ÚNICO

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— Mas, você tem certeza de que não tem problema mesmo, pai? A gente não quer incomodar!... Aham, sei... Mas, já falou mesmo com a mamãe?! Ela disse que não tem problema? O Gryffin é enorme, pai!... Ok... Tá bom, eu deixo ele aí quando a gente estiver saindo.

— Tudo certo, então? Você parece preocupada, Rosie. — Scorpius ponderou reparando no rosto dela.

— Sim, 'tá tudo certo! É que eu fico preocupada de deixar o Gryffin lá assim desse jeito!

— Mas, não foi ele quem se ofereceu?

— Foi, mas... Ah, sei lá, Scorpius! Meus pais não têm muita experiência com cachorro, sabe? A minha vida toda a gente só teve gatos!

— Ah, relaxa, amor! Você também não tinha experiência com cachorros, lembra? Além do mais, o Gryffin é praticamente uma pessoa! Seus pais vão amar! E é só uma semana! Vai passar rapidinho... Se algo der errado tem o Al, a Alice e meus pais. — Ele disse, sorrindo.

— Ok, ok... Você tem razão, talvez eu esteja pensando demais! Eles vão se dar bem, não é, Gryffin?

— Combinou tudo com a Rose? — Hermione perguntou enquanto se sentava no sofá bebericando seu chá.

— Ah, sim! Ela acha que a gente não dá conta de ficar uma semana com o cachorro, acredita?

— Como assim? Ela disse isso?

— Não, mas você tinha que ouvir ela no telefone! "Tem certeza que não tem problema, pai?" "A gente não quer incomodar!" "Você falou com a mamãe?" "O Gryffin é enorme!" — Rony disse imitando a filha, sem conseguir prender o riso. — Dá pra acreditar, Mione? Como se nós não fossemos dar conta do Gryffin!

— Bom, mas ele é mesmo um cachorro bem grande, Ronald. E eu nunca tive cachorro. Você já teve cachorro?

— Você sabe que não. Mas, isso não vem ao caso. Se o nosso digníssimo genro tem um cachorro, não deve ser tão difícil. Além disso, eu sei que até o parvo do Malfoy-pai já ficou com ele. O que pode dar errado?

"Ah, não. Só mais cinco minutos", Hermione ouviu Ronald resmungar ao ouvir o som do despertador. "Ronald!", ela insistiu. "Ronald. Ronald, acorda! RONALD!". No que pareceu ser a milionésima vez naquela manhã, Ronald Weasley ouviu a esposa chamar seu nome e, sem saber de onde retirou forças, conseguiu abrir os olhos. Que dia era hoje mesmo? Ah, sim. Sábado. Sábado? E por que diabos Hermione insistia em lhe acordar cedo num sábado? A mente sonolenta e atrapalhada do homem de meia-idade não conseguia raciocinar — especialmente sem uma boa dose de café!

— Hermione, por Merlin, hoje é sábado! O que está havendo? — depois do que pareceu ser uma eternidade, ele enfim conseguiu despertar e ir em busca do elixir da vida. Encontrou a esposa com o olhar atento a um livro de receitas enquanto as mãos moviam-se automaticamente mexendo uma vasilha com alguma coisa que ele certamente acreditava que não poderia estar dando certo. "Oh, não!", ele pensou, mas achou melhor não formular.

— Como assim "o que está havendo?", Ronald? Já esqueceu que a Rose ficou de trazer o cachorro aqui? O voo deles sai antes das 9h, precisamos nos apressar! — Nervosa. Hermione definitivamente estava nervosa.

— Ah... Sim. Cachorro... Rose... Avião... É óbvio que eu lembrei, Hermione. Só estava te testando.

— Claro.

— Bem, nós poderíamos continuar essa conversa, mas acho que a vasilha ao seu lado tá pedindo socorro. Anda, passa pra cá.

— Está tudo sob controle. Estou seguindo a receita à risca. Não tem como dar errado. É o favorito da Rose. Eu fazia quando ela era criança, lembra? — Hermione viu Rony assentir dizendo "Claro!", e prosseguiu. — Poxa, parece que foi ontem. Nem dá para acreditar que a nossa filha já vai comemorar um ano de casada...

Dias de CãoOnde histórias criam vida. Descubra agora