Regina
Daniel iria finalmente conseguir me matar.
Depois de rodear toda a garagem jogando gasolina por todos os cantos, seus esforços fizeram com que seus braços e pernas falhassem. Daniel caiu sentado perto do degrau do píer, e pude perceber quando ele retirou do bolso da calça um isqueirobrincando com a chama que repetidas vezes ele mesmo fazia sumir do objeto.
- Não Daniel.
Me desesperei e reagi. Não poderia ficar ali vendo meu ex-marido colocar fogo na garagem de Emma, correndo o risco de ferir Henry que estava na parte de cima do cômodo. Claro que eu tinha medo de ser encontrada por Daniel, mas depois de tudo que vivi em Storybrooke, meu maior medo tinha se transformado em colocar a vida daquelas pessoas em perigo. Eu tinha jurado a mim mesma que em qualquer sinal de que algo de ruim pudesse acontecer a Emma e sua família, eu iria lhe salvar, mesmo que tenha que sofrer a pior das consequências. Com isso em mente, me aproximei com muita cautela de Daniel, que estava mais uma vez olhando para a chama que saia do isqueiro. Segurei em suas mãos, e fiz o movimento calmo de fechar a tampa de metal, fazendo com que o fogo se apagasse.
- Eu sinto muito. – Resolvi olhar em seu rosto, pra tentar passar alguma confiança. Ele estava bêbado, então não devia ser difícil. – Ainda bem que você me encontrou.
Daniel então pousou seus olhos em mim, sem conseguir mantê-los abertos por muito tempo. Eu só pedia ao Cara para que meu ex-marido acreditasse na minha péssima atuação.
- Me leva pra casa. – Eu segurei em seus braços e o levantei do chão.
- O que está fazendo? – perguntou ele, provavelmente desconfiando da minha repentina mudança.
- Eu quero que me leve pra casa, meu amor.
Me arrependi na mesma hora por dizer aquilo, pois Daniel chegou tão perto de mim, que senti o cheiro de álcool muito mais forte. Na sua aproximação estava claro o intuito de me beijar. Por sorte ele estava tão bêbado, que foi fácil abraçar e girar seu corpo, para logo em seguida o empurrar para dentro do braço de mar atrás de nós, onde os fogos insistiam em despontar da balsa que estava a alguns metros dali. Assim que Daniel caiu na água, notei um clarão atrás de mim e não queria acreditar no que meus olhos estavam vendo. A garagem de Emma começava a ser tomada por fogo. Não sei como aquilo aconteceu, pois eu mesma tinha apagado o isqueiro de Daniel. Eu só não contava que o vento da noite pudesse trazer do céu uma faísca dos fogos que o iluminavam. Corri para tentar adentrar a garagem, porém já não era possível por conta das chamas. Daniel tinha feito um excelente trabalho ao espalhar gasolina por ali, porque foi tudo muito rápido. Mesmo com o estalar do fogo, consegui ouvir Henry chamar por mim. Minha preocupação se intensificou quando olhei pra escada que levava a parte superior onde que ele se encontrava ser destruída aos poucos pelo incêndio.
Me afastei alguns passos da garagem a fim de olhar pela janela do andar de cima, pensando numa maneira de subir pelo lado de fora, quando fui surpreendida em meu pescoço com uma chave de braço. Daniel me puxava para trás com força, me tirando de perto do fogo, provavelmente querendo me levar embora dali, sem deixar suspeitas. Ele só esqueceu de sua condição. Sua embriaguez fez com que ele caísse novamente, só que dessa vez me levando junto, pois seu braço não afrouxou meu pescoço. Só tinha uma maneira de conseguir me livrar de Daniel: lutando. E se eu tivesse muita sorte, eu sairia vitoriosa.
Emma
Mesmo com o estouro dos fogos, eu conseguia ouvir as palmas de algumas pessoas que assistiam ao show da beira da praia. Não é porque sou uma das organizadoras, mas nosso show pirotécnico era realmente uma das coisas mais lindas que Storybrooke e o Maine já viram. Fazia alguns minutos desde que acendemos o primeiro pavio. O céu já estava todo iluminado e colorido. Mas ao pensar em Regina vendo aquilo pela primeira vez, algo me chamou a atenção ao direcionar meu olhar para minha casa. Mesmo com a fumaça que nos rodeada por conta dos fogos, eu vi um clarão muito forte crescia dentro da minha garagem, e logo que percebi que um incêndio estava acontecendo, pulei ás pressas para o barco ao lado, fazendo o motor pegar no tranco na primeira tentativa, tamanho o meu desespero.
Quando a pequena embarcação se aproximou do píer em frente a minha casa, corri em direção a garagem onde pude ouvir além dos estouros e das palmas, os gritos de Henry pedindo por socorro no andar de cima. Não sabia o que pensar. Não tive tempo para isso. A porta da frente estava tomada por fogo e a possibilidade de entrar por ali era nula. Já imaginando e constatando que o andar debaixo estava com chamas até a metade, a única chance era subir pelo telhado que ainda estava em condições de me aguentar. Me pendurando no pergolado de madeira que havia ao lado da garagem, consegui chegar até a janela, por onde Henry gritava meu nome.
- Filho, dá um passo para trás.
Assim que fui atendida, chutei o vidro da janela, a arrebentando por inteira. Consegui puxar Henry para o telhado com cuidado, e com meu filho já fora do alcance das chamas, minha preocupação se tornou Regina. Estava prestes a perguntar a Henry sobre ela, e até a voltar para dentro da garagem a sua procura, quando ouvi gritos de socorro vindos do píer lateral. Foi então que eu a vi. Regina lutava com um homem, que estava praticamente sentado sobre seu corpo. No mesmo instante minha ficha caiu, e percebi que o medo de Regina ser encontrada havia se tornado real.
Da mesma forma que subi ao telhado, desci. Me enroscando no pergolado, alcancei o chão e antes de correr para ajudar Regina, precisava tirar Henry que ainda estava na ponta do telhado. Ele não teria forças de descer como fiz, então a única saída era pedir que ele pulasse em minha direção. Ele estava com muito medo, e eu pude ver nos olhinhos arregalados de Henry. Eu também estava, mas eu sabia que era o único jeito. O encorajei, e ele como um garoto espero pulou em cima de meus braços abertos e esticados a ele. Depois que o abracei com força, e tive certeza de que estava bem, eu podia agora ir atrás de Regina, porém um barulho forte e diferente dos estalos do fogo atrás de mim me paralisou.
Regina
Enquanto lutava bravamente com Daniel, eu sabia que poderia vencer. Ele estava bêbado, e mesmo montado em cima de mim, acertando tapas em meu rosto e socos no meu estomago, eu sabia que teria chances. Mas elas se tornaram nebulosas quando percebi que Daniel novamente pegou sua arma e estrategicamente a colocou entre nós. Eu não poderia falhar naquele momento. Não só por medo da morte, mas por saber que se fosse ele o vencedor daquela luta, Henry e Emma também seriam suas vítimas. Foi pensando neles, que juntei toda a força que ainda existia em mim para afastar o máximo aquele revolver do meu rosto. Lógico que a embriaguez de Daniel ajudou, mas ele ainda tinha seus músculos de policial. Foi então que ouvi aquele barulho. O pior som que já ouvi na vida. O som que nem mesmo os fogos ensurdecedores poderiam apagar. O som do disparo da arma. Minha única reação foi fechar os olhos, e pedir ao Cara que aquela bala não tivesse me atingido.
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sou•nós
Romance"Eu fugi de casa e do inferno que minha vida se tornou. No meio da minha fuga, me deparei com um paraíso na terra chamado Storybrooke. Apesar de estar determinada a não formar laços afetivos na nova cidade, não consegui cumprir esse objetivo ao conh...