𝕷𝗢𝗩𝗘𝗥 𝗜𝗦 𝗔 𝕯𝗔𝗬 ‹𝟹 bruno madrigal

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Ela batucou os dedos recheados com feridas de agulhas na parede enquanto pensava sobre as rachaduras que havia visto mais cedo. Era cerimônia do seu amado primo Antonio e Mirabel ficou extremamente aliviada quando a porta brilhou para que o dom do menor fosse concebido, entretanto, ela se sentia mal pela pontada de inveja que lhe atacou naquele momento.

Falar com os animais... Esse era o seu dom.

No entanto, haviam problemas maiores para serem pensados naquele momento: as rachaduras que movimentaram as paredes internas. Por mais que Mirabel tenha feito um belíssimo papel de mentirosa na frente de boa parte dos cidadãos de Encanto, ela, de fato, não estava delirando.

"Julieta, controle melhor a sua filha na próxima vez." A voz de Pepa era evidente naquela discussão. Por maior que a casa fosse, ainda era possível se concentrar nas conversas escandalosas dos adultos. "Por pouco a cerimônia do Antonio não foi um fracasso!" um som de trovão corta o ambiente, indicando um genuíno sentimento de raiva por parte da moça mágica.

''Por Díos, Pepa! Ela não fez por mal...'' Julieta se coloca em posição de defesa à sua filha.

"Para início de conversa, ela sequer deveria ter subido com o Toñito" Alma disse com serenidade.

Os adultos conversavam no pátio da casa, lugar entre a cozinha, as escadas e as redes de descanso penduradas um pouco mais ao lado. Era impossível não ouvir, ainda mais quando se trata de um quarto não-mágico.

Mirabel revirava a cabeça no travesseiro tentando não se concentrar nas vozes de sua família discutindo sobre a sua condição atual. Não é como se ela pudesse mudar algo a respeito, por assim dizer.

"Calma, mi vida." Félix era um homem compreensivo, tinha muita maturidade e paciência para lidar com o temperamento de sua esposa. Ele, como ninguém, estava acostumado com as suas pequenas crises de raiva.

A discussão perdurou por mais alguns minutos. Julieta não media esforços para abraçar sua filha perante as palavras maldosas de sua própria mãe e irmã, afinal, Mirabel definitivamente não podia fazer muita coisa à respeito sobre isso.

Era notável a diferença de tratamento entre os netos no geral. Por mais que Antonio estivesse recém recebido seu dom, logo mais ele seria mais um Madrigal cujo colocaria uma bendita máscara no rosto e fingiria estar tudo bem.

No dia seguinte, após uma conturbada noite de sono, Mirabel levantou cedo determinada a ajudar a salvar o milagre de sua família. Ela ajustou os óculos em seu rosto e arrumou a saia rodada em sua cintura, em seguida tratou de abrir a porta enquanto seu rosto transbordava uma confiança surreal.

"Mas... como se salva o milagre?" perguntou olhando para as paredes esperando por uma resposta que, surpreendentemente veio. Um simples levantar de portas respondeu-lhe imediatamente.

Não sabiam ao certo, entretanto, ainda havia uma forma de ao menos tentar resgatá-lo.

A única pessoa a qual saberia qualquer coisa seria ninguém menos que... Dolores. A segunda prima mais velha que consegue ouvir os orgãos internos funcionando normalmente.

Mirabel desceu as escadas que logo se tornaram rampas para facilitar o seu trajeto para o primeiro andar. Ela escorregou, literalmente, até o lado de fora da casita onde seria o café naquela manhã.

Nada melhor do que comer ao som de pássaros e sentindo o cheiro fresco da grama logo de manhã. Encanto é o paraíso na terra, definitivamente um lugar perfeito quando se quer ter paz e tranquilidade, apenas viver a vida e aproveitar o máximo que se pode extrair dela.