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Quando ele virou-se de lado para chamar o garçom novamente, Allya observou que ele não usava lentes. Quando voltou-se para ela, flagrou-a observando-o e sorriu. Isso a fez notar que ele tinha os dentes perfeitamente alinhados e denotava que ele jamais usara aparelhos ortodônticos.
Allya tirou a caneta rapidamente na bolsa e escreveu o nome do Nadin no alto de sua lista, guardando-a, em seguida, na bolsa.
— Nadin .. — ela falou cautelosamente enquanto ele bebia a segunda dose de sua bebida. — Posso fazer mais umas perguntas ?
— Fique à vontade.
— Você Já tocou algum instrumento musical?
Nadin surpreendeu-se.
– Instrumento musical?
Allya acenou com a cabeça, confirmando.
— Evet — ela respondeu. — Sinto que você tem algum talento musical.
_ Vai me dizer , que minha mãe revelou isso pra você também ?
_ Não , deduzi sozinha .
— Bem, eu tocava saxofone no banda da escola as freiras que me ensinaram quando eu ficava entediado— ele confessou.
— E toquei em uma banda de jazz quando fui pra faculdade.
Ela sorriu e Nadin sentiu-se ridiculamente feliz por ter dito algo que fosse do agrado de Allya.
— Realmente? — ela maravilhou-se.
— Saxofone? Saxofone é ótimo.
— Bem, eu não toco há anos...
— Mas você era bom nisso, diga a verdade.
Ele confirmou, sem modéstia.
— É, eu tocava muito bem.
O sorriso de Allya alargou-se ao tocar o guardanapo.
— Pode me contar mais uma coisa? – ela continuou.
— Sim?
— Como tem se sentido ultimamente?
Ele estreitou os olhos, desconfiado.
— Tenho me sentido muito bem – ele assegurou.
— Por quê? Não pareço bem? Está sabendo de algo que não sei? Minha mãe disse que estou doente ...
Ela balançou a cabeça.
— Só queria me assegurar de que sua saúde é perfeita.
— Pelo que meu médico disse, na última visita, meu estado físico é excelente, obrigado.
— É bom ouvir isso.
— Por que tantas perguntas, Allya?
Ela o fitou intensamente por um bom tempo antes de responder:
— Posso ser honesta? — ela indagou.
— Claro.
Ela olhou à volta, para os garçons , para os outros clientes sentados ao lado, para Osman que estava arrumando as garrafas de bebidas na prateleiras do bar do restaurante .
— Acho que não devemos falar aqui — ela murmurou.
— Posso lhe oferecer um café quando sairmos daqui ?
Nadin não sabia o que dizer. Seu lado racional pedia que ele arranjasse uma desculpa e recusasse o convite, mas seu outro lado foi mais rápido.
— Lógico — ele ouviu-se responder.
Allya suspirou aliviada.
— Ótimo. Muito obrigada. Então, como está seu camarão recheado?
Uma hora mais tarde, Allya estava sentada à frente de Nadin a uma pequena mesa da cafeteira do lado do restaurante que ambos estavam a uma hora antes. Segurando sua xícara de café como se fosse um salva-vidas. Que loucura, ela pensou, analisando o homem diante de si, com o canto dos olhos.
O que sabia a respeito dele?
Ele era atraente, inteligente e bem-sucedido. Seu gosto era impecável e sabia tocar saxofone. Ele não tinha nenhum empecilho de ordem romântica que o impedisse de ser pai de seu filho. Como ele próprio definira, era um solteiro convicto.
Nadin era pelo menos 8 anos mais velho do que ela e alimentava uma paixão obstinada pelo trabalho, um ponto a favor de Allya. Se tivesse um filho dele, sem dúvida nenhuma a criança seria somente dela.
Mas poderia pedir o que tinha em mente? E Zaynep? Teria coragem de esconder o futuro neto dela ? Na qual tanto almejava ?
Para seu desespero, ao fitar os olhos do homem alto à sua frente, Allya duvidou se sabia exatamente onde estava se metendo.
— E então, Allya? — Nadin começou, desconcertado, terminando seu café .
Ao perceber que já estavam havia quase cinco minutos sem falar nada.
— Em que está pensando?
Uma mecha de cabelo caiu sobre o rosto de Allya. Repentinamente ele surpreendeu-se querendo afagar aquele cabelo. Inexplicavelmente, tudo o que se relacionava a Allya, de um momento para o outro, adquirira um quê de maciez.
— Eu, há... — Ela inspirou profundamente e Nadin aguardou que ela terminasse a frase. — Preciso lhe perguntar algo.
— Outra pergunta? Ele observou, sorrindo ao perceber que ela evitava encará-lo.
— Parece que você está com um grande estoque de perguntas esta noite.
Ela confirmou.
– Eu... bem... tenho uma amiga e sócia na empresa que trabalho — ela começou, finalmente, pousando os olhos nos dele.
“Que olhos lindos “, ele pensou, antes de ser atingido pelo impacto das palavras. Então principiou a entender para onde a conversa estava se encaminhando. Se Allya estava imaginando que ele estava disponível para um encontro às cegas com sua amiga , estava redondamente enganada.
— Uma amiga ... — ele repetiu, cautelosamente.
Ela confirmou, meneando a cabeça.
— Ela teve um filho no ano passado, e...
— Um bebê? Indagou, incrédulo.
Allya queria amarrá-lo a uma mulher com filho?
Mas ele não acabara de deixar bem claro que não precisava de uma família para atrapalhar sua felicidade?
Ele ergueu a mão para interromper quaisquer outros planos que ela tivesse em mente.
— Alto lá, mocinha — ele avisou. — Não estou interessado em ter nada com sua amiga. Muito menos com um bebê.
Allya encarou-o, confusa por um momento, mas recuperou e rapidamente e começou a rir. O sorriso transformou-se em gargalhada.
— Ipek já é casada e é muito feliz. Não estou tentando arrumar nada entre você e ela — Allya assegurou, deixando-o mais aliviado.
— O que estou imaginando tem algo a ver com você, comigo e meu filho.
Nadin parou de rir imediatamente.
— Como?
Allya parou de rir, também.
— Eu não sabia que você tinha um filho — surpreendeu-se Nadin .
— Eu não tenho. Mas desde que Ipek teve , tenho pensado em ter um filho também.
— Assim, de um momento para o outro?
Ela balançou a cabeça.
— Berat já tem quase nove meses. Tenho pensado muito desde que ele nasceu. De acordo com minha médica, apesar de eu ter somente 28 anos, não tenho muito tempo de fertilidade pela frente. A questão é que não posso ficar esperando até que um potencial marido apareça. E quem me garante que ele aparecerá?
— E o que eu tenho a ver com isso?
Ela percebeu que ele ainda não havia entendido.
— Bem... Você é atraente, inteligente, é talentoso, e...
— Ela olhou para as mãos espalmadas sobre a mesa e mordeu o lábio antes de completar: — ... e gostaria que o pai de meu filho lhe passasse todas essas qualidades.
A expressão de Nadin era impenetrável.
— E isso quer dizer o quê?
Oh, ele sabia o que ela estava tentando dizer, Allya pensou. Só queria ter certeza.
— Isso quer dizer... — ela tentou explicar novamente
— Que eu gostaria que você fosse o pai do meu bebê. Isso é, gostaria que você pensasse a respeito.
Por algum tempo, ele ficou fitando Allya sem dizer nada, como se ela estivesse falando em outra língua. Finalmente ele conseguiu falar:
— Você está tentando dizer que quer que eu doe meu... — Ele olhou em volta e limpou a garganta.
— Você quer que eu doe meu esperma para você ser inseminada artificialmente?
— Ah, não, pelo amor de Deus, não!
O calor que começou a subir pelo corpo de Nadin diminuiu de intensidade. No entanto, ele precisava urgentemente entender o que ela estava pretendendo.
— Quero que você faça amor comigo — ela finalmente declarou.
— Você o quê?
— Dentro de duas semanas. E quando vou estar ovulando novamente.
Nadin só conseguiu ficar parado, olhando para o restante do café já frio sobre a mesa .
Mas o silêncio pareceu inspirar Allya, que continuou a disparar nervosamente:
— Hã... ouça eu tenho certeza do que você deve estar pensando a meu respeito neste momento. Deve estar imaginando que tipo de mulher sou eu para pedir praticamente a um estranho que faça amor comigo só para me engravidar, mas...
_ Allya, somos estranhos.
_ Eu sei ._ Semana passada quando te vi pela primeira vez na confeitaria eu pressenti que você era o homem perfeito pra ser o pai em potencial .
Nadin assobiou surpreso
_ Então minha mãe sabe desse plano louco , foi por isso que vocês foram a confeitaria naquele dia ?
_ Não . Garantiu Allya. Juro que não .
_ Ela apenas queria me apresentar a você escondido .
Era tarde quando o último funcionário enxotou-os gentilmente da cafeteria . Nadin perguntou a Allya se ela viera de táxi ou de carro , e ela disse de taxi, então Nadin conduziu ela até seu carro, ambos caminhando vagarosamente, apesar do frio cortante. O centro de Izmir parecia estar ainda mais calmo do que parecia.
_ Vou leva- la para sua casa.
_ Não há necessidade , moro alguns quarteirões daqui . Vim de táxi por causa da chuva.
_ Então deixe -me eu chamar um táxi para você.
_ Aceito.
_ Nadin ...
Ainda não tinham nada formalizado, ela pensou enquanto caminhavam. Embora tivesse, passado boa parte da noite argumentando a favor de seu caso, com franqueza, Nadin não concordara com o pedido. Mas tampouco se havia recusado a cooperar e, aparentemente, apreciara o tempo que passaram juntos, tanto quanto ela.
_ Nadin , está tudo bem ?
Ele acenou com a cabeça, mas parecia estar pensando em algo mais profundo.
— Sabe, você ainda não me deu um sim ou um não definitivo — ela observou.
— E verdade. Mas ainda há algo que eu não consigo entender.
— O que, exatamente?
— Por que o pai de seu filho tem que ser alguém que você conheça?
Se está tão determinada a ter um filho, por que não faz a inseminação artificial? Tem dado certo para muitas mulheres.
Ela confirmou.
— Eu sei e até cheguei a considerar esta possibilidade em último caso.
Você tem que preencher um formulário sobre o que espera de um doador, mas...
— Mas o quê?
Ela deu de ombros e desviou o olhar.
— Isso não combina comigo. Bem, eu me considero uma mulher moderna e não critico a mulher que faz esta opção, mas...
— Mas...
— É que eu tenho um lado um pouco antiquado. Não me sentiria bem sendo fertilizada em uma cama de metal, com os pés em estribos, com um bando de gente vestida de branco ao meu redor, entende?
Ele sorriu à imagem apresentada, mas permaneceu calado.
— Acredito que um bebê deva ser concebido em um momento de afeto — ela continuou suavemente. — Mesmo que esse momento dure somente... um momento. Deve haver algum tipo de emoção positiva compartilhada pelos pais, mesmo que temporária. Pelo menos é assim que sinto.
— A maioria das pessoas acredita que a emoção envolvida deve ser um amor profundo e envolvente que dure para sempre — comentou Nadin.
— Sim, eu sei — Allya concordou, desviando novamente o olhar.
— Mas não estou convencida de que esta emoção exista.
Como Nadin não dissesse nada, ela o fitou novamente, percebendo que ele estava meditando sobre o que ela dissera.
— Não que eu não concorde com você, mas por que sente desta forma? — ele perguntou, finalmente.
Ela inclinou a cabeça para o lado e olhou-o com firmeza.
— Sei que existem pessoas que acreditam no amor eterno — ela continuou.
— Ora, minha amiga Ipek é um exemplo vivo. Mas o fato de Ipek professar tanto os poderes do amor é um dos motivos para eu evitá-lo.
— Poderia ser mais específica?
Allya hesitou, antes de responder. O problema é que provavelmente não havia outro homem como Emre , o marido de Ipek, e tinha certeza de que as probabilidades de encontrar um homem totalmente compatível com ela eram de mínimas a nulas.
— Antes de o marido de Ipek entrar na vida dela, observei-a envolver-se com um tipo atrás do outro, todos perdedores. Ela sempre terminava com o coração partido. Decidi há muito tempo que nenhum canalha me trataria como ela foi tratada. Negativo, de jeito algum.
_Aconteceu comigo uma vez ao fazer um cruzeiro e me dei mal . Me apaixonei por um imbecil . E não cometerei esse erro novamente .
_ O que ele fez ?
_ Daniel ? Apenas peguei ele com outra na nossa cabine de cruzeiro!
_ Pilantra!
Nadin mudou de assunto.
— Mas você mesma me disse que ela agora tem um casamento feliz — Nadin observou. — Por que não acredita que o mesmo possa acontecer com você?
_ Você não me ouviu ? Fui traída Nadin ! Não confio mais em homem nenhum. — E há uma grande diferença entre mim e Ipek — Allya explicou. — Ela sempre quis se casar. Sempre quis ter um homem em sua vida. Eu sou mais independente. Não me imagino amarrada a ninguém a vida toda. Queria isso no início . Agora não mais .
_Mas para ter um filho, ficará ligada a alguém pela vida toda. Será responsável pela criança desde o momento em que for concebida.
— Isso é diferente — Allya argumentou com um sorriso. — Bebês e crianças precisam de nós. Eles nos amam incondicionalmente, não importam os defeitos que tenhamos. Eles não tentam nos mudar, não impõem restrições às nossas emoções e não fazem guerras psicológicas. Pelo menos os homens que conheci não agiram assim.
Allya sorriu por dentro ao perceber que a descrição que ela fizera dos homens era o mesmo conceito que ele tinha das mulheres.
Interessante que compartilhassem idênticas filosofias com relação ao sexo oposto.
— Não sei, Allya, preciso de um tempo para pensar. O que está me pedindo não é nada normal, você haverá de entender.
— Preciso saber dentro de duas semanas — ela lembrou.
— Para que tanta pressa?
— Quero ter o bebê no final do ano , no meu aniversário . — ela disse, sorrindo.
Allya percebeu que algo ainda perturbava Nadin.
— Algum problema? — ela perguntou.
— Há um ponto que ainda não discutimos — ele disse, confirmando a suspeita de Allya.
— E qual é?
Ele ergueu a mão e acariciou o cabelo macio dela. O toque de intimidade a surpreendeu. A voz era suave ao responder.
— E eu, como fico depois que a tarefa for concluída?
— O que está tentando saber?
— Depois... depois que eu fizer amor com você, Allya... — Ele engoliu em seco, antes de continuar.
— Depois que você ficar grávida, o que acontecerá entre mim e você?
Ela suspirou e empertigou-se, procurando não desvia o olhar.
— Eu... eu não sei. Você parece não querer uma mulher em sua vida tanto quanto não quero um homem na minha.
— Isso é verdade...
— Esta é mais uma razão para o nosso acordo ser perfeito. Já nos conhecemos há uma semana e nos beijamos e e nunca no obrigamos a nada. Não há razão para isso mudar só por que...faremos amor ...
— Isso também é verdade, mas...
_ Nadin , se você não quiser é só falar e acabamos com esse ...
— Sabe...
Nadin interrompeu aquele protesto, puxando-a para si. Surpresa, Allya abriu os olhos.
— Esqueci-me de algo... — Nadin murmurou, sedutor. — A sobremesa.
Sem mais nenhuma hesitação, entregou-se ao prazer daquela boca, à promessa daqueles lábios convidativos.
— Preciso de alguns dias para pensar — ele disse enquanto a soltava relutantemente.
— E acho que você também precisa pensar mais um pouco.
_Tenho de ir.
Allya acariciou o rosto dele.
— Aceitarei sua sugestão desta noite sob uma condição.
— Qual?
— Da próxima vez, eu cozinho.
Nadin levou apenas uma fração de segundo para compreender o que aquilo significava: ficariam a sós, decerto no apartamento dela. Seu corpo inteiro estremeceu, em antecipação ao que estava por vir.
— Tudo bem.
Allya desvencilhou-se de seu abraço, sorridente.
— Próxima terça, na mesma hora?
— Combinado.
Antes que ele partisse, Allya gritou-lhe, da porta do taxi:
— Deixarei meu endereço em sua secretária eletrônica!
Enquanto o carro se afastava, ele fez-lhe um aceno positivo.
Allya fechou os olhos , e encostou a cabeça no banco traseiro do táxi, tentando organizar seu tumulto interior. Sentiu que sua determinação esmaecera quando Nadin a beijou.
Antes tinha tanta certeza, ela pensou. Mas agora não tinha a mínima idéia do que deveria fazer.
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