1. O presente de Snape

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Londres, 24 de dezembro de 2006.

Draco acordou em sua enorme e cômoda cama, percebendo imediatamente que tinha um corpo quente ao seu lado. Franziu o cenho, olhou quem era e forçou a memória: lembrou então da noite de sexo apaixonado que teve com aquele garoto. Suspirou, voltou a fechar os olhos e não fez nenhuma tentativa de tocar ou abraçar seu companheiro. Não tinha o costume de repetir com o mesmo cara; qual é, ele nem sequer entendia porquê o deixou passar a noite em seu loft. Normalmente, costumava retirá-los do apartamento assim que terminava. Sem abrir os olhos, tentou lembrar a razão disso não ter acontecido, mas não conseguiu. Ou estava muito bêbado, ou o sexo tinha sido bom demais. Vai saber.

Como fosse, essa manhã era véspera de Natal e ele tinha que ir para Wiltshire passar esse dia e o próximo com sua mãe. Jamais perderia a ceia com ela, já que desde a morte de seu pai, Draco tinha se tornado o único laço familiar de Narcissa. Então, a contra gosto, e não porque acreditasse na "magia do Natal" e toda essa besteira, mas porque sentia uma obrigação moral com sua progenitora, Draco ia ano após ano.

Voltou a suspirar, agora com mais cansaço, abriu os olhos e se levantou. Admirou a bela vista da cidade através das janelas descomunais que abrangiam três das quatro paredes do seu loft. Adquirir aquela propriedade trouxa havia custado um olho da sua cara, mas esbanjava luxo e conforto. Além do mais, graças a ela, Draco podia ver Londres como poucos podiam se gabar de ver. A não ser que tivessem uma vassoura voadora, é claro.

Sacudiu o corpo de seu acompanhante de uma forma não muito gentil, arqueando uma sobrancelha diante da vista das belas costas daquele trouxa. Draco sempre podia se presentear com o melhor do melhor, e isso incluía a melhor carne do pub, bar, restaurante ou festa em que estivesse.

— Acorda, garoto. Tá na hora de você ir. — disse em voz alta. O rapaz, de pele branca e cabelo castanho escuro, se agitou e murmurou algo entre dentes. Draco revirou os olhos e se afastou em direção ao banheiro. — Vou tomar um banho. Não quero te ver aqui quando sair.

Além de seu enorme apartamento no décimo andar de um dos edifícios mais caros da cidade, Draco também havia comprado um pequeno prédio no coração do Beco Diagonal, o qual havia modernizado e transformado nos melhores escritórios do local; tudo com a intenção de poder tocar os negócios familiares pelos quais era responsável, sem ter que viajar todos os dias até a mansão Malfoy, onde anteriormente seu pai havia trabalhado sua vida toda. Draco não conseguiria fazer isso: trabalhar em casa como havia feito seu pai. Ele precisava da vida na cidade, conhecer pessoas diferentes, estabelecer contatos em ambos os mundos, mágico e trouxa, aumentar a fortuna. E também, claro, apreciar a vida noturna. E para isso, nada melhor que Londres com seu inigualável Soho e as melhores baladas gays.

Além disso, viver com sua mãe era francamente insuportável. Narcissa não parava de insistir para que ele se estabelecesse e formasse família.

"Você tem vinte e seis anos, Draco, por Merlin!" Dizia a mulher, como se ele fosse um velho.

Draco sofreu esse assédio por vários anos até convencer sua mãe de que era gay com todas as letras, e que jamais se casaria com uma bruxa; então, quando parou de fazer a surda e aceitou, Narcissa se encarregou de investigar e comunicar a Draco que ele também poderia ter descendência com um homem. Draco — que conhecia esses caríssimos métodos de combinação de esperma de dois homens, e sua posterior implantação em alguma bruxa que aceitasse ser mãe de aluguel — havia informado a Narcissa que, para poder ter filhos, primeiro precisava encontrar um bruxo com o qual casar-se.

E a partir desse dia, Narcissa havia se dedicado de corpo e alma a apresentá-lo a todos os homens gays da alta sociedade com a esperança que seu filho maluco conhecesse finalmente o bruxo sangue-puro certo para se apaixonar.

A família de Draco » drarryOnde histórias criam vida. Descubra agora