o amor não tira férias

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O relógio na parede dizia para Jason que ela deveria estar chegando em Los Angeles naquele momento. Pensa em como ela tinha passado aquelas mais de treze horas dentro do avião, se tinha dormido, assistido um filme, pensado nele. Odeia, no entanto, as únicas certezas que tem: que ela estava magoada, triste e com raiva dele, e que, no momento, o amor de sua vida o odiava e achava que ela havia sido apenas um joguete, um passatempo descartável para ele. Ele havia dito que a amava e ela não tinha acreditado.

Piper passou o voo todo esparramada na poltrona da primeira classe bebendo tudo o que podia para evitar pensar nele e em tudo que tinha acontecido, mas falhou. Tinha feito questão de comprar a passagem mais cara disponível justamente para ter acesso ao álcool. Se bebesse até ficar incapaz de pensar, consideraria um bônus maravilhoso. Mas é claro que o tinha que escolher a porcaria de um filme  com um protagonista loiro de olhos azuis, e depois, quando trocou de filme, o mocinho era um britânico que gostava de cozinhar e, por fim, quando dormiu, sonhou com ele e acordou triste porque ele não estava ali dando beijos em seu rosto enquanto murmurava um bom dia e a puxava para um abraço. Pensou naquela maldita carta que tinha deixado no muro da casa de Julieta antes de ir para o aeroporto e como era uma despedida triste da cidade que ela tinha aprendido a amar. Da cidade que, no momento, ela desejava nunca ter amado.

Jason sentia-se como um peso morto no mundo ocupando um espaço que não era seu. Não estava pronto para abrir mão dela, estava? Não deixaria o amor dela escapar entre seus dedos sem lutar por ela. Se ela não conseguisse ouvir, se não acreditasse, se o mandasse embora, tudo bem, ele iria, mas precisava pelo menos tentar. Porque se não tentasse, aí realmente não seria digno dela, não seria digno nem mesmo de pensar nela com saudade, com aperto do peito.

O capuz preto e os grandes óculos escuros impediam que Piper se sinta exposta andando pelo aeroporto enquanto procurava o carro que a mãe tinha mandado para buscá-la. Ainda não tinha terminado sua grande jornada de reclusão perante a mídia, ainda não queria voltar a ser uma pessoa pública. Ainda não queria sua foto estampada nos sites da cidade dizendo que ela finalmente tinha parado de se esconder e dado as caras. Faz caminho até a casa dos pais observando a cidade. Los Angeles estava igual ao que se lembrava. Ela quem estava diferente.

Jason compra a passagem em um ato impulsivo, mas calculado. Dane-se que tinha uma vida aqui e que estivesse dando as costas para os trabalhos pendentes, para provar o terno que usaria no casamento ou qualquer outra coisa. Em algumas horas partiria para Los Angeles e a única coisa que fazia questão de levar era a correntinha dourada que é dela, que ele queria dar a ela de novo.

Um abraço apertado da mãe, o pai alisando seus cabelos, a irmã lhe dando uma cotovelada amigável, o cunhado desejando um 'bem-vinda de volta' e as duas sobrinhas muito felizes em ver a tia favorita pessoalmente de novo. Piper não podia querer um retorno melhor para casa. Ninguém lhe pergunta nada, porque sabiam que se ela quisesse falar sobre, começaria o assunto ela mesma. No entanto, fazem de tudo para distraí-la com suas coisas favoritas: filme e pipoca, chocolate, brincadeira de pique-esconde com as crianças, uma taça de vinho, batata frita e banco imobiliário - sempre saiam as melhores discussões, Charles e Silena tentavam arduamente um falir o outro, Tristan roubava descaradamente e Louise, nervosa, falava em francês que eles eram um bando de animais. Tinha sentido tanta falta dessas noites em família. Tinha sentido falta deles.

Jason pensava muito em como achar Piper na enorme cidade de Los Angeles. Será que se vasculhasse a internet como um maluco encontraria algo? Se ela atendesse o telefone, se respondesse suas mensagens... E então, se lembra do dia que a morena tinha ficado sem bateria e usado o telefone dele para mandar mensagem para a irmã, para perguntar se a sobrinha estava melhor de uma gripe, porque ela estava preocupada. Vasculha seu telefone até encontrar e reza, desesperadamente, para a mulher não ter trocado de número. E torce avidamente para dar certo, porque sabia que as irmãs são unidas e é bem provável que Silena também estivesse furiosa com ele.

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