- O Farol -

- Capítulo III -

Acordei num horário totalmente ao contrário e agora tudo estava mais confuso. Estava tudo escuro, eu sou maluca de ter caído no sono com a janela aberta, a fechei e liguei a luz.
A dor de cabeça finalmente tinha passado, mas em compensação minha cara estava toda amassada, olheiras fortes e meus lábios novamente ressecados. Fui tomar um banho para tentar organizar tudo em minha mente e, enquanto a água quente enchia a banheira eu estava telefonando para Julie, mas ela não me respondia, provavelmente deveria estar com o Felipe, o décimo terceiro namorado eu acho...! Deixei o computador ligando e fui ao banho que era o meu desejo para essa noite. A água quente deixava minha pele avermelhada, e eu só conseguia pensar na viajem e na cena mais linda do meu dia: o menino do farol que eu tinha a certeza que jamais veria novamente. Ele foi uma dessas paixões de cinco minutos mas não sei, ele tinha alguma coisa especial que de alguma forma chamou minha atenção e me deixou presa o resto do dia, mas no fundo eu também sabia que no dia seguinte eu iria esquecer afinal eu tenho uma vida totalmente diferente da dele, completamente mesmo!

...

Sai da banheira, enrolei a toalha no meu corpo e no meu cabelo, peguei uma roupa qualquer: Regata preta e um short jeans básico, sequei o cabelo e fiz uma trança comum, para disfarçar coloquei uma tiara de cor beje, só para tirar o volume da franja.
Desci às escadas para ir a cozinha, liguei a luz e vi um bilhete na geladeira: "Fomos na casa da tia Mary. A Sabrina ligou e perguntou se você não quer ir jantar lá com alguns amigos. Me liga se decidir ir! Beijos, te amo! "
Sabrina era a minha melhor amiga, realmente a mais sincera, a mais engraçada e a que eu mais poderia contar para tudo! E fazia umas semanas que eu já não a via, então ir agora aproveitando a fome e a saudade não me parece tão ruim.
Subi para o quarto novamente e coloquei uma calça jeans escura, meu allstar branco de couro, e uma camiseta vermelha velha, afinal é só um convite entre amigos e conhecendo a Sabrina, ela não chamou ninguém além dos mais chegados como a Bianca e o Guilherme, e como todos são de "casa", não é preciso ter a roupa mais moderninha e bonita do mundo. Desmanchei a trança e fiz um coque simples e rápido. Enquanto procurava as chaves entre as almofadas do sofá, telefonei para minha mãe.

- Oi mãe, estou indo para casa da Sabrina ok?

- Tudo bem filha. Cuidado na rua porque já tá tudo escuro, quando estiver chegando me liga...

- Tudo bem! - Desliguei, coloquei o celular no bolso e rapidamente sai de casa. Para chegar na casa da Sabrina eram apenas cinco minutos gastos, e correndo como eu estava chegaria em 3.
Descendo a rua observei que a casa dela estava com a luz acessa, toquei a campainha e logo vi ela descendo as escadas correndo.

- Amor da minha vida! Você veio! - Ela tinha esse jeito maluco e carinhoso de ser, apelidos carinhosos, brincadeiras engraçadas e sempre me fazendo rir.

- Claro que sim! - Ver ela feliz daquele jeito, ou o simples fato de olhar pra ela já me fazia ficar melhor, esquecer meus problemas e simplesmente me fazer a pessoa mais feliz do mundo, pelo menos por algumas horas.

- Ai que ótimo! Geralmente é uma raridade sua mãe deixar você vir aqui. - Ela procurava a chave correta no meio de umas 6 chaves!

- Pois é, mas por incrível que pareça ela está agindo pacientemente nos últimos dias, tá até legal.

- Achei! - Ela abriu o portão e nos abraçamos. - A Bianca e o Gui não puderam vir porque já tinham um compromisso, mas você aqui já é maravilhoso!

- Ai Bina, que bom que você pensa assim...

- Aconteceu alguma coisa? - Ela me olhou desconfiada enquanto fechava o portão.

- Não, nada importante. Vamos comer primeiro porque eu estou morta, e já te conto tudo! - Dei uma risada para descontrair.

Subimos às escadas e fomos diretamente para coxinha nos servir, eram duas pizzas de calabresa sem cebola, o que era ótimo e uma combinação perfeita com a Coca-Cola gelada que estava na geladeira.