Imagine você fazer 18 anos e seu mundo virar de cabeça pra baixo? Pessoas começaram a aparecer dizendo sem parar que você deve morrer? Você aceitaria? Aceitaria largar tudo e mudar quem você é pelo futuro?
Venha conhecer a história de Yully e embar...
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Minha cabeça girava, eu não podia acreditar naquela baboseira toda, não, tô cansada disso tudo, se eu pudesse voltar no tempo não teria saído de casa, não teria saído pra correr e quem sabe tudo estaria normal, sem toda essa maluquice. A medida que eu ia recuando olhava pros dois como assim líderes do inferno, lilith, Adão, isso tudo... Eu nem acredito em Deus e tô nessa, só poderia ser azar, só podia.
Meu ouvido parecia tá apitando a medida que eu tentava ficar o mais longe possível, quem sabe assim eu acordasse desse pesadelo, olho ao redor meu irmão jogado no chão morto, corvos em cima do corpo da vadia, olhares, em todo lugar nas árvores, eles tavam todos me olhando, desde tia da padaria, pra mascarados, todos juntos, na floresta me olhando esperando ela renascer e salva- lós.
Meu peito parecia se apertar, o lugar se apertar, respirar era complicado, primeiro sou caçada, quase morta, meu irmão morre na minha frente, agora eu sou lilith e tenho que ir pro inferno, isso sem dúvidas era uma injustiça, afinal meu destino já tava todo feito sem nem antes eu ter a chance de escolher por mim mesma. A minha volta cada vez mais parecia girar, eu me sentia tonta, meu coração tava tão acelerado, meu estômago se remexia, virei a cabeça pro lado e vomitei, alguém segurou meu cabelo, mesmo eu botando pra fora só uma maçã, ainda não me sentia melhor, eu parecia ter sido sacudida de dentro pra fora, eu não podia aceitar que aquilo estava acontecendo.
-Fica.. longe .. de mim.. - Consegui falar pro cara coelho que estranhamente foi quem segurou meu cabelo, fazendo menção de que ia falar eu o interrompo. - Não fala nada, não quero ouvir que é meu dever ou que eu TENHO que fazer, tô cansada. - respirei com dificuldade, tudo parecia escurecer e girar.
-Eu ia falar que...- Do nada sua voz fica tão longe que não consigo entender, então tudo escurece.
(...)
Não sei quanto tempo passei desacordada, mais quando abri os olhos tava no meu quarto, meu corpo tava dolorido e minha cabeça parecia que tinha sido batida no liquidificador, corri pro banheiro quando novamente senti meu estômago se remexer, depois de vomitar, respirando com dificuldade fechei minha porta e comecei a me despir, minha mente fazia voltas em perguntas que eu não queria pensar agora, agora eu me obrigo a só me lavar. Ao entrar embaixo do chuveiro me permito chorar novamente, embaixo das minhas unhas havia sangue, sangue de outra pessoa, eu matei outra pessoa.
Que matou meu irmão.
Mesmo sabendo disso, meu coração não se acalmou, tirei uma vida, seja lá quem seja, era uma vida. Lavo com força meus dedos, rosto e corpo inteiro na esperança de que esfregando pudesse sair todos pecados, mas sabia que não, no fundo eu sabia que sabão nenhum no mundo lavaria minha alma, se eu fosse diferente, sangue frio, ou que não sentisse nada... Talvez assim eu não pudesse estar tão assim, todas as pessoas me olhando sempre, esperando sua vez de ser liberta do seu pesadelo, tudo isso, peso de vidas caídas em cima de uma pessoa só, uau.
