— Menino Duarte, está tudo bem?
Ignorei a pergunta da Amanda e continuei a caminhar num passo acelerado até à sala de convívio onde os meus pais habitualmente estavam. As pessoas por quem passava paravam para olhar e tentar perceber o que se passava para me motivar a caminhar daquele jeito furioso. Ao chegar onde queria, abri as portas sem me importar com o que pudesse estar-se a passar naquela sala, fazendo um estrondo ecoar pelo espaço.
— Filho! — Chamou a minha mãe preocupada, sendo imediatamente ignorada por mim. — O que se passa?!
Avancei com tudo para cima do Rogério, cumprimentando-o com um soco na boca que o fez cair. Apesar disso, continuei as minhas investidas debruçando-me sobre ele.
— Duarte! Duarte! — Senti várias mãos a puxarem-me. A voz grossa do meu pai soou próximo do meu ouvido.
Ergui-me e ao virar-me, proferi desta vez um murro no nariz do meu pai.
— Duarte!! — A minha mãe desesperada agarrou-me no braço e eu acalmei-me para não a magoar.
— O que é isto?! Que merda vem a ser esta Duarte?! — O meu pai esfrega o nariz ensanguentado com as mãos.
— Verónica Belmonte, ressuscita-te alguma memória?! — Perguntei-lhe frente a frente e ele engoliu a seco. — Responde-me! — Berrei.
— A espanhola? A enteada do Hugo? – Questionou "inocentemente".
— E minha ex-namorada. Essa mesmo — completei.
— O que tem ela? — Rogério manifestou-se, sendo levantado pela filha.
— Está viva — encarei-o. — Veio ter comigo há umas semanas e temos sido... "aliados" um do outro — fiz uma pausa. — Mas não me parece que vos seja novidade!
— Duarte, de que raios é que estás a falar?! — A Sara interrogou. — Do que se trata isto tudo?
— Disto!! — Agitei os documentos à frente da cara dela. — É desta merda que estou a falar!! — Atirei-os para cima da pequena mesa próxima a eles.
— Duarte! — O meu pai tentou reprimir-me.
— Cala-te!! Nem te atrevas a ripostar!
— Duarte, tem calma, deixa-os... — iniciou a Diana, tentando apaziguar a situação.
— O mesmo aplica-se a ti!! — Berrei com a loira, que se encolheu. — Vindo de vocês nada me espanta — apontei para os Pereira. — Mas de ti? — Encarei o meu pai. — Sinceramente Félix, que nojo!
— A Diana tem razão, filho. Eu posso expli...!
— Eu deixei de ser teu filho a partir do momento em que descobri a verdade!! Quando é que me ias contar que eu tenho um irmão bastardo?!
— Que história é essa Duarte?! — A minha mãe aproximou-se de nós.
— Quando é que me ias contar que sabias que a Verónica estava viva este tempo todo? Eu sei que foi a Diana que te contou, está mais que visto.
— Claro que eu ia contar! Claro que...
— Não ias contar coisíssima nenhuma! — Completei o seu raciocínio. — Dava-te jeito, não é? Tinhas esperança de que o meu irmão ficasse com a Verónica e ela com o tempo voltasse para Guimarães. Então estando à procura do filho esplêndido!! Conseguias aproveitar-te deles e chupar o dinheiro dos Belmonte ao máximo através do Luís e da ilusão de saberes algo acerca do filho desaparecido deles. Mas, ainda te faltava um jeito de mamar o dinheiro da família da Diana. Como sabias que eu não perderia tempo nenhum em voltar para a Verónica assim que descobrisse que ela estava viva, juntaste o útil ao agradável e tentaste apressar o meu casamento com a Diana. Assim, não haveria forma de te arruinar os planos. Enquanto isso, — direcionei-me ao Rogério — o teu amigo aqui tinha outros planos...

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Desejo: Fazer-te ficar
Romance[CONCLUÍDO] Duarte Gama, um homem de negócios de 26 anos, sai do bar noturno que gerencia secretamente. Ao constatar que se esqueceu das chaves, recua caminho indo contra uma rapariga. Esta, atrapalhada, pede desculpa e segue a sua vida. Porém, ao...