Vozes

157 16 0
                                    

Boa leitura

Maya acorda sorridente, toma seu café da manhã, e começa a pensar sobre como começaria seu trabalho hoje, no que poderia pedir a ele. Imaginou que saberia na hora, então aprontou-se e esperou pelo carro na porta, com as folhas e os giz nas mãos.

Chegando ao laboratório, Maya tenta ignorar toda aquela situação ruim, evitando olhar para os quartos. Dessa vez, seguiu direto para o quarto de Jeffrey, encontrando lá, Ramon, e um funcionário, que estava fazendo uma manutenção no teto do local.

Maya fica de longe, observando o trabalho do rapaz, que segundo Ramon, estava removendo a escuta que estava quebrada, e colocando outra. Ramon conversa com Maya, pede o relatório do que estão fazendo e do que ela pretende fazer. Com todos distraídos, Jeff poderia usar suas armadilhas à vontade.

O rapaz termina, descendo as escadas, mas, algo fez com que a escada tremesse o suficiente para cair, fazendo com que o rapaz despencasse da escada, com a pistola de pregos em sua mão, Maya assim que viu, pensou em ir ajudar, mas algo a parou, e a mesma não conseguiu se mexer.

O homem caiu desajeitado, e acidentalmente, a pistola dispara, fazendo com que os pregos atravessassem seu corpo em pontos vitais, levando o rapaz a morte naquele exato momento. Ramon aproxima-se do rapaz, checando os batimentos cardíacos.

— Hora da morte, duas e vinte nove. — Fala, olhando o relógio em seu pulso direito. — Chamem o legista, vamos tirar o homem daqui. — Fala aos funcionários, indo na direção de Maya.

— Talvez isso tenha sido um pouco demais para você, pode ir para casa se quiser. — Ramon diz, pondo a mão no ombro da moça.

— Eu estou bem, só não esperava por algo assim, mas acho que podemos prosseguir. — Diz, sorrindo .

— Nesse caso, tudo bem. — Ramon e os funcionários vão embora, levando o corpo do rapaz, e limpando a sujeira que teria ficado alí. 

Maya estava um pouco arrasada, por não conseguir ajudar o rapaz, mas tentou seguir em frente com seu trabalho, sentando-se perto de Jeff. Nota que, em seu pé esquerdo, tinha uma corrente, Ramon não teria contado o motivo, mas ela imagina que talvez ele tenha feito algo errado para acabar assim.

Nota também, algumas queimaduras em seu pescoço, mas preferiu não tocar no assunto. Ele põe os papéis na frente de Jeff, pensando no que poderia pedir para ele fazer, e então, achou uma resposta.

— Me mostre o que gostava de fazer, antes de tudo isso. — Disse, vendo o rapaz pegar uma das folhas, a olhando seriamente.

Ele deixava claro, que não queria estar ali, que não queria ser ajudado. Mas ele não tinha escolha, afinal a culpa foi toda sua. Jeff dessa vez, pintava algo mais concreto, Maya via e tentava decifrar os traços em seu desenho, e o que ele significaria.

O desenho mostrava dois garotos, um de cabelo castanho claro acompanhava Jeff, aparentavam estar andando de skate, em uma rua qualquer da cidade. Ele termina o desenho, empurrando até Maya.

— Quem é esse rapaz?. — Pergunta, vendo Jeff encolher-se um pouco,

— Irmão. — Respondeu, fazendo com que Maya se arrepie novamente com sua voz.

Maya sente-se mal, lembrou que esqueceu de tomar seu remédio para alergia. Ficou tonta, o suficiente para não conseguir falar nada, Jeff observa a situação, tentando entender o que estava acontecendo. Maya desmaiou, ficando debruçada no chão, na frente de Jeff, que a encara.

Jeff aproximou-se da moça, verificou seu pulso e percebe que está tudo bem com ela, somente teve um momento de fraqueza. Ele a encara, próximo a seu rosto, virando sua cabeça lentamente para o lado direito. Olha lentamente para a câmera na sala, da qual Ramon nunca citou estar ali, sorrindo, como se fosse um tipo de ameaça. Ele volta para seu lugar, rindo, ninguém sabe que tipo de planos profanos poderiam estar se formando em sua mente. Começa a desenhar mais coisas, para quando a mesma acordasse.

Maya estava tentando retornar para a sala, seu subconsciente estava perturbado, uma voz dialogava com ela, mas ela não conseguia falar nada, mal sabia o que estava acontecendo, mas queria que parasse.

— O que acha que está fazendo aqui?. Acha mesmo que está aqui para ajudar?.  Você não passa de mais um brinquedo nas mãos dele.

Maya consegue acordar, o ar veio forte em seus pulmões, fazendo a mesma ficar ofegante e assustada. Por um minuto, pensou naquela voz, e cogitou a ideia dessa voz ser bem parecida com a de Jeff.

— Você falou comigo?. — O encarou. — Eu te ouvi falar comigo.

Jeff olhava para a mesma sem entender o que se passava em sua cabeça, era óbvio que ele não teria falado nada, mas, ele sabe muito bem que conseguiu perturbar-la, e sentiu-se vitorioso por isso.

— Tudo bem, vamos esquecer isso. — Falou, levantando. — O que tem pra mim?.

Jeff mostra seus inúmeros desenhos, dessa vez, pareciam torturas, e ele sorriu enquanto mostrava. Maya assustou-se mais ainda, mas imaginava que ele poderia mostrar algo assim, afinal, era um assassino, o que mais poderia esperar dele. 

— Amanhã tentaremos outra coisa. — Fala, saindo da sala, indo ao encontro de Ramon.

— Por quê não me tirou de lá?. — Estava angustiada.

— Eu sabia que não seria necessário. — Disse, cruzando os braços.

— Eu poderia ter morrido sabia?. 

— Eu sei doutora, mas, está viva. Isso é um grande avanço não acha?. — Sorriu, pondo as mãos na mesa.

— Escute bem, não irei arriscar minha vida novamente, estamos entendidos?. 

— Sim, tudo bem. — Respondeu, desmanchando seu sorriso.

— Passar bem.

Saiu da sala, enfurecida, se não tivesse mais educação, bateria a porta. Chegou em casa exausta, procurou seu remédio e o tomou o mais rápido possível, não deixaria que aquilo ocorresse novamente. Sentou na mesa para fazer o relatório do tratamento, e, por acidente, notou algo peculiar no bolso de seu jaleco.

The Experiment Onde histórias criam vida. Descubra agora