Terça-feira, 16 de abril
A manhã daquele bela terça-feira estava agradável. A brisa soprava um vento gélido sobre o rosto de qualquer um que estivesse na rua, enquanto o fraco sol iluminava o pequeno bairro de Boston. A primavera era sem dúvidas a melhor estação do ano, em Boston. Pelo menos era isso que Emma pensava.
Enquanto abria sua pequena cafeteria no centro da cidade, Emma observava os comerciantes a sua volta abrindo seus pequenos estabelecimentos. Eram por volta de sete e meia da manhã, o horário que a cidade começava a acordar. Havia apenas algumas pessoas caminhando pelas estreitas ruas de Beacon Hills. Estas aparentemente estavam apressadas em ir para casa ou paradas de ônibus mais próximas.
- Bom dia, Emma! - pronunciou Gina, enquanto se aproximava em passos rápidos. A mesma estava com um belo sobretudo preto e calça jeans azul, além de magníficas botas pretas. Gina era morena e tinha lindos olhos verdes, estava sempre com um sorriso simpático no rosto.
- Bom dia, Gina! Como foi sua noite? - perguntou Emma animada. Gina estava todas as noites estudando para a faculdade, passava horas na frente de seu notebook. Tentava se esforçar ao máximo para ser aprovada e dar um futuro melhor a sua irmã mais nova.
Havia prometido a Emma que iria sair com o namorado para se divertir um pouco e distrair os pensamentos preocupantes que a mesma tinha durante o dia todo.- Eu não pude ir... Estava com dificuldade em um trabalho e tive que aprendê-lo melhor para a prova do fim do mês. Você sabe como é importante pra mim. - explicou Gina entristecida.
- Entendo.
Emma ficou descontente por sua amiga não ter aproveitado um pouco. Mas ela não devia se intrometer na vida pessoal dela, afinal, não sabia de seus problemas.
Após abrirem a cafeteria, Gina se direcionou a cozinha, já que era ela a responsável por proporcionar um dos melhores doces da cidade. Emma cuidava da limpeza antes de abrir de fato as portas e ia para o balcão. Seus cafés e cappucinos eram todos feitos na hora, todos frescos para a melhor recepção dos clientes em plena manhã.
A cada dois dias, Emma fazia a troca dos bolos e docinhos da vitrine por os novos que Gina fazia, todos com a devida refrigeração necessária durante a noite. Os salgados geralmente iam todos durante o dia, e se a caso sobrasse, ela os levava pra casa e os comia na janta, sendo uma janta mais rápida e menos exaustiva após um dia inteiro em pé.
Emma havia herdado a pequena cafeteria de sua mãe, antes da mesma falecer em um acidente doméstico.
Morava sozinha em um pequeno apartamento. Nunca havia conhecido seu pai e sua família não fazia questão de visitá-la desde a morte de sua mãe. Mas Emma já estava acostumada e se sentia até melhor sozinha.
Seus esforços e pensamentos eram somente em sua cafeteria. Dedicava seu tempo a deixá-la mais confortável e apresentável aos clientes. Com decorações em tons mais ligados ao rosa, pois além de ser sua cor preferida, simbolizava o romantismo. Ela achava que encontros em um dia chuvoso tomando um delicioso chocolate quente com seu parceiro amoroso era a melhor coisa que existia para os clientes. Mas em seu caso, adorava caminhar sozinha e ir em algum lugar tomar um café fresquinho enquanto lia um bom livro.
Ela gostava de ler romances. Viver um estava fora de questão.
(...)
Após minutos com as portas abertas -com as vitrines cheias de bolos decorados por mãos talentosíssimas e vários tipos de doces divinos para todos os lados - entra o primeiro cliente do dia.
Era uma mulher bem vestida com uma bolsa aparentemente caríssima no braço.- Bom dia! Com o que posso ajudá-la? - Pergunta Emma, com seu melhor e mais belo sorriso. Tentava ser o mais simpática que conseguia para conquistar novos clientes, ainda mais bem apresentáveis.
- Bom dia! Um cappucino...e dois desses. Para viagem, por favor. - disse a bela moça enquanto apontava para dois pequenos cupcakes de baunilha em sua frente.
- Certo! - Emma apressou-se e foi em direção a grande máquina de cappucino do balcão. Enquanto enchia a caneca de sua cliente, Emma se lembrou de quando ela ia todos os dias no trabalho de sua mãe para pedir exatamente o que a mulher havia pedido. Uma doce memória.
Emma ao terminar de servir o copo, delicadamente desenhava com leite um pequeno coração, dando um toque de charme ao copinho. Em seguida, pegou com todo cuidado os cupcakes da vitrine e colocou sobre uma bandeija adequada. Pôs a bandeija em um saco de papel - tradicional de seu país - e entregou delicadamente à mulher seu capuccino.
-Obrigada. Bom trabalho! - A bela mulher sorriu de lado e partiu de sua vista aos poucos.
Logo tudo ficou vazio novamente. A algum tempo seus clientes haviam diminuído bastante e isso não era bom. Emma estava com dificuldades para pagar seu apartamento e não tinha uma solução em mente.
Gina era uma ótima confeitera, e seus cafés eram frescos e saborosos. As vezes se perdia em pensamentos tentando achar uma razão. A menos de dois meses seus clientes diminuíram pela metade sem explicação.
Após ouvir seu celular vibrar, Emma pegou- o rapidamente torcendo para ser uma encomenda. Mas não, não eram notícias boas.
Ao ler cada linha do que foi lhe compartilhado, seus olhos começavam a encher de lágrimas. Emma era forte e amável em todos os momentos dentro de sua cafeteria, mas aquilo a afetou fortemente.
Outra cafeteria se abriu no centro da cidade. A qual era enorme e grandiosa. Um ambiente casual e moderno. De aparência barulhenta, mas agradável.
Emma não sabia o que fazer nem o que pensar. Seus clientes haviam mudado de cafeteria sem nem pensar duas vezes. Seu pequeno ambiente era bastante acolhedor, e achava que era o suficiente para chamar bastante clientes, mas não foi.
Seus pensamentos foram bruscamente interrompidos quando dois garotos entraram rapidamente pela porta, fazendo a campainha ecoar pelo ar.
- Olá! Gostaria de um chocolate quente com chantilly. E ele um cappucino, por favor. - disse um garoto loiro se aproximando do balcão a sua frente.
- Bom dia. É pra já! - diz Emma olhando atentamente para os dois belos rapazes a sua frente.
O que chamou sua atenção foi o garoto de trás, parecia encabulado focado em seu celular. O mesmo desliga a tela e põem o celular no bolso rapidamente.
Assim que seu olhar cruza com o de Emma, a mesma sente um arrepio e no mesmo instante desvia o olhar. Ela havia ficado nervosa, o que com certeza não acontecia com frequência.
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Apenas Dez Dias
RomanceEmma nunca precisou procurar alguém para que se sentisse feliz. Ela baseava sua felicidade nela mesma. Com a triste trajetória de seus relacionamentos passados ela resolveu desistir de investir em alguém que não iria proporcionar vantagens para seu...