Apenas um teste...

Uma mensagem de M

 [Cena extra]

POV: Narrador:

Naquele mesmo dia, no início de noite na SPK, os poucos membros que restaram revezavam os turnos, que variavam desde passar mais de vinte quatro horas acordado, para virar madrugadas inteiras envoltos na investigação. Ainda mais após o avanço da mesma desde a vinda de Mello, e as deduções de Near que trouxeram um nome e sobrenome para a verdadeira identidade de Kira.

Yagami Light.

O filho mais velho de Soichiro Yagami, o tão fiel policial japonês que queria tanto prender o temido Serial Killer, Kira, sem saber que o mesmo dormia sobre o seu teto.

Sem saber do laço sanguíneo que os unia.

Um belo fardo para se carregar.

Tão irônico...

Ao menos ele descansava em paz, sem ter conhecimento da dura verdade. Near se perguntava se era realmente melhor assim...

Os agentes estavam cada uns em suas respectivas cadeiras. Rester analisava algumas imagens retiradas de câmeras de segurança, analisando a movimentação do lado de fora da rua aonde fica a residência da família Yagami. Foi quando a voz do jovem líder da SPK quebrou o silêncio da sala:

— Gevanni, traga me o último prontuário.

— Certo.

O belo agente da SPK se levantou e entregou os documentos para Near, que aguardava com a mão estendida para o alto, com os olhos fixos no televisor, aonde acompanhava o noticiário de Takada Kiyomi.

— Comandante Rester, me mantenha informado sobre qualquer nova informação de Yagami Light.

— Entendido, Near.

— Lidner, amanhã quando se aproximar da Takada Kiyomi, perceba se Amane irá menciona-lo novamente a ela — Near instruiu. — E fique de olho na nova abordagem que ela está usando no programa dela.

— Está certo — a agente concordou com a cabeça, pegando alguns papéis na mão e saiu da sala.

Ao ficar sozinho na central de controle da SPK, o sucessor de L deixou seus bonequinhos de lado, com exceção de um deles. Aquele que tivera mais cuidado que os demais para fabricar, com o Kit que Rester lhe comprara, à pedido seu.

O único som que podia ser ouvido na sala da central de comando era, vez ou outra, o bipe de algum aparelho de investigação, junto com o ruído constante do trenzinho do ferrorama que contornava a sala, sem parar.

O sucessor de L passou a ponta dos dedos pálidos, distraidamente, bem aonde ficava a cicatriz na região abaixo dos olhos do bonequinho.

Foi quando ele ouviu o próprio celular vibrando de forma similar à um toque de telefone antigo.

Conteve o impulso de pedir para Gevanni buscá-lo para si, ao se lembrar de que estava sozinho. Dessa forma, se levantou a passos lentos, sentindo o frio do piso contra sua meia branca, até alcançar o aparelho. Viu o grande "M" aparecer no visor, logo acima do aviso de recebimento de uma nova mensagem.

Era uma foto.

"M" havia lhe enviado uma imagem tirada do desenho que Linda havia feito de Near. Era possível ver a luva preta de couro sintético do mesmo, segurando o papel em seus dedos. Também conseguia enxergar parcialmente o pingente de uma pulseira, com um crucifixo pendurado, que sempre usava...

Near desconfiava que Halle que havia encaminhado o desenho à Mello, a pedido do próprio após ela tê-lo mencioná-lo ao número dois, por alguma razão.

Foi então que o celular vibrou novamente.

Uma nova mensagem.

Uma nova foto.

Atrás dele estava escrito apenas duas palavras...

Os olhos escuros do número um da Wammy se arregalaram levemente, o que já era muita coisa se tratando de alguém tão naturalmente inexpressivo como ele.

" Dear Near"

Era o estava escrito em uma letra garranchosa, que sabia pertencer ao loiro.

O albino deu um pequeno sorriso, enquanto deixava o celular de lado. Enrolou uma mecha de cabelo em seu dedo, ao mesmo tempo que voltava a sua atenção para o bonequinho em sua mão.

Ao olhar dentro dos olhos profundamente azuis do boneco, sussurrou para si mesmo:

— Sempre tão previsivelmente imprevisível, Mello...