Domingo havia chegado. Félix já havia usado todas as desculpas possíveis para fugir daquilo que Niko pedia há meses. Todos estavam ocupados, ninguém precisava de sua ajuda. Dessa vez, não havia plano que pudesse ser criado para evitar conhecer os pais de Niko.
Desde que oficializaram o namoro, meses atrás, Niko pedia para que Félix o acompanhasse na visita mensal que fazia à casa dos pais, para que os avós de Fabrício e Jaiminho pudessem curtir os netinhos. Mas, Félix sempre inventava uma desculpa e conseguia fugir na última hora.
Agora era diferente, Niko era inocente como um carneirinho, mas não ao ponto de não perceber que Félix estava evitando conhecer seus pais, usando Cézar e os outros para apoiar seus argumentos. Assim, Niko procurou Paloma e pediu para que ela buscasse seu pai naquele dia, prevendo que ele seria a desculpa da vez.
Quando Paloma foi buscar o pai no domingo, Félix compreendeu que não havia para onde correr. Ele teria que enfrentar aquela situação e conhecer seus sogros.
-Féééliiix, quantas vezes mais você vai trocar de roupa? Você vai para um almoço conhecer meus pais, não para a São Paulo Fashion Week
-Niko, eu preciso fazer uma boa impressão! Não quero que seus pais pensem que não tenho como cuidar do lindo carneirinho que eles colocaram no mundo.
-E você acha que meus pais vão ter uma boa impressão sua por causa de um terno de grife?! Eles são pessoas simples, Félix! Não ligam pra essas coisas, não - Niko falou com a melhor das intenções, querendo tranquilizar o namorado.
Félix, porém, entendeu que sua boa aparência física não faria a menor diferença para os sogros. Seu caráter é o que importaria. Obviamente os pais de Niko iriam querer saber se aquele homem era bom o bastante para o seu filho amado. E sinceramente, Félix não sabia a resposta. Havia tanta escuridão em seu passado, que ele não conseguia se identificar como um homem bom. Muito menos bom o suficiente para Niko, uma criatura tão boa e inocente.
Um dos motivos que fizeram Félix adiar tanto o encontro com os sogros, era o medo de que eles pudessem enxergar a escuridão que havia nele. Niko ainda não havia visto esse seu lado, mas talvez seus pais poderiam abrir seus olhos. Fazer o carneirinho entender que não poderia confiar em alguém como ele. O próprio lobo mau.
-Féélix! Hello! Dá pra parar de se encarar no espelho e terminar de se arrumar? Eu quero sair cedo pras crianças não sentirem fome na estrada.
Félix acordou de seu transe com o pedido de Niko. Ele estava deitado de bruços, distraidamente fazendo linhas no lençol de seda em que os dois haviam passado a noite juntos. Félix sorriu vendo o jeito que ele balançava os pés, ansioso pelo dia que os dois tinham pela frente. Rapidamente, ele saiu da frente do espelho e se atirou na cama, beijando o rosto do companheiro diversas vezes enquanto apertava suas costelas, fazendo cócegas no pobre carneirinho.
-E se aproveitássemos que não há ninguém em casa e ficássemos o dia inteiro namorando, hein carneirinho? Vamos ficar por aqui, nessa cama, curtindo um ao outro - as últimas palavras foram sussurradas, os lábios de Félix tocavam a orelha de Niko. - O que você me diz? Hmmm? - Félix aconchegou sua perna entre as coxas de Niko, fazendo pressão contra sua bunda.
-Não vem com essa, não! Eu sei o que você tá tentando fazer - disse Niko enquanto se levantava, fugindo dos beijos quentes que Félix lentamente distribuía sobre sua nuca - A Márcia me alertou sobre esse seu jeito de conseguir o que quer seduzindo. Eu já tô vacinado
-Mas, Niko - Félix foi atrás do parceiro, olhou nos seus olhos, com uma mão arranhava sua nuca, a outra subia por dentro de sua camiseta, delicadamente tocando a pele que encontrava lá - Você que está me seduzindo, criatura! É muito convidativo te ver de bruços na minha cama.
-Eu já levantei! Problema resolvido - Niko deu um tapa na mão que já havia subido até seu peito e começava a brincar com seu mamilo.
Niko puxou Félix pelo braço e os dois desceram as escadas. Adriana arrumou as crianças no carro e foi liberada para curtir o seu dia. Mesmo sendo praticamente arrastado até o carro, a expressão de Félix mudou quando percebeu o que estava acontecendo. Uma viagem em família. A sua família, que ele estava construindo com Niko. Ele olhou para as crianças, olhou para Niko, que sorriu de volta para ele, mesmo sem entender o que havia feito sua expressão mudar tão depressa. Como já era costume, Félix acariciou o rosto do parceiro como se ele fosse o ser mais precioso do planeta.
-Pai, como a gente vai chegar na casa da vovó se o carro não tá andando?
O casal riu da colocação do menino
-Parece algo que você falaria, acho que o Jayminho tá pegando o seu senso de humor - Niko olhou para o parceiro e então ligou o carro.
Félix sorriu com a comparação. Gostava muito de Jayminho e se sentia feliz de poder inspirar o garoto. Inclusive não lembrava a última vez em que havia se sentido tão feliz. Tão completo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Show me the places where the others gave you scars
FanfictionDomingo havia chegado. Félix já havia usado todas as desculpas possíveis para fugir daquilo que Niko pedia há meses. Todos estavam ocupados, ninguém precisava de sua ajuda. Dessa vez, não havia plano que pudesse ser criado para evitar conhecer os pa...