XXXII

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— Menino Duarte, está tudo bem?

Ignorei a pergunta da Amanda e continuei a caminhar num passo acelerado até à sala de convívio onde os meus pais habitualmente estavam. As pessoas por quem passava paravam para olhar e tentar perceber o que se passava para me motivar a caminhar daquele jeito furioso. Ao chegar onde queria, abri as portas sem me importar com o que pudesse estar-se a passar naquela sala, fazendo um estrondo ecoar pelo espaço.

— Filho! — Chamou a minha mãe preocupada, sendo imediatamente ignorada por mim. — O que se passa?!

Avancei com tudo para cima do Rogério, cumprimentando-o com um soco na boca que o fez cair. Apesar disso, continuei as minhas investidas debruçando-me sobre ele.

— Duarte! Duarte! — Senti várias mãos a puxarem-me. A voz grossa do meu pai soou próximo do meu ouvido.

Ergui-me e ao virar-me, proferi desta vez um murro no nariz do meu pai.

— Duarte!! — A minha mãe desesperada agarrou-me no braço e eu acalmei-me para não a magoar.

— O que é isto?! Que merda vem a ser esta Duarte?! — O meu pai esfrega o nariz ensanguentado com as mãos.

— Verónica Belmonte, ressuscita-te alguma memória?! — Perguntei-lhe frente a frente e ele engoliu a seco. — Responde-me! — Berrei.

— A espanhola? A enteada do Hugo? – Questionou "inocentemente".

— E minha ex-namorada. Essa mesmo — completei.

— O que tem ela? — Rogério manifestou-se, sendo levantado pela filha.

— Está viva — encarei-o. — Veio ter comigo há umas semanas e temos sido... "aliados" um do outro — fiz uma pausa. — Mas não me parece que vos seja novidade!

— Duarte, de que raios é que estás a falar?! — A Sara interrogou. — Do que se trata isto tudo?

— Disto!! — Agitei os documentos à frente da cara dela. — É desta merda que estou a falar!! — Atirei-os para cima da pequena mesa próxima a eles.

— Duarte! — O meu pai tentou reprimir-me.

— Cala-te!! Nem te atrevas a ripostar!

— Duarte, tem calma, deixa-os... — iniciou a Diana, tentando apaziguar a situação.

— O mesmo aplica-se a ti!! — Berrei com a loira, que se encolheu. — Vindo de vocês nada me espanta — apontei para os Pereira. — Mas de ti? — Encarei o meu pai. — Sinceramente Félix, que nojo!

— A Diana tem razão, filho. Eu posso expli...!

— Eu deixei de ser teu filho a partir do momento em que descobri a verdade!! Quando é que me ias contar que eu tenho um irmão bastardo?!

— Que história é essa Duarte?! — A minha mãe aproximou-se de nós.

— Quando é que me ias contar que sabias que a Verónica estava viva este tempo todo? Eu sei que foi a Diana que te contou, está mais que visto.

— Claro que eu ia contar! Claro que...

— Não ias contar coisíssima nenhuma! — Completei o seu raciocínio. — Dava-te jeito, não é? Tinhas esperança de que o meu irmão ficasse com a Verónica e ela com o tempo voltasse para Guimarães. Então estando à procura do filho esplêndido!! Conseguias aproveitar-te deles e chupar o dinheiro dos Belmonte ao máximo através do Luís e da ilusão de saberes algo acerca do filho desaparecido deles. Mas, ainda te faltava um jeito de mamar o dinheiro da família da Diana. Como sabias que eu não perderia tempo nenhum em voltar para a Verónica assim que descobrisse que ela estava viva, juntaste o útil ao agradável e tentaste apressar o meu casamento com a Diana. Assim, não haveria forma de te arruinar os planos. Enquanto isso, — direcionei-me ao Rogério — o teu amigo aqui tinha outros planos...

Desejo: Fazer-te ficarOnde histórias criam vida. Descubra agora