Capítulo 23

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   Adam podia dizer com convicção que teve de lidar com um surto da noiva a cada cinco minutos. Agora, andando de um lado para o outro, ela finalmente pareceu se cansar e sentou na cama.

- Tudo bem, preciso me concentrar. Não posso me dar ao luxo de errar nada -Marion concluiu. - Acha que ele vai saber quem eu sou?

- Se ele está mesmo por trás de seu sequestro como suspeitamos, é muito provável que sim- Adam respondeu e deu de ombros em seguida.

- Por que "se"? Isso já não é uma conclusão?

Adam suspirou enquanto saia do closet, a parte debaixo já vestida e a camisa polo branca em mãos.

- Ainda acho que a verdadeira responsável é Sarah. Sabe, eu gosto dela, mas desde quando descobriu que ela é filha de Henrique, não posso dizer que confio muito nela. Talvez ela esteja manipulando as situações em torno de si própria.

- Como me fazer acreditar que ela é uma pessoa e depois se revelar outra? Sinceramente, não acredito que esse seja o tipo dela, embora eu possa estar terrivelmente errada.

- De toda forma, meu amor, só há uma maneira de descobrir isso. E acho que deveríamos ir agora.

- Sim, você tem razão. Só vou tomar um copo d'água, para ver se eu me acalmo um pouco.

- Claro, May! Te espero na sala então.

Adam inclinou para beijar a futura esposa, que sorriu e saiu para a cozinha.

****

Sarah e Marion haviam acertado todos os detalhes sobre o jantar e como deveriam proceder, ainda naquela manhã. Seria apenas uma reunião entre amigos, mas isso não impediu Marion de querer subir pelas paredes. A ansiedade que a consumia era tão familiar, quanto estranha e assombrosa. Ficava repetindo para si mesma que era apenas mais um caso; um novo freguês.

A mulher olhou-se mais uma vez no espelho e respirou fundo. Tinha optado por uma calça preta e uma blusa siganinha de manga longa na cor verde água. Os cabelos recém cortados, estavam na altura dos ombros agora.

   — Tudo bem, eu posso fazer isso — disse para seu reflexo.

  — Nervosa desse jeito, parece que é você quem vai conhecer os sogros — alguém disse da porta e ela deu um pulo.

   — Stacy, que susto! — a grávida riu, enquanto entrava no quarto.

  — Adam comentou que você mal dormiu a noite e que está aí toda ansiosa. Algum motivo em especial?

— Sim. Quero dizer... Não. Eu...

   Stacy ergueu uma sobrancelha para a amiga.

— Já se embananou toda. Tente de novo — a grávida provocou.

— É, eu estou um pouco nervosa, mas não tem nada a ver com esse jantar, não se preocupe. São só coisas minhas.

— Coisas que têm a ver com aquele arsenal que fica na parede secreta da academia?

Os olhos de Marion se arregalaram com a pergunta. A mulher se afastou da amiga à passos curtos e nervosos.

— Arsenal? E-eu não sei do que está falando. Por que diabos haveria um arsenal na minha academia?

Stacy deu de ombros e deu meio giro para poder encarar a amiga.

— A casa é sua, me diga você — ela cruzou os braços. — Mas confesso que é uma pergunta que adoraria ouvir a resposta.

A assassina engoliu em seco.

— Estamos atrasadas, Stacy. É melhor irmos.

— Na verdade ainda temos alguns minutos — Stacy cruzou os braços na altura do peito. — Tenho algum motivo para estar achando que você é uma sociopata? Adam pelo menos sabe disso? — A risada que Marion deixou escapar falou por si só. — Uau! Vocês... Talvez seja melhor Conner e eu irmos embora antes que sejamos apagados do mapa.

Assassina de Luxo [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora