Em algum lugar distante das civilizações da era, havia uma floresta no meio da noite, que banhada pela Lua Cheia, seguia como um holofote uma pequena criatura... Não se sabe dizer se era uma criança ou uma jovem, pois seus cabelos escuros se misturavam com a floresta, seu vestido negro rastejava como se fizesse parte da grama e das folhas , sua face pálida banhada por lagrimas escuras, que manchavam suas bochechas, queixo e pescoço.
Somente um sentimento se passava por seu coração, que não era conhecido pelos outros de sua pequena aldeia, nem mesmo pelos sábios errantes que por ali já passaram... Incompreensão de si mesma. A garota não conseguia entender a dor em seu coração, os ferimentos que não a esfaquearam, nem mesmo as lagrimas que saiam de seus olhos rebeldes a sua mente. Ela se sentia frágil, como se sentira a vida inteira, mas a dor era tanto, que era como se ela pudesse quebrá-la como se fosse uma mera boneca de porcelana...- "Sim! Sim! Você finalmente entendeu não foi!"
Assustada com a exclamação que perturbada seus pensamentos, ela viu uma mulher baixa, de cabelos grisalhos pele pálida e olhos de uma pessoa sabia e antiga, mas com um rosto tão jovem, que não se poderia dizer sua idade, ainda mais com o sorriso angelical que ela exibia, algo que só se via em crianças pequenas e ingênuas, alheias ao mundo estranho em que vivem.- "Ora, não sou nem jovem, nem velha, sou experiente e enérgica! Mas querida, nunca lhe ensinaram a falar com as pessoas, quando elas se dirigem a você?" - Mais uma vez a mulher sorrira, dessa vez mostrando os dentes brancos e alinhados, alem de covinhas em suas bochechas fartas. Logo em seguida, estendeu a mão para a pequena jovem, que mesmo mais alta, tinha a expressão de uma criança assustada. - Se você me seguir, a levarei à um lugar lindo, onde as pessoas são tão frágeis quanto você, e também tão gentis, que lhe acolheram como se fosse um parente perdido a muito tempo.. E nunca sentirá essa dor novamente, pois elas irão cuidar de você com um amor que só se vê em uma familia, que é exatamente o que se tornarão pra você.
A menina olhou intensamente para a senhora, se é que realmente fosse assim tao velha, e pela primeira vez, sua voz foi ouvida.
- "Qual é o preço disto?" - Ela dissera em um tom de voz alto, como se exigisse tal resposta. Já a mulher não se incomodou, continuou a sorrir, e passou levemente os dedos frágeis e trêmulos pelo rosto da jovem, limpando suas lagrimas.
- Você não lembrara deste lugar, nem do que já viveu aqui, você nascera de novo, mas do mesmo jeito que está aqui, com as mesmas características, com o mesmo conhecimento, mas não haverá lembranças, sua mente estará em branco, e só então você viverá lá.
A menina demorou-se a pensar, querendo ponderar a oferta, mas por fim assentiu, proclamando em voz alta.- Pois então, sabia mulher, me leve a este mundo, lugar, ou cidadela, onde dores são esquecidas e lembranças de uma outra vida perdidas, e eu lhe prometo que viverei como se não houvesse pendências com este mundo, nem sofrimento em meu frágil coração...
A mulher aumentou seu sorriso, e abriu seus braços como se fosse uma recepção.
- Bem vinda então, pequena boneca delicada, a cidade das porcelanas!