Capítulo 69 - Aline

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A lanchonete estava muito movimentada e com isso, sequer tive um minuto para parar e descansar. Mas isso era bom, além das gorjetas, eu também mantinha a minha mente ocupada. Enquanto servia uma mesa, sinto o meu celular vibrar no bolso do uniforme e sorrio só em pensar em quem era. O Cristopher estava mais cuidadoso que o normal, chegava a ser até engraçado. Ele me acompanhava nas quimioterapias, me fazia tomar os remédios na hora exata e não me deixava fazer esforço nenhum. Foi um sacrifício convencê-lo de que trabalhar não me cansa, por mais que tenha uma pontinha de mentira nessa história.

Hoje, excepcionalmente, é um dia que eu estava exausta e ainda bem que estava acabando o meu expediente. Pego o celular e vejo a notificação. E sim, era mensagem dele, me perguntando se eu estava bem e se tinha tomado o remédio. Assim que leio essa parte, corro até a minha bolsa e engulo o comprimido.
Ele nunca me deixa esquecer mesmo!
Ouço outra vibração e era outra mensagem dele. Dessa vez dizia, um romântico "eu te amo". Foi impossível não me sentir emocionada e esboçar um sorriso ao ler. Eu havia descoberto um novo Cristopher. O Cristopher amoroso e carinhoso. Sempre que estávamos juntos ele estava de alguma forma me amando. Seja com palavras, carícias, beijos ou fazendo coisas que eu gostava.

Às vezes ele me segurava de uma forma, não possessiva ou violenta, mas de uma forma confortante para ambos e ele parecia não querer sair daquele aconchego nunca. E eu amo tudo isso.
Esse lado é muito mais agradável do que aquele bruto insensível que eu conheci de primeira.
E talvez fosse esse um dos lados do amor...
Eu particulamente me sinto uma pessoa melhor após conhecê-lo e me apaixonar, modéstia parte.
Mas com ele é surreal, a sua mudança, e é impossível não se impressionar.

Volto ao trabalho, sirvo algumas mesas e o expediente chega ao fim. Eu estava terminando de limpar a mesa, quando levanto os olhos e vejo o Pedro, do lado de fora. Ele estava parado, me encarando com uma expressão dura e eu tive medo de sair, mas eu não tinha opção. Entro no banheiro e troco a roupa. Ultrapasso porta a fora, sentindo um vento passar e me arrepio instantaneamente. Evito olhá-lo, mas sinto seus passos atrás de mim.

_Não pense que pode fugir de mim. - Continuo andando - Pare!

Ele altera a voz e me segura pelo braço, me alcançando.

_Não encoste em mim!

_Eu só quero conversar.

_Não temos nada para conversar, Pedro.

_Temos sim. Como você ainda pode estar com aquele playboyzinho?

_A minha vida não lhe diz respeito. - Me viro e ele novamente me segura pelo braço

_É claro que diz. - O olho de soslaio enquanto ele ainda me segurava - Aline, eu te amo!

_Você não sabe o que é amor. Isso que você sente é obsessão, nada mais que isso.

_Em quase sete anos eu nunca fui capaz de te esquecer, como pode dizer que isso não é amor?

_Se você me amasse mesmo nunca teria feito o que fez.

_Aquilo foi só um deslize. Será que você nunca vai esquecer?

_Esquecer? E você por acaso, com todo o amor que diz sentir por mim esqueceria? Você me perdoaria se fosse ao contrário?

_É claro que não. Mas eu sei que você nunca faria isso, sei que é boa e...

_Então não me venha falar de amor. Porque eu sim gostava de você, eu era apaixonada por você. - Me aproximo - Eu me sujeitei as milhares de condições impostos por você apenas para não te perder, eu sofri com o término, eu adoeci ao ver você e aquela mulher na cama. Então não seja dissimulado tentando me fazer de culpada quando você quem é o cretino.

O outro lado do amorOnde histórias criam vida. Descubra agora