Pensei que ia te perder

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POV : LOUIS

— Alguém por favor !!! –continuei berrando abraçado ao corpo de Harry no chão. Eu quase não sentia seus batimentos. Eu estava aos prantos, minha cabeça já doía de tanto que eu estava chorando.

— Senhor ! Senhor ! –Flora gritou do andar de baixo.

— Estou aqui !! Graças a Deus você chegou.

— O que aconteceu?

— E-eu não sei, chame uma ambulância ! –falei histérico. Eu sentia que uma parte de mim estava morrendo. Era como se meu coração estivesse sendo amassado. Eu não conseguia nem respirar direito.

— Eu já os chamei. –disse ao voltar para o topo da escada, onde me avisou baixo que a ambulância estava a caminho.

×

Evidentemente eu fui com Harry na ambulância. Contei para os enfermeiros como havia o encontrado. Desacordado no chão. Eu não sabia de mais nada, se estava torto, como caiu, se estava sangrando...eu não sabia de nada.

Estava sentado numa das cadeiras da sala de espera totalmente frustrado. Eu não podia perdê-lo. E só ali eu percebi isso. Era estranho e grotesco demais ! Como eu poderia amar alguém que não vejo?

Mas sim, eu o amava. E estava confessando isso para mim mesmo.

Eu pensava em tantas coisas. Tantas coisas que poderiam ser diferentes se eu não fosse cego...Apesar de que se eu não fosse cego eu não teria conhecido o Harry. E isso não teria acontecido na minha vida. Não teria acontecido, eu não teria deixado. Não teria deixado o amor existir.

Pouco depois de Flora sair para pegar água pra mim minha mãe chegou. Ela sentou ao meu lado pegando na minha mão e apertando forte.

— Mãe ! –soltei sua mão e a abracei desajeitadamente.

— Eu tô aqui filho. –ela dizia baixo no meu ouvido e acariciava os meus cabelos lisos.

— O-o Harry vai sobreviver não é?? –perguntei com a voz se cortando no meio da frase. Eu nem podia pensar nessa hipótese. Mas eu tinha que saber a verdade.

— Filho eu estava falando com o médico, e... –ela saiu do abraço e eu fiquei olhando pra ela, ou onde eu achava que ela estava.

— Fala mãe, por favor !

— Está tudo bem meu filho. –ela começou a rir e eu continuei sério. Que merda é aquela??!

— Como disse? Não entendi.

— Foi uma queda de pressão Boo. Com certeza o Harry estava apenas sem comer há um tempo ou não tinha comido nada de sal nas últimas horas. Ele está bem. –olhei para baixo e relaxei os ombros que estavam rígidos e tensos. Soltei o ar aliviado e então comecei a chorar de felicidade. Harry estava me transformando num chorão. Que merda !

— Graças a Deus ! Eu possa vê-lo? Ou melhor...ir até ele? –sorri de lado.

— Eu acho que sim, temos que falar com o doutor. –eu assenti e minha mãe me deixou com Flora que já havia chego me trazendo o copo d'água.

Alguns minutos depois minha mãe voltou dizendo que eu podia entrar. Levantei com a ajuda dela já que eu estava sem minha bengala, eu a deixei em casa, tinha ido depressa para o hospital.

Mamãe me levou até a cadeira que fica ao lado da cama e eu me sentei. Ouvi o barulho da porta se fechar e então suspirei.

— Oioi ! Seu narcisista idiota...–revirei os olhos. — Você me deu um susto imenso sabia? Só quero dizer que...e-eu preciso dizer. Eu queria poder olhar nos seus olhos e dizer que te amo, mas eu não posso...Eu queria segurar sua mão e ver se elas são maiores que as minhas..Eu queria observar você dormir, porque deve ser maravilhoso ver o seu adormecer. Mas eu também não posso...eu queria dizer todas essas coisas com você acordado, com você olhando pra mim, com você segurando minha mão. Mas eu sou covarde demais pra isso. –funguei o nariz porque eu estava chorando. — É que você é perfeitamente errado pra mim...mas te perder seria a coisa mais dolorosa pra mim Harry, seria como tirar metade de mim...Porque sim, você não é meu mas você faz parte de mim, e eu sinto isso dentro de mim. Que você faz parte de mim, você é minha outra metade, é a parte boa de mim. E-e eu pensei realmente que ia te perder pra sempre ! Mesmo sem te ter, sinto que você é meu. Eu sei que sou um idiota por dizer isso depois de dizer todas as coisas que já disse. O tanto que eu fui implicante e arrogante, rude...e por aí vai. Mas a-agora eu entendi que eu não posso viver sem você. Harry você é o que me traz a vida toda vez que eu acho que não tem mais jeito, toda vez que eu acho que não tem mais esperança e que não vou conseguir o transplante. Mas você diz que não, você me encoraja. Você é a minha coragem, é você quem me faz forte e que me diz que tudo vai dar certo. E-eu não sei porque estou dizendo tudo isso...mas eu tô cansado de mentir. Se eu confessasse tudo isso pra você, mesmo você dormindo, talvez eu me sentiria melhor. Mas eu não me sinto, porque eu sei que você não está ouvindo e todas essas coisas vão ser jogadas ao vento quando você acordar e começarmos a nos implicar de novo... e amanhã será um novo dia onde você nem lembrará disso, mas eu vou. Porque foi o dia em que eu pensei que ia perder você. E-e...–ouvi alguém fungar o nariz e paralizei. Arregalei os olhos me segurando na cadeira pra não cair. —Ha-harry?

— Sim? –fungou o nariz outra vez.

— Merda...e-eu não sabia que você estava ouvindo. Seu idiota, por que você não disse?! –reclamei e ele ficou em silêncio enquanto eu estava surtando. Meu Deus eu só queria me enfiar em algum buraco na terra.

— Eu queria ouvir. –ele segurou minhas mãos e eu engoli a seco. — Louis, eu sinto muito, mas...

— Mas o que? –perguntei totalmente trêmulo.

— Eu não sou "perfeitamente errado pra você". –ele soltou um riso e continuou. — É você quem é perfeitamente certo pra mim...

Um Covarde Para O AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora