Minissérie que se passa no mesmo universo de "Ryōshi Yūrei 1 - o filho do pródigo retorna".
No final de 1887, uma sequência de assassinatos terríveis em condições misteriosas acaba fazendo Kagetoki Takara, um exterminador de segundo grau japonês via...
O cheiro do carvão se tornando cinzas penetrava os narizes da tripulação. O navio cargueiro, nomeado Crosslagoon, era lotado de trabalhadores suados, que moviam mercadorias ritmicamente para perto da ponte. Em meio aos homens, um adolescente dormia em cima de algumas caixas, despreocupado.
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— Estamos perto! Londres já contamina o ar com sua fumaça, homens!
O grito do piloto ecoou por todo o local. Três semanas haviam se passado desde que o grupo tinha chego no mar do norte. O simples fato de estarem no rio Tamisa contagiava o bando. O Crosslagoon transportava principalmente tecidos japoneses de alta qualidade e luxo para toda a Britânia. Londres era só mais uma parada. Mas não para o penetra dorminhoco.
— Ei, japonês sujo! Chegamos ao destino! Melhor que uma carruagem, não?!
Em troca de algumas moedas, o jovem misterioso pagou pela sua viagem de última hora. O capitão não negava uma propina, mas a ajuda dele se provou além das expectativas. O jovem ajudava com as caixas, a separar os tecidos, e a traduzir os tipos, sem cobrar um único centavo. Às vezes, a própria tripulação pedia para contratarem o rapaz. Mas ele sempre negava com um sorriso humilde. Infelizmente, a despedida se aproximava.
— Se demorar pra acordar vamos prosseguir sem você, pirralho!
Seus olhos azuis refletiram o cinza infinito das nuvens londrinas. O rapaz, desperto, bateu com as palmas das mãos no casaco claro, o limpando. Por baixo do casaco, uma camisa branca com fuligem era reluzente em meio ao breu antes do amanhecer. A madrugada era cruel com os navegadores. Saltando das caixas, suas botas tocaram o chão, em um estalar. As calças escuras precisavam urgentemente de remendo. Em sua mão direita, uma maleta com tranca era segurada firmemente. Seu rosto estava pálido. Cabelos negros e rebeldes estavam arrepiados. Uma mecha branca como a neve se destinguia, ainda mais nessa época.
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— Oh, muito obrigado senhor. Tenham uma boa viagem.
Seu sotaque americano era chamativo. Apesar de japonês, ele era fluente em inglês. Tão fluente, que era o principal motivo pelo qual estava ali.
— Ainda não chegamos no porto, guarde as despedidas, japonês. Você realmente ajudou com a tradução. Não quer viver conosco?
Um sorriso de canto. Por um segundo, o jovem esqueceu, e soltou em japonês:
— Já cheguei onde quero.
A Energia Espiritual Negativa percorreu o corpo magro. Em um impulso preciso, ele saltou da proa, com um vento sendo provocado. Se deslocando dez metros pelo ar, o garoto aterrissou na parte mais baixa da London Bridge. Seu braço livre segurava na estrutura metálica. A tripulação olhava, estupefata. Não era todo dia que um adolescente saltava uma altura tão sobre-humana e ficava pendurado na ponte mais famosa do mundo.
— Enfim, Kagetoki Takara chega ao Japão!
O Exterminador de Segundo Grau convocado para ajudar em uma missão internacional tinha chego ao seu destino. Mas sua jornada só estava começando. Escolhido por saber inglês? Sim. Mas não importava. Era sua chance de se tornar um Taimatsu. Mas algo era certo. Nem com toda a sabedoria do mundo, ele poderia prever que em algumas décadas, seria avô de Naoki Takara, um dos Taimatsus mais poderosos da história do Japão. Antes de suas proles sequer serem desejadas, ele cobiçava o próprio sucesso.
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