Kiramman's Christmans

Os Kiramman tinham como tradição comemorar as festividades de Natal em uma bela, porém singela celebração no chalé da família nas montanhas.

Durante a infância era a data mais esperada por Cait, a única em que não precisava se preocupar em manter a postura esperada para uma herdeira como ela, sem lidar com pessoas inconvenientes ou vestimentas desconfortáveis. No chalé apenas assistia horas e horas de filmes natalinos na companhia dos pais, bebendo inúmeras xícaras de chocolate quente e, quando sua mãe considerava seguro, brincavam na neve por longas horas.

Na adolescência Caitlyn passara por um período meio rebelde e considerava a tradição natalina de sua família entediante. Passava a maior parte do dia no telefone, conversando com seus amigos ou com alguma garota que namorava escondido.

Ao entrar na Academia de Polícia voltou a aproveitar o breve período que se reunia com os pais, os achando mais agradáveis. Deixar de fingir que as mulheres com quem se relacionava romanticamente eram meras conhecidas ajudara bastante a reconexão deles. No entanto, nenhum dos relacionamentos que teve durante sua formação na academia se tornou sério o suficiente para Cait sentir necessidade de apresentar alguma delas a seus pais, muito menos para compartilhar de uma tradição tão antiga dos Kiramman.

No entanto, após conhecer certa jovem presa injustamente que aceitara ser sua informante as coisas mudaram rapidamente.

Começaram a desenvolver sentimentos uma pela outra enquanto ainda estavam trabalhando no caso, porém só começarem a se relacionar fisicamente quando Violet fora legalmente inocentada. Caitlyn ofereceu o quarto extra de seu apartamento para que a rosada se estabelecesse até poder achar moradia própria, o que nunca acontecera. Em poucos meses começaram a namorar e em menos de um ano desde que se conheceram se casaram em uma cerimônia intimista.

Apesar de considerarem rápido Cassandra e Tobias ficaram muito contentes por ver a felicidade de sua filha e a apoiavam incondicionalmente, principalmente após ela não ter se sentido acolhida e confiante o suficiente para falar com eles sobre sua sexualidade até atingir a maior idade. Mesmo tendo encontrado com Violet pocas vezes ambos haviam gostado bastante da jovem e admiravam a resiliência dela por ter enfrentado momentos difíceis como os que a levaram ser encarcerada por anos. Contudo, a distância entre eles e a nora os incomodava um pouco, sentiam que haviam falhado em demonstrar que ela era uma Kiramman agora e neste Natal se esforçaram para deixar isso claro a Vi.

- Tem certeza de que eles me querem lá? Posso ficar em casa sem problema nenhum. – Vi desse enquanto colocava as bagagens no porta-malas do carro.

- Sinceramente acho que esse ano eles querem mais você lá do que eu, amor. – Abraçou a menor. – E se não estiver confiante está tudo bem, eu entendo e tenho certeza de que eles também iram.

Enquanto Caitlyn dirigia observando atentamente a estrada parcialmente coberta pela neve fina que caia, Violet admirava a vista tentando reprimir as memórias que insistiam em rondar sua mente. Quando criança Vi adorava o Natal, ela e Powder adoravam observar a neve caindo e a cidade toda enfeitada, entretanto, conforme fora crescendo o Natal fora perdendo sua magia.

Violet aceitara o convite de seus sogros apenas por saber que para eles e sua esposa era uma data especial e feliz, mas para ela o Natal era apenas mais um dia para lembrá-la da falta que sentia de seus familiares e pensar sobre o paradeiro desconhecido de sua caçula. Entretanto, preferia deixar sua melancolia para si e apenas fingia que era um dia comum e desnecessário.

Graças ao trabalho o jovem casal só pode viajar na véspera do Natal, para o alívio de Vi, e só chegariam ao chalé durante o entardecer. E, de acordo com os cálculos da rosada, o tempo que teriam entre a chegada e a ceia era tão curto que daria para verem no máximo dois filmes com temática do feriado.