qualquer jeito, não é? Mesmo se eu falar que aquele rastreador estava comigo?
—Você não pode fazer isso. —Laís retrucou, com a voz soando como uma ordem baixa. —Você ouviu o que Cold disse. Não pode salvá-lo disso.
—O que foi que aconteceu aqui? —Ethan apareceu com Eliot, ainda ajudando nosso amigo a andar mais rápido por conta das muletas. Eu e Laís trocamos um olhar demorado, como se nós duas não soubéssemos o que dizer naquele momento. —Gente, o que foi que aconteceu? Não conseguimos ver por conta de todos os soldados.
—O rastreador caiu do meu bolso e foi parar aos pés do presidente. —Observei o rosto de Ethan começar a ficar pálido à medida que ouvia minhas palavras. —Tyler colocou a culpa em si mesmo para me proteger. E agora ele vai ser executado.
—O que? —Eliot soltou, olhando para Laís com uma expressão assustada, como se não estivesse acreditando no que estava ouvindo. Mas Laís balançou a cabeça que sim, fazendo os ombros de Eliot caírem, enquanto ele se virava para olhar pra mim. —Quando ele vai ser executado?
—Eu não sei. —Falei, soltando uma respiração pesada quando Ethan o deixou e se aproximou, me envolvendo com os braços em um abraço que poderia dizer muito mais do que todas as palavras do mundo.
[...]
O dormitório de Ethan estava silencioso. Eu estava deitada na cama dele, encolhida enquanto encarava a cama de Tyler, esperando que ele milagrosamente fosse passar pela porta. Mas quanto mais as horas passavam, mais a verdade caia sobre mim como uma tempestade de raios, queimando todos os meus pensamentos.
Ethan estava deitado na cama ao meu lado, com o braço ao redor do meu corpo, como se soubesse que eu precisava de qualquer coisa para me agarrar naquele momento. Ele não voltou a brigar comigo e nem a citar Cold. Tudo isso foi esquecido, assim como a raiva dele desapareceu quando entendeu a gravidade da situação.
Não sabia ao certo o que estava esperando ali, mas Eliot havia sumido, murmurando algo sobre tentar descobrir o que ia acontecer com Tyler, mesmo que todos nós tivéssemos certeza do que ia acontecer com ele, mais cedo ou mais tarde. Sawyer estava se movendo pelo dormitório, colocando todas as coisas de Tyler dentro de uma bolsa, porque havia recebido ordens de esvaziar o armário dele.
Sawyer não parecia feliz, porque fazia tudo muito demoradamente, soltando suspiros longos e resignados sempre que enfiava alguma coisa na bolsa. O único que parecia feliz era Gates, que havia entrado assobiando no dormitório, com um sorriso enorme na cara, antes de se dirigir ao banheiro. Ele estava a um tempo tomando banho, cantarolando alto o suficiente para que nós ouvíssemos dali. Era irritante o suficiente para me fazer desejar rasgar sua garganta.
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Em Destruição
Ficción GeneralO mundo sucumbiu as guerras e os países se tornaram ruínas. Agora, décadas depois, as pessoas precisam viver em zonas de contenção no subsolo, impedidas de ir além dos muros que cercam o complexo em que vivem. Cada um tem um papel crucial nessa nova...