LOUIS.
Eu realmente iria pintar a borboleta. Minhas mãos estavam um pouco trêmulas, estávamos tão expostos e qualquer um poderia nos ver. Mas eu estava concentrado, minhas mãos sujas de tinta, pois além de desenhar a borboleta, ele quis que eu a pintasse. Meus dedos tinham várias cores. Já se perderam nas cores? É mágico. Meus olhos vagavam pelo desenho, poderia passar horas apenas fazendo os pequenos detalhes, mas eu não poderia passar o resto do meu dia ali, ainda tinha que ir para a faculdade. Finalizei a pintura, colocando bem no cantinho "LT" como uma assinatura sem graça, e virei a tela para ele.
— Ficou uma graça! — Disse Harry, com um sorriso em seus lábios, encarei os olhos verdes dele contra a luz do sol. E ele se aproximou, pegando o quadro e observando os detalhes, ainda não tinha nem secado, mas ele o encarava com uma certa paixão, que me deixou feliz e com uma sensação de ter feito um bom trabalho. — Eu gostei. Mudei de idéia de dá-lo à você. Ele vai ser meu. E aliás, vamos, vou pagar seu sorvete, não quero que fique muito tarde pois você é compromissado, e eu não quero atrapalhar.
Talvez não fosse tão ruim conviver com o Harry, talvez pudéssemos ser amigos, e eu até poderia ajudar ele à seguir outro caminho, ele não era tão desagradável como eu pensava.
Começamos a andar até o local de comidas, tinham tantas coisas e tantos cheiros, mas o nosso foco era sorvete. Um delicioso sorvete antes de finalizar o passeio, e ele nem insistiu que eu fosse até a sua casa.— De morango. — Disse, escolhendo o sabor do meu sorvete. Como ele havia dito, ele pagou o sorvete e começamos a andar pela praça, o festival estava lindo. A noite era mais bonito ainda. Bolhas de sabão para todos os lados, música, dança... crianças brincando.
— Estou curioso, Louis... — Ele disse, ainda caminhando ao meu lado, ele não havia comprado sorvete para si, e eu resolvi que não iria questiona-lo sobre aquilo, não era da minha conta, e então ele continuou. — Gosta tanto de arte, por que escolheu medicina?
Ninguém nunca tinha me feito aquela pergunta. Fiquei confuso. Nem eu tinha me feito aquela pergunta ainda. Então lambi os meus lábios com aquele gosto de sorvete e estavam um pouco gélidos, me virei para ele e abri um sorriso forçado, para que minhas palavras transmitissem confiança.
— Gosto de saber que posso ajudar as pessoas. Gosto de saber que... posso mudar o mundo. De curar, como fiz com você aquele dia. — Disse, e eu queria tanto parecer convincente. Na realidade, eu não tinha uma resposta para a maioria das perguntas de Harry. Ele me deixava bastante confuso em alguns momentos. E alguns deles parecia que eu estava voltando para a realidade e me perguntando o que eu estava fazendo ali, mas nem pra essa pergunta eu tinha uma resposta.
— Acha que arte não pode salvar a vida de pessoas, Louis? — Ele virou para mim, ergueu uma sobrancelha e me fez engolir em seco. — Sabe, músicas já salvaram muitas pessoas que conheço, tanto por pessoas ouvirem ou por pessoas cantarem. Dramatizações... Poesia, pinturas, todo tipo de arte pode ser usado como uma arma contra a morte, e a arte cura além de ferimentos externos, cura ferimentos internos, a arte cura a alma.
Ele falava aquilo com tanta paixão, parecia mesmo alguém que amava arte falando, mas o encanto todo se foi quando notei o pastor da igreja vindo em nossa direção. Ele estava com a sua esposa e uma bíblia na mão.
— Louis! Como é bom encontra-lo, passei na sua casa e conversei com a sua mãe. — Ele disse, estendendo a mão. A esposa do pastor não era a pessoa mais amigável do mundo, então nem se deu ao trabalho de me cumprimentar, e nem cumprimentar ao Harry. Pelo menos o pastor o fez, estendendo a mão para o Harry, mas a reação dele foi estranha, ele colocou as mãos para trás no mesmo segundo que o pastor a afastou, parecia que ele estava as escondendo. Mas não iria questiona-lo, muito menos naquelemomento.
— É... bom, eu estava, sabe... um pouco ocupado. Esse é o Harry! Harry, esse é o pastor da... minha igreja. O Chase. — Eu parecia nervoso. Eu estava nervoso demais. Harry acenou com a cabeça, nem dirigindo a palavra para o pastor, fazendo minhas bochechas queimarem.
— Precisava falar com você também Louis. Vamos ter uma semana de... — O pastor estava falando, mas Harry o interrompeu, virando-se para mim e dando as costas para o homem alto.
— Eu preciso ir, Tomlinson. A gente se vê. — Ele disse aquilo tão rápido, depois tirou o óculos de sol que estava em sua camisa e colocou no rosto, seguindo para longe. Meus pés deram um passo involuntário, talvez eu quisesse ir atrás dele e dizer que ainda não havíamos terminado nossa conversa sobre arte, mas o pastor estava bem na minha frente.
— Oh, é, sim claro, eu fiquei sabendo sobre a semana de oração. — Abri um pequeno sorriso para disfarçar o nervosismo. Disfarçar. Eu sempre estava disfarçando alguma coisa. E aquilo poderia me matar um dia. — O que o senhor queria saber?
— Se poderia pregar algum dia da semana. — Meu coração gelou. Meu corpo gelou. Pregar? Para todas as pessoas da igreja? Pregar sobre o amor de Deus? Eu não sei nada.. nada sobre o amor de Deus. Eu não estava preparado para aquilo. E nem sabia se um dia eu estaria preparado para aquilo.
— Eu posso ver... sabe, faculdade, trabalho e... — Dessa vez ele me interrompeu.
— Amigos? — Ele olhou torto na direção em que o Harry tinha saído. Franzi o cenho. Eu não entendia pois ele tinha sido simpático quando Harry estava presente. Engoli em seco. Como eu sairia daquela situação?
— Não, digo, sim, claro. Mas, sabe pastor, eu não acho que eu esteja pronto para pregar. — Umideci os lábios, pois era isso que eu fazia quando estava nervoso, e eu estava bastante. Odiava tanto ser pressionado daquela maneira, me deixava nervoso.
— Tudo bem, filho. Se mudar de idéia... fale comigo. — Ele nem insistiu mais. Quando eles se afastaram, soltei todo o ar dos meus pulmões. Eu estava sozinho, iria voltar para a casa e depois ir para a faculdade. E depois plantão. E depois toda a minha rotina novamente.
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in the hands of a fallen angel!
Fantasi- Louis Tomlinson é cristão desde a sua infância. - Harry Styles é um anjo caído Esse encontro entre dois mundos apostos pode causar muita confusão.