{3} Rosas

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Sábado, 23 de setembro de 2006

Sua cabeça ainda estava zumbindo com a lembrança do primeiro beijo quando ele aparatou no St Mungus. A lembrança, para sempre gravada em sua mente, de como ela o puxou para si. Seus lábios se encontraram com uma sensação de plenitude, como se tivessem procurado um pelo outro a vida inteira. A suavidade e o calor dela. A maneira como ele abriu os lábios dela com os seus, procurando, explorando, conhecendo esse novo lado dela, sentindo como se toda a sua visão de mundo tivesse sido escancarada. Durante anos, ele soube que a desejava desesperadamente. Mas ele não conseguia identificar exatamente o que desejava. Era isso. Retidão. Totalidade.

Harry se preparou antes de entrar no hospital, determinado a não aborrecê-la, ou, se Merlin não permitisse, acabar revelando a verdade e deixando-a em estado de choque. Ele odiava aquela maldita maldição com todas as fibras de seu ser, a insidiosidade dela era simplesmente alucinante, mas, no momento, suas mãos estavam atadas. Tudo o que ele podia fazer era ficar perto dela, fingindo ser apenas seu amigo novamente. Como se nada tivesse acontecido entre eles.

Ele decidiu se apegar ao pensamento de que aquilo era temporário. Tinha de ser. Perder Hermione, perder o que eles tinham, não era uma opção. Ele preferia muito mais incendiar o mundo a permitir que isso acontecesse. De qualquer forma, era um mundo de merda.

Quando ele chegou ao andar dela, o corredor estava felizmente vazio. O que o surpreendeu foi que a porta estava entreaberta. Ele franziu a testa e se apressou em direção ao quarto. Mas não podia ser. O St. Mungus não seria descuidado com as vítimas. Além disso, ele tinha Aurores patrulhando o maldito lugar. Ele não queria que um deles ficasse do lado de fora do quarto dela dia e noite para não demonstrar um favoritismo flagrante, mas agora ele mudou de ideia. Que se dane tudo isso, ele mostraria favoritismo, havia muito em jogo.

Mas o que ele viu quando espiou pela fresta, com os nós dos dedos brancos no cabo da varinha, o deixou completamente surpreso. Ela não estava em perigo, isso estava claro. Mas ali, sentado ao lado da cama dela, quando ele ainda deveria estar se informando com seus colegas no campo, estava Ron. Segurando a maldita mão dela. Harry se afastou da porta e se encostou na parede, lutando para se recompor. Ele colocou as caixas de bolos no chão e respirou fundo algumas vezes. Ele havia prometido a si mesmo que não a aborreceria. Não valia a pena. Isso podia esperar. Certo?

Acabou sendo uma espera interminável, ou assim parecia, e ele olhou para a porta aberta várias vezes sem ser visto. Ron não soltou a mão dela o tempo todo. Finalmente, ele saiu, fechando a porta atrás de si. Antes que ele pudesse perceber o que estava acontecendo, antes que o próprio Harry tivesse tempo de parar e pensar, ele agarrou Ron e o empurrou contra a parede, pressionando sua varinha em seu pescoço.

"Que porra você está fazendo?", ele exigiu.

"Você está louco?" disse Rony. "Abaixe essa maldita coisa ou alguém pode se machucar."

"Sim, esse alguém é você, amigo", disse Harry. "Que diabos estava acontecendo lá dentro? Você está de mãos dadas com a Hermione agora?"

"Merlin, é isso que está acontecendo?" Ron perguntou, seu tom próximo o suficiente do choque genuíno para aliviar algumas das suspeitas de Harry, mas não todas. Nem de longe. "Eu estava consolando-a, Harry. Ainda sou um de seus melhores amigos."

"Engraçado", disse Harry, enfiando a varinha mais fundo na pele de Ron. "A menos que eu esteja enganado, você nunca deu as mãos a ela quando ela se lembrava de que estava comigo. Então, o que mudou?"

"Certo, sim, quero dizer, você está certo, eu não dei, mas ela não tinha acabado de ser atacada naquela época, Harry. Pelo amor de Godric, você está deixando que tudo isso o afete demais."

Our Memory, Unbroken | HarmioneOnde histórias criam vida. Descubra agora