As Sete Pecadoras e o Deus do Mar

Capítulo 32 - Narradora/Autora

*La Seu d'Urgell*

Dois dias haviam se passado, nossas heroínas estavam descendo do trem e se despedindo de Shamira, que continuaria a viagem por mais tempo.

Kami: ai, finalmente, não aguentava mais ficar sentada.
Cas: sua bipolaridade é impressionante...
Laura: a mãe da Kay é bem legal, vocês não acham?
Kami: ela é um amorzinho, realmente. Agora podemos ter aquela conversa, Cas.
Cas/Laura: que conversa?
Kami: qual é Cas... Lembra da Mensagem de Íris que ouvimos a Shamira ter com a Kay?

Cas: ah, sim.
Laura: que feio, ouvindo as conversas dos outros...
Kami: foi meio inevitável...mas agora isso comprova que a Kaayra tá escondendo algo
Cas: você ouviu mais algo interessante?
Kami: na verdade sim... Ela não parece ter ficado satisfeita em ouvir a gente dizendo que Poseidon tem orgulho dela
Laura: por que ela não ficaria satisfeita com isso?

Cas: você é mesmo muito lerda, Laura...
Kami: isso tudo da a entender que a Kay tá mentindo muita coisa... E que Poseidon não é o pai dela
Laura: mas quem seria se não fosse ele?
Cas: não tenho nenhum palpite

Era mentira dela. Cassiely tinha um forte palpite de que a relação de amizade entre Kaayra e Ablon ia muito além de amizade, mas não queria falar em voz alta, com receio da reação da irmã mais nova e da filha de Afrodite.

Apesar de lerda como a maioria das crias de Poseidon, Cas reparava muito na conselheira chefe de seu chalé e sempre achou estranho os sumiços repentinos e as desculpas esfarrapadas dela para inúmeras coisas, como o porquê de Kaayra não participar de todos os caça ao bandeira e, na maioria das vezes, ficar apenas na defensiva da bandeira.

Kami: parando pra pensar agora... Eu nunca vi a Kay lutar de verdade
Laura: como assim?
Kami: quando vemos a Kay entrar em uma luta, ela sempre usa a água ou se esquiva até o oponente se cansar... Mas ela raramente saca alguma faca
Cas: acho que ela nunca sacou a espada em nossa frente... E nunca socou ninguém com os próprios punhos

Laura: eu e a Kami vimos ela socar um dinossauro... Mas foi um golpe combinado com a Helena
Kami: aquilo foi muito forte... Mesmo sendo combinado, você não acha?
Laura: acho. Forte demais e ainda assim... Acho que não vimos a força toda que ela pode chegar num soco.

Nossas heroínas ficaram pensativas sobre isso enquanto andavam em busca de algum sinal da parte delas da missão. Andaram por muito tempo, mas não encontraram nada durante aquela tarde, além de um hotel e uma casa que alugava um quarto, o sótão, para mochileiros. Cas deu a ideia de passarem o resto do dia descansando e sair de noite para retomar as buscas, ela só não sabia que um novo... Ajudante poderia aparecer.

*No Dieu-le-Veut, início da noite*

~???: Ei! Por que parou de narrar as outras?
N.A.: porque eu quis
??: Não seja grossa com ela.
Kaayra: você tá defendendo alguém? Quê!?
??: Vai tomar no cu, Lótus.
Kaayra: vai você
N.A.: aí, chega vocês duas, a nossa versão fofinha não merece ficar ouvindo isso.
???: Ainda bem que não chegou na minha história ainda...
N.A.: ...
Kaayra: acho que ela não é tão fofinha assim na história dela...
N.A.: melhor continuar a história antes que a curiosidade fale mais alto.~

Helena e Alex estavam sentadas no convés do barco, aproveitando a brisa e lavando o mesmo. Aparentemente, pterodáctilos também servem ao deus Pontos e resolveram (lê-se: foram enviados de propósito) atacar o barco com nossas heroínas. Kaayra precisou se controlar para não sair de seu posto no leme do barco e deixar as duas meninas derrotarem os dinossauros.

Soph estava subindo agora para substituir uma das semideusas que estavam acordadas durante todo o dia.

Soph: oi Kay! *abraço ela*
Kaayra: oi Soph, desculpa não retribuir o abraço
Soph: tudo bem! *solto ela* Como estão as coisas?
Kaayra: agitadas. Um bando de pterodáctilos nos atacou faz um tempo, as meninas tão terminando de limpar a sujeira deles
Helena: seria mais fácil se você ajudasse...
Kaayra: eu falei pra você usar o Robson e matar os bichos no mar, você que não quis me ouvir
Helena: vai se lascar...

Kaayra soltou um riso baixo junto de Soph e Alex.

Alex: eu preciso descansar, tem problema a Soph me substituir Helena?
Helena: ter, tem né. Eu também quero dormir
Soph: iih, esquece Helena, da última vez eu já substitui você, agora é vez da Alex
Alex: vai trouxa
Helena: calada filha de Atena...
Kaayra: de noite é mais tranquilo, Lena, para de reclamar
Helena: tá, tá.

Alex se despediu das meninas e foi para seu quarto relaxar. Tomou um banho quente e se deitou na cama para dormir.

Enquanto isso, Helena estava deitada num canto da cabine, Kaayra mantinha o leme fixo como devia e Soph estava aproveitando o início da noite, conversando com a Lua que começava a aparecer aos poucos.

Foi nesse instante que Kaayra recebeu uma mensagem, como se alguém falasse do outro lado de um telefone com fio feito com uma lata e um fio de náilon. Era a voz de Jafari, fraca e abafada. Kay congelou segunrando o leme.

~Jafari: Atlas e Pontos querem usar você para destruir o mundo. Querem me matar na sua frente pra você destruir o mundo em seguida. Precisamos que você mantenha a calma, pelo bem do mundo.~

Kaayra não conseguiu sair do lugar, estava espanta de mais. Estava assustada por ouvir a voz dele em sua cabeça e por sentir aquele fio puxar forte seu dedo. Kay nunca havia escutado a voz dele dessa forma, seu corpo estava arrepiado e uma sensação de pânico começou a dominá-la. Suas mãos de fecharam com mais força ao redor do leme, o som de madeira quebrando invadiu seus ouvidos quando parte do leme se despedaçou. Soph e Helena foram até a meio-anjo e começaram a falar com ela, suas vozes pareciam altas de mais e ao mesmo tempo sem pronúncia certa aos ouvidos atordoados de Kaayra.O pânico a consumiu ao mesmo tempo que ela retomou parte de seu autocontrole.

Kaayra: *pensamento* Jafari? Jafari! Jafari me responde! Jafari! Me deixa ouvir sua voz!! JAFI!

Por vários minutos inúteis Kaayra tentou e tentou chamar por Jafar, mas nenhuma resposta era escutada. O pânico a dominava e ela não sabia o que fazer, o oceano estava agitado como se uma tempestade estivesse por vir. Kay ouviu um sussurro em sua língua angelical vindo até ela através da membrana. Era Órion mandando-a respirar e piscar. Kaayra obedeceu e fez isso por alguns instantes, quando Helena bateu em seu rosto e a fez "acordar".

Helena: graças aos deuses você saiu do transe... *Abraço ela forte*
Soph: santo Apolo... Você me deixou preocupada... O que aconteceu?
Kaayra: Jafari... eu ouvi ele... Jafi...

Sua voz saía baixa e fraca, como um sussurro ao vento. Kaayra tremia muito, estava ainda em estado de pânico segurando um pedaço do leme nas mãos.

Helena: como assim..?
Soph: ele está bem?
Kaayra: não sei... Eu...

As palavras não saiam da boca de Kay. Com muito esforço, Lena afastou a amiga do leme e colocou o barco no piloto automático.

Helena: vou levar ela na sala de yoga... Coloca a esfera do Valdez para tocar a "Playlist Aquagirl", eu já volto
Soph: certo

Helena guiou sua amiga atordoada para a sala de yoga e a ajudou a sentar no enorme puff de snorlax ao lado de uma janela. As músicas preferidas e mais calmas da Anjo do Mar começaram a tocar e Helena saiu da sala, deixando a amiga se recuperar.

Kaayra não se recuperou naquele dia e Helena precisou levar a ela um pouco de água e comida de vez em quando, para tentar fazer ela conseguir falar e sair daquele estado de pânico. Os pedaços de leme viraram pó em poucos dias.