Abri a porta do quarto onde Cold estava deitado, sentindo meu coração bater tão forte pelo que estávamos prestes a fazer. O encontrei sentado no chão, com as costas escoradas na ponta da cama. A expressão era cautelosa, mas ele sorriu assim que percebeu que era eu.
—Estava pensando o quanto você iria demorar para aparecer. —Comentou, soando tranquilo até demais.
—Tempo suficiente para que Ryder convencesse os rebeldes a nos ajudar. —Falei, vendo Cold erguer as sobrancelhas em um ato de surpresa, enquanto eu abria um sorriso enorme. —Está pronto para derrubar o seu pai?
—Eles vão lutar uma última vez?
—Nós vamos, Cold. Todos nós. —Afirmei, vendo-o ficar de pé, parecendo não acreditar no que estava ouvindo. Como se fosse impossível pra ele imaginar que os rebeldes lutariam ao lado dele, sabendo quem ele era.
—Eles vão me deixar ir com vocês? Mesmo eu sendo filho do presidente e não um rebelde? —Questionou, enquanto eu entrava no quarto e caminhava até ele, levando minhas mãos até as suas.
—Você é um de nós. —Falei, fazendo Cold rir, como se aquilo fosse uma grande piada. —Estamos todos lutando do mesmo lado, Cold. Você é um de nós. Rebelde ou não. Vamos lutar todos juntos agora, uma última vez. Esta na hora de terminar o seu jogo. E espero ver você ganhando no final. —Cold abriu um sorriso ao me ouvir dizer aquilo. —E depois a gente decide o que fazer.
—Podemos fazer qualquer coisa, só quero ficar com você depois que isso acabar, Hannah. Não me importo de dormir embaixo de uma ponte. —Afirmou, me encarando como se tivesse medo de que não pudesse ter isso depois que tudo acabasse.
—Não acho que vamos precisar morar embaixo de uma ponte. —Soltei uma risada, me inclinando para beijar os lábios de Cold. —Mas vamos conseguir a vida que desejamos e merecemos.
—Vou pro inferno então. —Cold retrucou, me fazendo revirar os olhos, mesmo que ele estivesse sorrindo ao dizer aquilo. —Está tudo bem. Só quero ficar com você. Realmente não me importo com onde e como.
Cold se inclinou e me beijou, antes de me abraçar apertado, afundando o rosto na curva do meu pescoço, soltando uma respiração pesada que deixava claro que ele estava nervoso e ansioso demais, a ponto de não conseguir esconder esses sentimentos.
[...]
O resto do dia foi marcado por planos de como seria a invasão ao complexo e como cada grupo dos rebeldes lidaria com sua parte. Não iríamos entrar para sair, iríamos entrar para ficar. Eu sabia que muita coisa poderia acontecer naquele dia. Como Cold ter que matar o próprio pai. E eu e Ethan tentando salvar nossa mãe. Ryder tentando ter sua própria vingança. Cada um de nós tinha um motivo, por mais que pequeno, para querer derrubar o presidente.
Suspirei, colocando a roupa e segurando a arma entre minhas mãos. Olhei para ela e pensei na loucura que iríamos fazer em breve. A algumas semanas atrás, eu certamente não me reconheceria agora. A algumas semanas atrás, eu provavelmente escolheria ir embora daqui. Mas eu não era mais aquela Hannah.
—Todos prontos? —Ryder questionou, olhando para nós e todos assentimos. —Vocês sabem o que fazer. A luta só termina quando ouvirem a voz de um de nós naqueles auto-falantes. Sei que é uma missão quase impossível. Mas estamos fazendo isso pelo nosso futuro. Todos teremos um momento de tranquilidade em breve. Mas precisamos passar por isso uma última vez. Aos que vão ficar aqui, nos desejam sorte.
Ryder desceu as escadas e se aproximou de onde eu, Ethan e Cold estávamos. Ele parou na nossa frente e nos entregou os comunicadores.
—Ele possivelmente sabe sobre os esgotos agora. —Cold alertou. —As câmeras estavam ativas quando fugimos.
—Tudo bem. Vamos entrar pela porta da frente também. —Ryder afirmou, abrindo um sorriso confiante. —Ja está mais do que na hora de mostrarmos que não temos medo dele.
—Vamos derrubar os muros do complexo? —Ethan questionou, e Kai apareceu ao lado de Ryder com um Lança-foguetes, como se fosse a resposta pra pergunta dele.
—Nos vamos derrubar tudo. Esse brinquedinho está pronto pra entrar em ação. —Kai afirmou, me fazendo soltar uma risada com a animação dele para explodir qualquer coisa que via pela frente.
—Tudo pronto então? —Cold questionou, com sua expressão neutra e Ryder o encarou por alguns segundos, antes de assentir.
—Vamos começar.
Entramos nos carros e saímos usando uma das entradas ocultas que dava para o metro. Parte de nós entraria pelo esgoto e a outra parte entraria pela frente, usando os lança-foguetes que Kai havia roubado do complexo. Ryder estava dirigindo, com Kai ao lado dele, preparando a arma para atirar. Ethan e Cold estavam do meu lado em completo silêncio. Os dois iriam juntos atrás do presidente, enquanto eu, Ethan e Kai iríamos atrás da nossa mãe.
Eliot entraria pelos esgotos com Laís. Cold havia enviado um sinal a Gates para avisar o que estava prestes a acontecer e o deixar preparado. Se tudo ocorresse certo, Gates estaria esperando o pessoal na entrada do túnel dos esgotos, para tentar nos dar um fator surpresa.
Não demorou muito para avistarmos os muros e os soldados correndo, tentando se preparar para o que iria acontecer. Kai abriu o vidro e tirou a arma para fora, atirando logo em seguida. Ethan puxou o carro para o lado, enquanto víamos os muros de contenção explodindo. Os rebeldes que estavam atrás de nós fizeram o mesmo e logo parte daquilo já estava no chão para que passássemos.
Entramos nas ruas da Zona Militar, atirando pelo vidro aberto e indo em direção a Zona Presidencial. Ajeitei a arma na minha mão, enquanto via Kai recarregar e se preparar para atirar de novo, no momento que fôssemos passar pelos muros que separavam o setor 5 do setor 6.
—Preparem-se. —Ryder exclamou, trocando a marcha e pisando fundo no acelerador —Assim que entrarmos teremos que descer dos carros. —Ele olhou pra mim pelo espelho, parecendo pela primeira vez preocupado. —É agora ou nunca.
—Esperando o sinal. —Kai declarou, mirando a arma nos muros, enquanto Ryder fazia uma curva, batendo o carro em alguns soldados que estavam pelo caminho.
Olhei para Cold e vi ele abaixar os olhos até a arma em seu colo, como se estivesse pensando no que teria que fazer em breve. Levei a mão até a dele e a apertei, fazendo-o olhar pra mim e abrir um sorriso confiante, mas eu podia ver que aquela máscara de frieza estava se desmanchando e o verdadeiro Cold estava se mostrando pela primeira vez.
—Pode atirar. —Ryder afirmou e Kai puxou o gatilho.
Continua...
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Em Destruição
General FictionO mundo sucumbiu as guerras e os países se tornaram ruínas. Agora, décadas depois, as pessoas precisam viver em zonas de contenção no subsolo, impedidas de ir além dos muros que cercam o complexo em que vivem. Cada um tem um papel crucial nessa nova...