Mãe perfeita

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Precisamos conversar sobre nosso filho.

A muito tempo ele vem me contando sobre sua nova amiga, falando de brincadeiras ao redor de nossa nova vizinhança. O único problema é que não há mais nenhuma criança aqui, os vizinhos são de sua maioria idosos e alguns casais sem filhos.

Seu nome é Ana, a descreveu como de cabelos loiros com duas tranças longas uma de cada lado de seus ombros, olhos verdes bem claros, ressaltando ser igual aos seus. Falou que Ana sempre usa um vestido azul de mangas curtas e com babados.

Pensei “Tudo bem Théo ter uma amiga imaginária é muito comum entre as crianças”, mas mesmo assim me culpei por isso, estava trabalhando muito depois do que nos separou, por isso acabei o deixando por muito tempo sozinho. Como o período escolar ainda não chegou, não teve contato com crianças de sua idade.

Sou uma péssima mãe, nem consigo mais olhá-lo nos olhos depois do que aconteceu, depois do acidente… Será que Théo algum dia pode perdoar a péssima mãe que fui?

E quanto mais o tempo passava ele mais falava sobre Ana, era como se fosse um enorme lembrete de que falhava com ele, eu não aguentava mais Théo estava me enlouquecendo. E quando não falava sobre ela, perguntava sobre o "papai".

Por que não podia me dizer um obrigado por ter salvado a gente? Você queria nos separar, destruir nossa família que lutei para construir e manter.

Um dia cheguei cansada do trabalho e ele correu para me contar uma novidade, a tal Ana aceitou vir dormir em nossa casa e estava em seu quarto o esperando. Tinha chegado ao meu limite! O segurei pelos pulsos e gritei “POR QUE NÃO PODE PARAR COM ISSO DE UMA VEZ? ANA NÃO EXISTE THÉO! ELA NÃO É REAL”

Seus olhos ficaram arregalados me encarando assustado, quando uma garotinha loira com duas tranças em cada ombro, vestindo um vestido azul de manga curta e babados, saiu de seu quarto um pouco tímida se encostando no batente da porta.

Ele tinha razão, as mesmas orbes esmeraldas que você.

Não podia acreditar no que via, tinha enlouquecido totalmente também, comecei a ver a garota falsa. Théo falou tanto sobre essa maldita garota que também comecei a vê-la, devia pôr um fim naquilo de uma vez.

Puxei Théo até o quarto nos aproximando da menina, toquei suas bochechas e sorri tentando ser simpática, a perguntei se gostava de chá e ela disse que sim com a cabeça. Mandei os dois me esperarem alí que prepararia três para nós

Depois de os fazer levei até eles, e me sentei junto às crianças em uma mesa infantil de plástico, que possuía quatro cadeiras. Os servi em xícaras de porcelana e os observei sorrindo enquanto tomavam.

Ai meu Deus, eu não consigo acreditar no que fiz. Me perdoe, perdi totalmente o controle de meus atos, foi como quando o acidente aconteceu. Eu não queria o envenenar, você sabe, não sabe? Amo muito nosso filhinho não deveria ter posto "aquilo" em sua comida, mas quando você ameaçou me entregar e me separar dele eu surtei, tive que fugir.

Eu coloquei veneno de rato naquele chá, apenas fiquei os vendo convulsionar em minha frente. Ana era real, a vi morta, seu corpinho pequeno pálido ficando gelado assim como o de Théo.

Tinha toda a razão, preciso de ajuda. E não se preocupe, fiquei tempo demais machucando nosso filho, acho que o certo é ele ficar com você. Então me certifiquei que se juntariam novamente, cortei seu cadáver em vários pedaços e te enviei por correio.

Não precisa me agradecer só fiz o que deveria ser feito, e assim que eu melhorar posso voltar para você, pra nossa casa, e nosso Théo.

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