Our Memory, Unbroken | Harmione

{2} Missões

Sábado, 23 de setembro de 2006

O som do isqueiro ecoou no silêncio que se instalara entre ele e Ron em seu escritório no DMLE. Encostado na escrivaninha, Harry deu uma longa tragada no cigarro, saboreando a forma como ele fazia sua raiva diminuir, pelo menos momentaneamente. Até que ele sentisse a necessidade de acender outro. Era assim que as coisas aconteciam. Ele se lembrava agora.

"Hermione odeia isso", disse Ron, olhando para o nada.

"Sim, bem", disse Harry, depois de mais uma tragada. "Isso realmente não importa agora, não é? E eu usarei amuletos para me livrar do cheiro quando for visitá-la."

Ron assentiu lentamente com a cabeça, passando a mão pelos cabelos. "Pelo menos ela ainda pode fazer magia, certo?"

Harry apagou o cigarro no cinzeiro em sua mesa e cruzou os braços. É claro que, racionalmente, ele entendia que Hermione tinha tido sorte. Mas o fato de que suas memórias perdidas começaram naquela noite, entre todas as noites. Que todo o relacionamento deles havia sido apagado de sua mente. Isso definitivamente soava como uma piada cósmica maior do que a Profecia que o havia submetido a nada além de miséria nos primeiros dezoito anos de sua maldita vida.

"Mhm. Pelo menos isso", disse ele, batendo no queixo.

Ele se virou bruscamente para examinar os artefatos das trevas dispostos em sua mesa. Uma corrente preta, uma pequena caixa de música de aparência inócua, algumas lâminas com infusão de veneno. O DMLE não estava acima de usar itens confiscados por uma boa causa.

"Preciso encontrá-los, Ron. E rápido. Tudo isso é culpa minha. Se eu tivesse conseguido resolver esse caso de merda mais cedo, nada disso teria acontecido."

Ron se aproximou e segurou seu ombro. "Amigo, eu sei que você adora se culpar por tudo, mas há uma força-tarefa inteira trabalhando nisso. Não é só com você."

Os olhos de Harry pousaram na corrente preta. Um item interessante, com certeza. E não apenas para envolver o pescoço de alguém por trás, embora ele adorasse fazer isso também, é claro. O fato de terem ousado machucá-la dessa forma. Ele ainda não conseguia entender ou pensar muito sobre isso por medo de explodir em um acesso de raiva.

"Isso é besteira e nós dois sabemos disso. Estou no comando da maldita força-tarefa. É minha responsabilidade e meu fracasso até agora."

"Tudo bem, então. Se estivermos seguindo a cadeia de comando, você se reporta diretamente a Kingsley. Então, na verdade, a falha é dele, certo?" disse Ron.

Harry balançou a cabeça. "Você não está tentando seriamente me consolar neste momento."

"Culpar a si mesmo não vai resolver nada, só isso, amigo", disse ele. "Mas", acrescentou, lançando olhares preocupados para Harry, parecendo não saber se deveria continuar ou não. Finalmente, ele decidiu se arriscar. "Precisamos considerar que isso foi direcionado a você. Que eles foram atrás dela por causa da ligação dela com você. Quero dizer, não me entenda mal, ela era um espinho por si só. A mais famosa nascida-trouxa e tudo isso. Teríamos perdido a guerra sem ela. Mas..."

"Você acha que eu não sei disso?" disse Harry.

Ele levantou a corrente preta de sua mesa. Ron estendeu a mão, abrindo e fechando a boca algumas vezes, parecendo querer protestar. Por fim, ele ficou em silêncio e Harry sorriu friamente. Lentamente, ele enrolou a corrente infundida com Magia Negra em seu punho.

"Não há nada que eu queira mais neste momento do que que eles venham atrás de mim diretamente. No momento em que o fizerem, eu os matarei."

Ele cerrou o punho uma vez e o chão tremeu fortemente sob os pés deles, como se tivessem sido pegos no meio de um terremoto. Duas vezes, e todas as xícaras e copos que Harry deixará descuidadamente em seu escritório se estilhaçaram, lançando cacos ao redor deles. Uma terceira vez, e todas as paredes da sala se quebraram com um barulho ensurdecedor.