Capitulo 09

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Cap: 09- O fim de algo sequer iniciado

Daya

Universidade San Francisco; 16:45 da tarde.

Depois de acompanhar o Dr. Carrington, o qual me pediu para ser chamado de Thomas, eu voltei às aulas. Estava sendo um dia até então normal, tive aulas práticas e teóricas, nada fora do padrão. Mas quando estava no último horário recebo uma mensagem no celular do Thomas pedindo para me encontrar após os término das aulas, não dizia o motivo, só dizia que deveria ir em sua sala. Aquilo foi o estopim para eu começar a imaginar todas as cenas de assassinato e desmembramentos possíveis, contudo, havia algo em Thomas que me chamava atenção, além da sua óbvia beleza, sua personalidade enigmática me intrigava de uma forma boa, a qual eu gostaria de desvendar.

Concluo meu esboço do próximo projeto e me despeço da Lvy, e saio da sala seguindo para o escritório do senhor Carrington. O corredor estava movimentado devido ao término das aulas, demoro um pouco mas chego na sala de Thomas e bato na porta recebendo o consentimento para entrar.

— Desculpa a demora, o corredor estava lotado. — Digo entrando nervosamente e colocando as mãos no bolso da calça. — Porque me chamou aqui?

— Eu recebi a ficha da sua antiga psicóloga, e precisamos conversar. — Engulo em seco e vejo ele se levantar de sua mesa e sentar numa poltrona, ele aponta para o sofá e lá me sento. — Daya, porque não me disse que já teve tendências suicidas?

— Porque eu não tenho mais, e achei irrelevante.

— Achou irrelevante contar ao seu psicólogo que já teve tendências suicidas e que já tentou tirar a própria vida há menos de 3 anos atrás? — Ele pergunta calmo e friamente.

— Eu não achei relevante porque aquela fase da minha vida não se aplica a agora. 

— O que aconteceu naquela época Daya? Do que você se defende tanto ao ponto de ter problema de controlar sua raiva? — Ele diz como se estivesse me pressionando.

— Tem tudo na minha ficha, por que não lê? — Olho para as paredes, teto, tudo que não sejam os olhos dele.

— Quero que me diga você mesma, está aqui em tratamento, precisa pôr para fora, sua antiga psicóloga não conseguiu, mas eu estou disposto a chegar até o fim.

— Okay, quer saber o que aconteceu? — Digo me levantando do sofá cansada, e sem disposição de passar pela mesma coisa de anos atrás. — Três anos atrás eu estava dirigindo um carro e tinha duas amigas minhas comigo, estávamos indo para uma festa boba que eu insisti para todas irem. Na rodovia um caminhão com motorista bêbado bateu no carro. Eu vi tudo, vi quando a Jade se afogou no próprio sangue, vi quando Bea deu o último suspiro, eu vi tudo, e não pude fazer nada. Só eu sobrevivi, e isso é muito injusto porque elas eram pessoas muito melhores do que eu, então todos os dias eu tento ser uma pessoa melhor por elas. Só que chegou uma hora que eu não queria viver num mundo onde eu sobrevivia e elas não. — Faço uma pausa para enxugar as lágrimas que nem mesmo eu sabia que haviam caído. — Sobre meus problemas de raiva? Não são para me proteger, são para proteger a Maya e a Lvy, porque com elas eu sinto como se fosse um recomeço, e eu não vou deixar nada acontecer com elas. Antes que fale qualquer coisa, eu sei que elas não são a Bea nem a Jade, mas elas são minhas amigas, as amigas que me fizeram ver a vida com outros olhos, se você acredita em Deus, elas foram como anjos na minha vida. — Quando noto já estou me debulhando em lágrimas e soluçando. — Já tem sua resposta.

Saio da sala antes que ele possa me impedir, vou todo caminho até o dormitório tentando controlar a dor no peito, tentando não reviver as cenas daquele dia. Tudo que eu reprimi ao longo desses três anos foi colocado para fora, e eu simplesmente não queria lidar com aquilo. Assim que adentro no dormitório vejo Maya e Lvy conversando, mas logo elas olham para mim e não perguntam nada, só me abraçam e eu me permito colocar tudo para fora. Nós só ficamos ali, abraçadas, como se o mundo lá fora não existisse.

Todas as Imperfeições do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora