O som da chuva caindo sobre o gramado, o cheiro da terra molhada, e o silêncio que estava em casa e lá fora, me permitia dormir onde nos meus sonhos eu viajava pra longe bem longe daqui.
Um lugar no qual toda vez que fechava meus olhos eu podia imaginar sem nem ao menos ter ido lá afinal nunca pude sair daqui, meu irmão nunca deixou sempre foi eu e ele, dizendo ele nossos pais nos abandonou, desde então sempre foi nós dois.
Hoje eu faço 18 anos, mas pra mim é um dia qualquer, o dia vai me dizer que vai ser assim também, sempre foi, nós meus aniversário Gael nunca esteve em casa, não sei por que, mais quando mais nova isso sempre me magoava, chorava o dia todo, até ele voltar, quando chegava ele ia direto pro quarto dele sem nem me olhar depois que eu ia pertubar ele, chorar na porta dele ele me respondia " sai fora, já te disse, é um dia normal! Não seja boba" ou apenas " quantas vezes já te disse que não comemoramos aniversário, mamãe e papai nós ensinou assim" eu entendia e saia, mas pra falar a verdade? Nossos pais ensinou a ele assim, não a mim, e ele citar que eles ensinaram a gente me dói mais que qualquer outra coisa, afinal eu odeio mentiras.
Me levanto da cama ainda de olhos fechados e vou ao banheiro, fazer xixi de olhos fechados é maravilhoso, pelo menos eu adoro, fico ainda naquele lugar querendo nunca sair, se um dia eu puder ir pra algum lugar além dessa cidade, pode ter certeza que eu vou procurar esse dos meus sonhos, sei que existe, parece sempre me chamar, preciso um dia saber se tudo foi real ou não passou de uma ilusão pra sair daqui. Mas mesmo não sendo, sair daqui já é um sonho a Bessa, meu irmão está sempre me vigiando, na verdade todo mundo, e eu nunca entendi, nunca fui uma menina levada muito menos aprontei, mas sempre, sempre, sempre, todos estão me olhando, e todos sabem sempre o que eu estava fazendo ou estou fazendo, menos agora eu acho.
Depois da higiene matinal, coloco uma roupa pra praticar exercício, já que a chuva parou e o dia lá fora deve tá lindo, gosto de tirar fotos do céu com minha câmera ( presente da dona Ivani da livraria) e correr um pouco, faço isso desde mais nova, me sinto livre e sempre que posso corro o mais rápido possível, meu irmão disse que é bom eu correr, mais correr rápido, principalmente quando chegar a hora, achei estranho mas acho que ele mencionava o campeonato do bairro, eu sempre ganhei, ele sempre gritava " Não consegue ir mais rápido? Vão te pegar" brincadeira dele, mas também nunca entendi, ele nunca me explica nada, às vezes eu me pergunto se ele é doente mental, mas também não tenho respostas.
Comi uma maçã e já saí de casa, logo no cercadinho da nossa casa, na caixa de correios tinha uns cartões postais " Happy Birthday" essa vinha da vovó, ela morava longe daqui, mas nunca me deixou visitar ela, Gael fala que ela é esquisita, que ela fala coisa com coisa, eu não gosto de gente esquisita então aceitei nunca ir vê ela, mas ela sempre manda presentes legais. Os outros cartões vinham da vizinhança, e afins, mas dessa vez tinha um diferente era vermelho escarlate, as letras eram tão bonitas, e parecia pesado, voltei pra dentro de casa e guardei ele em baixo da cama, Gael lê tudo, pega tudo, mexe em tudo, parece que sempre tá procurando alguma coisa, mas durmo de mente limpa afinal nunca fiz nada pra isso, vai vê ele só quer me proteger. Saio na rua e depois de um alongamento começo a correr, primeiro com calma pra vê o dia, olho ao redor e por mais que eu queira sair daqui não deixo de pensar nunca que aqui é lindo..
As casinhas são todas bem alinhadas, separadas por cores, ruas limpinhas, a pista é feita de um concreto preto, que deixava bem bonito, depois de passar pelas casas em retornos, onde cada lado possui um comércio, seja postinho, padaria, polícia. Como eu disse aqui é pequeno, mais tem tudo, meu irmão vive dizendo quando eu peço pra sair daqui, que não preciso aqui tenho tudo que preciso pra eu parar de ser ingrata e vive só aqui. Mas toda vez que corro vejo coisas tão bonitas, que imagino se lá fora, depois da grande cerca que fica envolta da cidade menos na praia, se não existe mais, mais beleza a ser fotografada e vivida, corro mais rápido do que tava antes e passando pelas casas vou ao rumo da floresta, lá é o único lugar que me sinto... Menos presa.
A medida que vou correndo na trilha entre as árvores vou escutando o canto dos passarinhos, olhando o céu ainda nublado e como a natureza é linda, as folhas verdinhas, o vento fazendo barulho ao balançar as árvores, me perco na beleza natural do mundo, começo a andar e tirar foto de tudo, quando logo meu corpo arrepia e sinto que estou sendo observada, nunca vou me acostumar com isso, olho ao redor procurando um rosto familiar mais não vejo ninguém, meu corpo arrepia de novo, dessa vez o sentimento era diferente do que eu tô acostumada, minha mente gritava perigo, e meus pés, mãos, corpo inteiro tremia, meu coração tava acelerado. Ao invés de perguntar e alguém responder o que seria pior, eu apenas corri.
A medida que eu corria a voz do meu irmão ecoava na minha cabeça, " corra como se sua vida dependesse de você, corra o mais rápido que puder, não olha pra trás deixa sua mente te guiar e corra!" Eu obedeci, e corri, quando minha mente se calou eu escutei, não só um passo mais vários como se não fosse só eu e uma pessoa correndo, mais várias, eu me sentia caçada, e pela primeira vez, eu não iria negar a minha mente que isso era um truque, por que tava cada vez mais perto de mim.
Isso sem dúvidas é não é um sonho.
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MEU AZARADO DESTINO! FINALIZADO!!!
AdventureImagine você fazer 18 anos e seu mundo virar de cabeça pra baixo? Pessoas começaram a aparecer dizendo sem parar que você deve morrer? Você aceitaria? Aceitaria largar tudo e mudar quem você é pelo futuro? Venha conhecer a história de Yully e embar...