Você não é bom pra mim

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É verdade que a verdade é mais difícil que a mentira, e é verdade que a mentira é mais destrutiva que a verdade. — Fint.

  Billie defendeu o golpe mais uma vez, Fint e ela estavam treinando com bastões. Skylar não tinha retornado ainda e Fint estava medindo palavras. Billie não se atrevia a falar sobre o que aconteceu, só cuidava do curativo, chamava para as refeições e buscava o remédio.
Fint passou a maior parte do tempo no lago com os fones de ouvido, quando a bateria acabou — o que não demorou para acontecer — ele decidiu treinar Billie. Ele ensinou ela usar uma faca e estava mostrando como se usava um bastão. O último seria o combate corpo a corpo, Fint não estava curado o suficiente para essa parte, mas ele tinha feito uma promessa e não pretendia quebrar.
Ele passou a noite se perguntando o porquê de ter agido como idiota, Billie não era tão ruim a ponto dele precisar ser grosso. Talvez eu seja um completo babaca como todos pensam.

— uma pausa. — Billie pediu.

— já se cansou?

— não, mas queremos que você melhore logo. — Billie falou e se sentou.

  Ela olhou para a água oscilando com o vento, o lago era o melhor lugar para um ringue de treinos. A qualquer hora alguém reclamaria e ela teria que voltar a cumprir os turnos completos na enfermaria.
Fint encostou em uma árvore e cruzou os braços. As nuvens no céu começaram a ficar densas e cinzas, o sol estava sendo coberto por uma camada fofa de algodão. As primeiras gotas de chuva pegou Billie de surpresa, mas ela não se moveu. Fazia tempo que não chovia.

— Skylar retornará em breve. — Billie falou — você poderia considerar ficar aqui depois de eu saber o suficiente.

— não posso ficar, não confio em Skylar. — Fint falou, carrancudo.

— e para onde você iria? — Billie perguntou, mas não obteve resposta — vamos voltar agora ou ficaremos doentes. — falou e se levantou.

  Ela passou ao lado de Fint e nem olhou para ele, os dois não conseguiam se encarar por um longo período. A história de Fint não assustou Billie, ela sabia muito bem que existia pais cruéis, o que assustou foi ver o tanto de ódio que ele tinha guardado. O ódio era o que trazia sofrimento para ele, dor e até medo. Ela sabia que isso não era saudável, Fint mal sorria. O passado afetava o presente dele e isso o deixou doente da alma. O perdão liberta e Fint estava preso em correntes. Billie não sabia como agir com o garoto que chamou a atenção dela desde o momento que entrou na enfermaria do acampamento Skrou, ela não podia curá-lo com curativos e pomadas cicatrizantes.
Fint apenas ficava em silêncio porque era melhor para amenizar o sofrimento, o orgulho dele foi ferido quando ele contou sobre o passado. Ele se achava um fraco por ter dado satisfação a uma garota. Mas ela não é uma garota qualquer.
Seguindo ela na chuva, Fint se perguntou se deveria levar Billie com ele no dia da partida. Talvez ela aceitasse.
Os dois entraram no acampamento, não havia ninguém fora das barracas, a chuva começou a engrossar e o barulho dela era mais alto que qualquer outro ruído.

— o que foi isso? — Billie perguntou e parou.

— não sei, você ouviu alguma coisa?

— sim, como um chiado. — Billie respondeu e começou a seguir a intuição — não estou louca, sei que ouvi alguma coisa.

  Ela parou na frente da barraca de Skylar, mas Fint não fez isso, ele entrou sem se importar. Billie olhou para os lados e entrou também. Os dois inspecionaram o lugar, não era diferente da barraca de Billie... e não havia chiado nenhum.

— não tem nada, é melhor sairmos daqui. — Billie falou e puxou o braço de Fint.

— homens... cometem... desesperados. — uma voz falou com interrupções.

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