40: Caricatura sangrenta

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AJUSTES FEITOS AO ENREDO: Jade não tem mais a profissão de policial, isso foi REMOVIDO. Se por acidente em algum lugar ainda estiver constando essa informação, apenas desconsidere. O casal principal agora está em maior evidência, e pequenos detalhes cruciais foram adicionados nos capítulos: 2, 23, 33. O capítulo 36 ganhou acréscimos de cena.


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O céu retumbava com clarões que iluminavam as feições dos vivos e dos mortos na escuridão. As luzes da roda gigante falhavam, até que se apagassem de vez. Gotas grossas de água diluíam o sangue na terra, encharcando os órgãos do corpo aberto, enquanto um gemido de dor podia ser dificultosamente ouvido.

Os passos daquela pessoa foram diretos e rápidos na direção do anjo caído às portas do Arcana, que tremulava no vento, se agitando com a chuva, tão vazio e abandonado quanto um mausoléu. Com as mãos enluvadas ele puxou os cabelos longos para trás, afastando dos olhos antes de se agachar diante do homem quase morto, com uma perfuração considerável do calibre quarenta no abdômen. Os olhos claros se tornaram fixos sobre o broche, e de sua boca se ouviu um riso curto, soprado de escárnio.

Mas não disse nada, e nem fez nada além de pegar a faca presa em suas roupas. Ouviu-se passos, e logo Michel se abaixou junto de Jade. Do chão sujou a luva com lama ensanguentada, riscou um sigil na palma da outra mão, antes de esticá-la na direção do ombro do homem, de onde a bala alojada imediatamente saiu, e do buraco sangue começou a jorrar — Áster.... — A voz de Jade era um sussurro entredentes, cílios molhados pela chuva, olhos injetados pelo choro que aquecia seu rosto, e tentava desesperadamente não olhar para os cadáveres no chão.

Não houve resposta. Ele apenas usou a faca de Dálio para cortar a própria mão sem que houvesse mudança significativa em sua expressão, antes de pressioná-la contra o peito de Kader, deixando que seu sangue fluísse para o ferimento.

— Gente... o... o que tá havendo? — O ruivo tentou perguntar, balbuciando.

— Áster — Quimera se aproximou, por outro lado Dálio permaneceu parado na porta do circo, encarando o corpo.

— Quimera...

— Todos vão para a casa, e não saiam. Tranquem portas e janelas, arrumem suas coisas, vamos embora no fim da semana. Estejam de volta no trem até lá, esperem por mim caso eu não estiver aqui. Se eu demorar demais... Podem seguir o caminho — Ele murmurou, enquanto colocava uma das armas ainda carregadas nas mãos da moça.

— Áster! — Ela chamou, piscando para afastar a água que turvava a visão. Mas ele continuou caminhando na direção do trem.

— Todo mundo está enlouquecendo! Por que disse que vieram atrás dele!? Eu pensei que eles queriam matar a tia naquela época! Que queriam matar a gente! O que Áster tem a ver com isso...? — Dálio esbravejou e Quimera virou o rosto, para ajudar Jade, que também evitava olhar para os dois, imerso em pensamentos, antes de forçar as palmas contra o chão para se erguer.

— Jade! Não vá atrás...! — Quimera chamou, quando ele se levantou, também seguindo na direção do vagão amarelo. Ela pensou em seguir o homem já que estava machucado, mas Dálio a parou, quando agarrou sua roupa assim como fazia quando ainda era uma criança.

Ele claramente queria chorar, e talvez estivesse mesmo chorando, suas lágrimas encobertas pela chuva, olhos verdes assustados, baixando para os corpos no chão.

Diferente dele, essa era uma visão com a qual ela estava familiarizada. Apenas não imaginou que seus planos de abater e bater esses três homens, terminariam assim.

Ela olhou para o trem, e depois para a arma em suas mãos, pressionando os lábios, aflita.

Não era a primeira vez que tomava uma decisão difícil também. Ela guardou a arma na cintura, puxando a bata sobre o cano, antes de esticar a mão e acolher a do garoto, apertando em volta, firmemente.

A Queda de ÁsterOnde histórias criam vida. Descubra agora